Por incompatibilidade de cargos, vereador Ricardo Patroni opta por renunciar ao salário de vereador

Por incompatibilidade de cargos, vereador Ricardo Patroni opta por renunciar ao salário de vereador

Conforme informações da Câmara Municipal de Porto Ferreira e apuração da reportagem do Jornal do Porto, o vereador Ricardo Patroni (PSD), que assumiu seu primeiro mandato no último dia 31 de dezembro, optou por renunciar ao recebimento do salário (subsídio) mensal do Legislativo local, no valor de R$ 5,2 mil.

Patroni protocolou o pedido de não recebimento na terça-feira (4), para atender o que especifica a Constituição Federal e a lei 8.112/90. Servidor público federal há 12 anos, lotado na Universidade Federal do ABC, o vereador não poderia acumular os salários daquela instituição e o da Câmara, pois o exercício de ambos é incompatível.

Diz o inciso III, artigo 38, da CF: "III - investido no mandato de Vereador, havendo compatibilidade de horários, [o servidor] perceberá as vantagens de seu cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remuneração do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, será aplicada a norma do inciso anterior", que diz que é facultado ao servidor optar por uma das remunerações.

Assim, Patroni se licenciou do cargo federal e só poderia, portanto, receber um dos salários. Ele, assim, optou pela remuneração federal, renunciando ao subsídio da Câmara. Segundo dados do portal da transparência do Governo Federal, a remuneração básica bruta de Patroni em dezembro foi de R$ 4.484,28.

O próprio vereador fez o anúncio da renúncia do salário de vereador na terça-feira, em suas redes sociais. "Com grande satisfação, comunico que oficializei hoje (05/01) na Câmara Municipal de Porto Ferreira a Renúncia do meu salário como vereador do nosso município. [...] Optei em meu afastamento do Ministério da Educação (MEC), por não acumular 02 (duas) funções públicas, escolhendo apenas receber o salário como funcionário efetivo federal. Entendo que a minha função como vereador e agente promotor do desenvolvimento do município necessitam de atenção especial e não seria justo eu receber por duas funções públicas sem exercê-las em plenitude, com a dedicação e zelo necessários. Ao abrir mão de uma delas, acredito que eu possa contribuir ainda mais com as causas em que defendo e acredito", escreveu o vereador.

E continuou: "Com a renúncia, a economia do meu mandato totalizará um montante de mais de R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais), valor que pretendo reverter para projeto(s) voltado(s) à geração de oportunidades, emprego e renda para os menos favorecidos do município, em parceria com o Poder Executivo".

O anúncio gerou uma certa polêmica, uma vez que o vereador omitiu que a opção por uma ou outra remuneração era baseada em lei, dizendo apenas não considerar "justo" receber pelas duas funções. Para muitas pessoas, pareceu que ele estaria deixando de receber o salário de vereador por vontade própria, e não por ser obrigado a optar por uma ou outra.

A renúncia ao salário foi alvo de reportagem do site G1, do grupo Globo, na quarta-feira (6). O texto praticamente trouxe os argumentos que Patroni escreveu em suas redes sociais, sem citar também as questões legais que envolveram a renúncia.

Ontem (7) a Câmara Municipal soltou uma nota informativa, trazendo mais detalhes e esclarecendo alguns pontos, principalmente sobre a obrigatoriedade legal de se optar por uma remuneração ou outra diante da "incompatibilidade de exercer o cargo de vereador junto ao seu cargo federal".

O texto da Assessoria da Câmara lembra também que outros cinco vereadores são servidores públicos, mas do município. Assim, existe a compatibilidade para exercer o cargo local juntamente com as atividades de vereador. Ou seja, eles podem acumular os vencimentos como servidor e vereador.

A nota da Câmara ainda explica melhor um outro ponto citado por Patroni em suas redes, de que o valor que deixará de receber seria destinado a projetos geração de empregos. "Com a renúncia do vereador, o subsídio que ele receberia, cerca de R$ 5,2 mil mensal, será repassado mensalmente para a Prefeitura Municipal. O Legislativo não poderá destinar esse dinheiro a projetos ou entidades do município, sendo obrigatório o repasse para a Prefeitura. A única forma de vereadores destinarem recursos públicos é por meio das emendas parlamentares feitas no final do ano através da Lei Orçamentária Anual", diz a nota.

É a segunda vez que Ricardo Patroni se licencia de seu cargo como servidor federal. De janeiro de 2017 até 3 meses antes da eleição do ano passado ele exerceu o cargo de chefe da Divisão de Inovação e Desenvolvimento Econômico da Prefeitura de Porto Ferreira.