História da criação do Hospital Dona Balbina está ligada a médico pioneiro no município e família de fazendeiros

História da criação do Hospital Dona Balbina está ligada a médico pioneiro no município e família de fazendeiros

A história do Hospital Dona Balbina teve seu início com a vinda do Dr. Carlindo Valeriani, o primeiro médico a residir em Porto Ferreira, nos meados de março de 1897, isto é, quando o município contava com apenas um ano de emancipação político-administrativa.

Após alguns anos clinicando na cidade, Dr. Carlindo tornou-se amigo do coronel Procópio de Araújo Carvalho, um próspero cafeicultor, proprietário da Fazenda Santa Mariana, a quem Dr. Carlindo pleiteou a construção de um hospital para a cidade que nascia.

Em atenção àquela já verdadeira amizade, e vendo a real necessidade existente, o coronel Procópio e sua esposa, dona Olímpia Meirelles de Carvalho, resolveram então pela construção do hospital.

Dada a grande influência do coronel Procópio, que era também senador, conseguiu-se junto ao bispo de Campinas, dom Francisco de Campos Barretto, a doação de um terreno que era patrimônio da Igreja local, atual Santuário de São Sebastião. Com a doação do terreno e propósito da construção, Dr. Carlindo deu início ao movimento de edificação do hospital.

Quando na fase inicial da construção, foi realizada, em 24 de janeiro de 1924, uma assembleia, onde foi fundada a Irmandade de Misericórdia de Porto Ferreira, assim como a aprovação de seu estatuto, cuja missão seria de manter e dirigir o hospital.

Procedida a eleição para a Administração da Irmandade, por sugestão do Dr. Carlindo todos os presentes foram considerados "Irmãos Fundadores" e a nova entidade passou a se denominar "Hospital Dona Balbina", uma homenagem a Mariana Balbina Meirelles, mãe do grande benfeitor do hospital, o coronel Procópio de Araújo Carvalho.

Os membros da Irmandade reunidos em 01 de fevereiro de 1924 elegeram a primeira Mesa Administrativa, assim composta:

Dr. Carlindo Valeriani – Provedor e Diretor Clínico

Ignácio de Almeida – Secretário

Lázaro Justiniano dos Santos – Tesoureiro

Idalécio Rezende – Procurador da Mesa Administrativa

Demais membros: Mordomos

Em 31 de março de 1924, em sessão solene presidida pelo bispo dom Francisco, o coronel Procópio e sua esposa, dona Olímpia, oficializaram a promessa, assinando a escritura de doação do terreno e do prédio do hospital à Irmandade de Misericórdia de Porto Ferreira, considerando-se inaugurado o Hospital Dona Balbina.

O Dr. Carlindo foi provedor desde a inauguração até novembro de 1938 (14 anos). Em seguida, o cargo passou a ser ocupado por seu filho, o também médico Dr. Plínio de Góes Valeriani, que foi o provedor por maior tempo na história, até fevereiro de 1980 (41 anos).

Na sequência, foram provedores: Júlio Cheffer (1980-1981), Arcyr Giaretta Barcellos (1981-1985), Nivaldo Antonini (1985-1987), José Guilherme G. Dickfeldt (1987 a 1989), Manoel Inácio Pinto (1989 a 1991), Benedito Inácio Américo da Silva (1991 a 1992), Clayton Ernandes Arantes (1992 a 1993), Rubens Burim Filho (1993-1995, 1997 a 2005 e 2022-presente), Antonio Fernando Gentil (1995 a 1997), Wilder Bertonha (2005 a 2009), Paulo Alfredo Fadel (2009 a 2011), Paulo Sérgio Fávaro (2011-2019 e 2022 – período de intervenção) e Gilson Fantinato (2019-2022).



HDB, agora centenário, teve episódios

polêmicos nos últimos dois anos

O Hospital Dona Balbina completou 100 anos no último dia 24 de janeiro, passagem esta marcada pela realização de uma missa em sua capela. Apesar do clima festivo, nos últimos dois anos a instituição enfrentou algumas polêmicas, inclusive com a troca de provedor em 2022.

Na ocasião, no dia 8 de junho de 2022, o prefeito Rômulo Rippa publicou um decreto que dispunha sobre a intervenção junto à Irmandade de Misericórdia de Porto Ferreira, mantenedora do Hospital. O documento trazia uma série de considerações que embasaram a medida intervencionista, sendo o motivo principal a interrupção nos atendimentos pela Maternidade e setor de Pediatria da unidade, fato que teve repercussão na mídia regional.

O Jornal do Porto acompanhou toda a polêmica que culminou na saída do então provedor Gilson Fantinato, inclusive com relatos exclusivos de médicos pediatras que criticavam a condução do setor de Pediatria e Maternidade.

O decreto também trouxe a nomeação do optometrista Paulo Sérgio Fávaro como interventor, pelo período de 90 dias. Após esse período, Rubens Burim Filho, que já havia sido provedor em outra oportunidade – assim como Paulo Fávaro – foi novamente nomeado para o cargo, no qual permanece até hoje.

Médica denunciada – Recentemente, outro caso polêmico veio à tona. Uma moção de desagravo foi oficialmente protocolada em 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, no Hospital Dona Balbina em resposta à grave denúncia de escravidão doméstica envolvendo uma médica que atuava no quadro de atendimento.

O Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial (Compir), junto ao prefeito Rômulo Rippa e ao presidente da câmara Sérgio de Oliveira, assinaram o documento exigindo ações imediatas para preservar a integridade da instituição. A moção, fundamentada em acusações de que a médica manteve uma senhora em condições análogas à escravidão por 27 anos, destacava a inadmissibilidade de tal conduta em uma instituição filantrópica.

Dois dias depois, em 22 de novembro, a Irmandade se reuniu e o resultado foi o desligamento da médica.