Coronavírus: Médico Dr. Pedro Melo defende criação de protocolo em pacientes na fase inicial

Artigo publicado no JORNAL DO PORTO dia 26-6-2020

Coronavírus: Médico Dr. Pedro Melo defende criação de protocolo em pacientes na fase inicial


O médico ferreirense Dr. Pedro Melo, profissional de Saúde há mais de 30 anos em Porto Ferreira e região e com 40 anos de formação médica, mostrou-se extremamente preocupado com as condutas ambulatoriais que foram tomadas desde o início da pandemia da covid-19.

Com uma visão baseada em sua experiência dentro de unidades de saúde e pronto-atendimento, e com larga notoriedade no tratamento de pacientes crônicos, Dr. Pedro propõe a criação de um protocolo ambulatorial da covid-19 na primeira fase da doença, ou seja, após a confirmação por exames.

Esse protocolo deveria ser realizado com dois passos importantes. O primeiro seria o acompanhamento médico e de vigilância sanitária dos pacientes positivos e daqueles que tiveram contato com a pessoa infectada a, fim de isolamento social compulsório.

O segundo passo é assistência médica aos pacientes independentemente da idade e das comorbidades (doenças crônicas) em 6 dias consecutivos, sendo 24h/48h/72 horas, com a finalidade de serem analisados possíveis sinais de agravamento da doença antes mesmo do paciente apresentar desconforto respiratório com consequente internação hospitalar.

"O que estou observando no cenário nacional e internacional no momento é que os pacientes da primeira fase da doença devem ser orientados por médicos e que deve ser adotado uma prescrição específica para cada caso, baseado em experiências médicas nacionais nos quatro cantos do nosso País", afirmou o médico. "Em pandemia de uma doença nova não há tempo da comprovação científica de um tratamento eficaz, ficando os médicos restritos aos sintomas de cada paciente".

Questionado o motivo de um protocolo de sucesso não estar sendo aplicado de forma efetiva, Dr. Pedro Melo salientou que os médicos não podem e não devem deixar de observar os sinais e os sintomas clínicos de agravamento em pacientes logo na primeira fase da doença. Nesse estágio, a pessoa apresenta febre constante, dor de cabeça, dores pelo corpo, coriza, perda do paladar e do olfato, diarreia e conjuntivite.

"Não podemos ficar de braços cruzados enquanto os pacientes estão sendo mandados para casa para isolamento social, sem o devido acompanhamento médico, porque na primeira quinzena pode haver agravamento dos sintomas, o que vai levar, invariavelmente, à internação", disse ele.

De acordo com o Dr. Pedro, a internação deve ser evitada para não sobrecarregar o número de leitos. Vale destacar que as santas casas e hospitais não atendem somente os pacientes com a covid-19. Os leitos são usados em decorrência de urgências, emergências e internações rotineiras.

O médico ressaltou que, na conduta médica ambulatorial que merece ser aplicada a pacientes logo na primeira fase da doença, as decisões sobre a administração dos medicamentos disponíveis no País serão decididas por ambas as partes. Por isso, a relação médico-paciente tem papel fundamental na aceitação da prescrição e na condução e acompanhamento do tratamento nessa fase, ou seja, a humanização é prioridade.

O médico lembrou que é dever do Poder Executivo, em níveis nacional, estadual e municipal, garantir o acesso e suprir a demanda pelos medicamentos prescritos, independentemente de classe social, para que possam ser usados de modo imediato na primeira fase da doença.

"O acesso à medicação, a confiança do paciente e de seus familiares na prescrição médica individualizada e permitida são muito importantes para o sucesso do tratamento na primeira fase da doença", disse o Dr. Pedro Melo.

Por fim, a falta deste protocolo ambulatorial será a diferença entre a vida e a morte para muitos brasileiros. "Ao apenas enviar para casa um paciente diagnosticado com o coronavírus, sem que ele seja acompanhado por um profissional médico, o Estado se mostra negligente, omisso e desumano, pois na prática esses pacientes, principalmente os menos favorecidos, são lançados à própria sorte", concluiu ele.