IBGE divulga dados do Censo 2022 sobre população indígena: veja números de Porto Ferreira e região

Município ferreirense, cujos moradores já foram apelidados de "índios", apresentou menor quantidade em relação às cidades da microrregião

Desenho de índio na flâmula da Escola Normal e Ginásio Estadual

Desenho de índio na flâmula da Escola Normal e Ginásio Estadual

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) continua divulgando números sobre o Censo Demográfico 2022. Na última segunda-feira (7) o órgão publicou o levantamento sobre o número de indígenas em todo o país.

Num recorte de 42 municípios da região central pesquisados, com população total de 1.693.535, o número de indígenas foi de 1.235 em 39 municípios, o que representa 0,07% do total da população.

Em Porto Ferreira, o IBGE registrou a presença de 21 indígenas numa população de 52.649 habitantes, ou apenas 0,039%, menor que a média regional.

Os povos indígenas passaram a ser mapeados pelo IBGE em 1991, com base na autodeclaração no quesito "cor ou raça". O Censo de 2022 teve mudanças em sua metodologia e passou a contar com a participação das lideranças das comunidades no processo de coleta de dados e a considerar outras localidades indígenas, além das terras oficialmente delimitadas.

Com isso, o número de indígenas contabilizados aumentou 88% em relação ao Censo de 2010: de 896.917 para 1.693.535 pessoas, o que corresponde a 0,83% da população total do país.

Entre as cidades da região central pesquisada que mais apresentaram indígenas em números absolutos estão São Carlos (351), Araraquara (146) e Rio Claro (132). Os números são-carlenses se justificam pelo fato de o município abrigar um campus de Universidade Federal (UFSCar), que recebe muitos estudantes indígenas devido à política de cotas.

Nas cidades da microrregião os números foram os seguintes: Descalvado (21), Pirassununga (57), Santa Cruz das Palmeiras (19), Santa Rita do Passa Quatro (15) e Tambaú (18).

Apelido histórico – Assim, proporcionalmente, Porto Ferreira é a cidade da microrregião que menos apresenta indígenas na população entre os cinco municípios. O curioso é que os ferreirenses, historicamente, eram apelidados de "índios" pelos habitantes das cidades vizinhas.

Segundo moradores mais antigos da cidade, esse apelido se deve ao fato de o município ter abrigado tribos indígenas antes da chegada do homem branco e, também, de forma pejorativa e que hoje podemos classificar como politicamente incorreta, devido a inferência de que os ferreirenses eram "selvagens".

Aliás, até o termo "índio" não é mais indicado para classificar os povos originários, mas sim "indígena".

Conforme alguns relatos históricos, Porto Ferreira (e todo o vale do rio Moji-Guaçu) abrigava a tribo dos paiaguás ou painguás, da grande família dos tupi-guarani. Urnas funerárias de barro e outros objetos indígenas foram encontrados quando de obras de infraestrutura no município e hoje encontram-se preservados no Museu Professor Flávio da Silva Oliveira.

O apelido de "índio" chegou a ser adotado com carinho pela população. Por exemplo, a figura de um indígena era o símbolo da Rádio Primavera, a primeira emissora instalada no município, em 1962.

Desenho de um índio era o símbolo da Rádio Primavera

Imagens de indígenas também eram bordadas em uniformes esportivos de equipes ferreirenses e numa flâmula que era colocada nos instrumentos da fanfarra da antiga Escola Normal e Ginásio Estadual (ENGE) da cidade.

Delegação ferreirense nos anos 1970 tinha a figura de um índio bordada no uniforme
Outra equipe esportiva com imagem de índio bordada no uniforme