Em 2019, Brasil tinha quase 40 milhões de pessoas sem acesso à internet, diz IBGE
Número representa 21,7% da população com idade acima de 10 anos. Dados são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C). O celular é o aparelho número um para acessar a internet no Brasil. Em 2019, o aparelho era usado por 98,6% dos internautas.Altieres Rohr/G1O Brasil tinha 39,8 milhões pessoas sem conexão com a internet no final de 2019. O número representa 21,7% da população com idade acima de 10 anos.Os números são da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad C), com levantamento feito no 4º trimestre de 2019, divulgada nesta quarta-feira (14) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Um ano antes, o número de brasileiros que não tinham acesso à rede mundial de computadores era de 45,9 milhões, o que correspondia a 25,3% da população com 10 anos ou mais.Em um ano, o número de internautas no Brasil aumentou em 6,1 milhões de pessoas. Havia no país, ao final de 2019, 143,5 milhões pessoas conectadas à internet (78,3%).Os dados do suplemento de Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC) da Pnad dão um panorama sobre quantas pessoas estão conectadas à internet e aparelhos mais usados para acessar a rede.Veja abaixo os principais dados da pesquisa.Uso da internet no Brasil em 2019Anderson Cattai/G1Acesso à internetO número de pessoas que se conectam à internet no Brasil vem crescendo, segundo o IBGE. Em 2019, 78,3% das pessoas de 10 anos ou mais (143,5 milhões) se conectaram à rede. Em 2016, esse número era de 64,7% da população, enquanto em 2017 era de 69,8% e em 2018 era de 74,7%.Dentre os que não acessavam a internet, a maioria alegou não saber utilizá-la (43,8%) ou não ter interesse (31,6%). Essas pessoas também disseram que a internet era cara (11,9%), assim como os equipamentos (6,1%).As regiões mais conectadas são:Centro-oeste: 84,6%Sudeste: 83,8%Sul: 81,8%Norte: 69,2%Nordeste: 68,6%Em 2019, a proporção de mulheres conectadas foi maior que a de homens: 78,3% delas tinham acesso, enquanto, o índice para eles era de 77,1%.A faixa etária que mais se conecta tem entre 20 e 24 anos: 92,7% dessa faixa acessou a internet. Os brasileiros com 60 anos ou mais apresentaram o menor índice, de 45% – um salto a partir dos 38,7% em 2018.Diferença de rendaO rendimento real médio per capita nos domicílios em que havia utilização da internet era de R$ 1.527, quase o dobro do rendimento dos que não utilizavam a rede, que foi de R$ 728. “A grande diferença entre esses dois rendimentos foi observada em todas as grandes regiões”, afirmou o IBGE.Celular como principal dispositivoO celular é o aparelho número um para acessar a internet no Brasil. Em 2019, o aparelho era usado por 98,6% dos internautas. Veja a comparação com outros dispositivos:celular: 98,6%;computador: 46,2%;televisão: 31,9%;tablet: 10,9%.O total de domicílios que tinha um computador diminuiu. Eram 41,7% em 2018, e 40,6% em 2019. Em 2019, 148,4 milhões de pessoas com 10 anos ou mais tinham um celular para uso pessoal (81,0% da população desta faixa etária). O percentual é um pouco maior do que o estimado em 2018 (79,3%).No entanto, o número é muito diferente entre pessoas que vivem em áreas urbanas e em áreas rurais: 84,4% contra 59,3%, respectivamente.Entre as pessoas que não tinham um celular, 27,7% alegaram que o aparelho era caro; 22,6%, falta de interesse em ter um; 21,9% que não sabiam usar; e 16,4% que costumavam usar o aparelho de outra pessoa.Troca de mensagens é o uso favoritoA maioria das pessoas apontou que trocar mensagens é a principal finalidade para o uso da internet. A comunicação por ligações de voz ou vídeo ficou em segundo lugar:enviar ou receber mensagens de texto, voz ou imagem por aplicativos: 95,7%;conversar por chamada de voz ou vídeo: 91,2%;assistir vídeos, filmes e séries: 88,4%;enviar ou receber e-mails: 61,5%.Conexão em casaO uso de internet discada no Brasil é quase inexistente, segundo o IBGE. Somente 0,2% das pessoas se conectam à rede dessa forma.A maioria dos lares usa banda larga fixa e banda larga móvel (3G e 4G). De 2018 para 2019, nos domicílios em que havia utilização da internet, o percentual de domicílios em que havia tanto a conexão por banda larga fixa quanto a móvel subiu de 56,3% para 59,2%.Os domicílios que utilizaram somente a conexão por banda larga móvel passou de 23,3% para 21,4% de um ano para o outro. Naqueles em que havia somente o uso de conexão por banda larga fixa, a variação foi de 19,0% para 18,1%.No total, 77,9% dos domicílios possuíam banda larga fixa e 81,2% banda larga móvel. Veja os números por região:Norte: fixa 55% / móvel 88,6%;Nordeste: fixa 80,4% / móvel 63,8%;Centro-oeste: fixa 77,3% / móvel 87,1%;Sudeste: fixa 79% / móvel 87,5%;Sul: fixa 81% / móvel 82,4%.EstudantesOs estudantes usam mais a internet: 88,1% deles se conectaram à internet em 2019. O número entre não estudantes que acessaram a rede foi de 75,8%.Apesar disso, o acesso se torna diferente de acordo com a rede de ensino:98,4% dos estudantes da rede privada utilizaram a internet;83,7% dos estudantes da rede pública se conectaram à rede.Essas diferenças se acentuam de acordo com a região do país. Considerados apenas os estudantes da rede privada, o percentual de uso da internet ficou acima de 95,0% em todas as grandes regiões. Veja abaixo os números para a rede pública:Norte: 68,4%;Nordeste: 77%;Centro-oeste: 88,6%;Sul: 90,5%;Sudeste: 91,3%.Entre os estudantes que não tinham um celular, 91% deles eram da rede pública de ensino. O principal motivo apontado pela ausência do aparelho foi o custo (41,2%), seguido pela alegação de que costumavam utilizar o telefone móvel celular de outra pessoa (28,7%).SAIBA MAIS: Quase 40% dos alunos de escolas públicas não têm computador ou tablet em casa, aponta estudoAcesso à internet foi o grande desafio na aprendizagem dos alunos de escolas públicas em 2020Na rede privada, os motivos eram inversos: o uso de aparelho de outra pessoa teve peso maior (40,3%) do que a questão do aparelho ser caro (20,0%).