Cometa investigado pela sonda Rosetta mudou de cor ao se aproximar do Sol

Cometa investigado pela sonda Rosetta mudou de cor ao se aproximar do Sol

O cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko, mais conhecido por ter sido o primeiro a receber uma sonda pousando em sua superfĂ­cie, mudou de cor gradualmente enquanto se movia no espaço nos Ășltimos meses da missão Rosetta. As mudanças, descritas em um artigo na Ășltima semana, ocorreram entre janeiro de 2015 e agosto de 2016.

Rosetta foi uma sonda espacial construĂ­da e lançada pela AgĂȘncia Espacial Europeia (ESA) para estudar o cometa 67P, que viaja entre as órbitas da Terra e de JĂșpiter. Em agosto de 2014, ela se tornou a primeira sonda espacial na história a acompanhar a órbita de um cometa e, em 12 de novembro do mesmo ano, o módulo robótico Philae se separou da nave, pousando no 67P e, assim, tornando-se o primeiro objeto artificial a tocar a superfĂ­cie de um cometa.

A partir de então, os estudos foram conduzidos até agosto de 2015, momento em que o 67P chegaria o mais perto possĂ­vel do Sol, o que derreteria boa parte de sua estrutura congelada. Em 30 de setembro de 2016 a missão foi finalizada com uma colisão da sonda na região do cometa conhecida como Ma'at.

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Módulo Philae, no centro da imagem, mergulha na superfĂ­cie do cometa para seu pouso histórico (Foto: ESA/Rosetta/NAVCAM)

Foi nesse perĂ­odo entre 2015 e meados de 2016 que o objeto espacial apresentou mudanças de cor. Essa alteração aconteceu por causa do ciclo da ĂĄgua presente no cometa. É que, quando o corpo celeste se aproximou do Sol e cruzou o limite da "linha do gelo" (a distância orbital no Sistema Solar onde a mudança de temperatura é brusca), a ĂĄgua congelada na superfĂ­cie começou a entrar no processo de sublimação - ou seja, transformou-se em vapor sem antes passar pelo estado lĂ­quido.

Quando isso aconteceu, uma camada externa de gelo sujo na superfĂ­cie do cometa, cheia de poeira avermelhada, foi removida, expondo uma camada de gelo mais limpo e azul que estava logo abaixo. Isso fez com que a coloração do cometa parecesse bem diferente. No entanto, a região nebulosa ao redor do nĂșcleo, conhecida como "coma", ficou mais vermelha. Isso se deve aos grãos feitos de material orgânico e ao carbono amorfo presentes no coma.

Ou seja, todos os grãos microscópicos de poeira rica em carbono que derreteram na superfĂ­cie do cometa pararam de avermelhar a superfĂ­cie e começaram a avermelhar o coma. Quando o67P se afastou do Sol, seu nĂșcleo sólido ficou novamente avermelhado, pois essa poeira se assentou novamente.

Diagrama ilustra as "fases" coloridas do cometa de acordo com sua aproximação do Sol (Imagem: ESA)

Essas mudanças de cor não seriam visĂ­veis da Terra, de acordo com os pesquisadores, pois os telescópios terrestres não conseguem distinguir com precisão o nĂșcleo e o coma de um cometa distante. Felizmente, graças à observação da sonda Rosetta, foi possĂ­vel uma anĂĄlise mais profunda das diferentes "estações" coloridas deste objeto espacial.

Embora a missão Rosetta tenha terminado, os pesquisadores afirmam que ainda hĂĄ muitos dados a serem analisados, ??e mais descobertas desse tipo provavelmente serão reveladas a qualquer momento.

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