Eleição para o Conselho Tutelar em Porto Ferreira tem mudança de perfil e levanta questões

As eleições para o Conselho Tutelar em todo o Brasil e em Porto Ferreira aconteceram no domingo (1º), cuja data comemora-se o Dia Nacional do Idoso

Eleição para o Conselho Tutelar em Porto Ferreira tem mudança de perfil e levanta questões

De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), são atribuições do Conselho Tutelar atender a crianças e adolescentes com direitos violados ou ameaçados. Os profissionais que trabalham nessas instituições também têm como obrigação orientar e buscar formas de garantir que as crianças tenham o acompanhamento necessário, a frequência obrigatória nas escolas e a inclusão em programas de proteção.

As eleições para o Conselho Tutelar em todo o Brasil e em Porto Ferreira aconteceram no domingo (1º), cuja data comemora-se o Dia Nacional do Idoso. Por coincidência, conforme apurou a reportagem do Jornal do Porto, a pessoa idosa foi muito participativa na eleição para eleger os cincos novos conselheiros do município.

De acordo com uma profissional que atua na área, esse público idoso não costuma ser comum em tempos de eleições do CT, uma vez que normalmente não têm filhos crianças e adolescentes e cujo voto é facultativo em todas as eleições.

Por que a mudança de perfil? Conforme noticiou o portal g1, na última eleição realizada no Brasil, a porcentagem de eleitores brasileiros com 60 anos ou mais foi a maior já registrada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em 1994, primeira eleição presidencial com dados de faixa etária contabilizados pelo tribunal, os idosos representavam 11,6% dos cidadãos aptos a votar. Agora, são 21%.

Contudo, o que analistas trouxeram esta semana é que em todo o Brasil – e aparentemente em Porto Ferreira também – houve uma mobilização de setores ligados à política. Mais especificamente, à direita ou extrema-direita, principalmente nos círculos das igrejas evangélicas e partidos políticos que são ligados a elas.

Aqui em Porto Ferreira, segundo a mesma fonte, houve suspeitas de situações irregulares durante o processo da eleição. Conforme relatou, foi possível perceber a movimentação de candidatos conduzindo eleitores até o ponto de votação, ocorrendo diversas vezes. Mas isto não teria sido flagrado ou registrado no momento por aqueles que estavam fiscalizando o pleito.

As candidatas eleitas foram, pela ordem, Tânia Cortese, Fabiana Valério Primo, Geisa Barbosa da Silva, Tide Crema e Beth Chaves.

Um vídeo que circulou em grupos de WhatsApp em todo o país marcou as eleições para o Conselho Tutelar como uma disputa de partidos de direita e esquerda, o que despertou o eleitorado evangélico, que tem como característica o conservadorismo e a manutenção dos vínculos patriarcal e matriarcal. Independentemente da legitimidade do vídeo, eleitores evangélicos se mobilizaram para ir às urnas e a resposta foi dada.

Para o jornalista Josias de Souza, do portal UOL, essa politização das eleições para os Conselhos Tutelares é um "retrocesso". Ele teme a interferência do fanatismo religioso na assistência às crianças. "A escola precisa prestar uma assistência laica, acima de partidos, igrejas e confissões religiosas. O que ocorreu foi uma invasão desse território pela ultradireita religiosa. A esquerda olha para o que se passou como alguém que lamenta o fato depois do ocorrido. Isso não resolve. Precisava ter se mobilizado para participar dessa eleição. A ultradireita tratou disso como se fosse uma eleição político-partidária e avançou sobre um território que não comporta essa polarização", comentou.

(Colaborou Alex Magalhães)