Titãs concluem edição de álbum acústico como se já fosse tarde demais para dizer adeus...

Titãs concluem edição de álbum acústico como se já fosse tarde demais para dizer adeus...
Grupo apresenta o terceiro e último EP da série 'Trio acústico' com a nostalgia da modernidade. Resenha de EP

Título: Titãs – Trio acústico EP 03

Artista: Titãs

Gravadora: BMG Music

Cotação: * * *

? Talvez já seja tarde demais para o grupo Titãs dizer adeus. Como trio, Branco Mello (voz, baixo e violão), Sergio Britto (voz, piano e baixo) e Tony Bellotto (violão ou guitarra acústica) continuam em cena, escorados na obra construída pela banda paulistana em anos férteis.

Promovido desde agosto com a reciclagem da canção Pra dizer adeus na voz de Belloto, parceiro de Nando Reis na composição lançada pelos Titãs no álbum Televisão (1985), o terceiro e último EP da série Titãs – Trio acústico foi lançado na sexta-feira, 25 de setembro, concluindo a edição do álbum que traz o registro de estúdio do show Trio acústico (2019).

São três EPs com oito faixas, cada um, totalizando 24 músicas enquadradas no formato acústico que os Titãs já experimentaram em 1997 com sucesso extraordinário e bisaram em 1998 ainda com fôlego.

O terceiro EP reafirma impressões já deixadas pelos dois discos anteriores, tendo o EP 01 sido lançado em abril e o EP 02 editado em julho.

No EP 03, músicas apresentadas originalmente em álbuns de aura punk – casos de Cabeça dinossauro (Arnaldo Antunes, Branco Mello e Paulo Miklos, 1986) e Comida (Arnaldo Antunes, Marcelo Fromer e Sergio Britto, 1997) – soam artificiais, assim com o discurso desbocado de 32 dentes (Branco Mello, Marcelo Fromer e Sergio Britto, 1989), feito originalmente no antológico álbum Õ blésq blom (1989), de cujo repertório o trio também pesca a canção Flores (Charles Gavin, Paulo Miklos, Sergio Britto e Tony Bellotto, 1989).

Por mais que as execuções das músicas sejam tecnicamente competentes, o trio Titãs já parece mero cover da banda que fez história no universo pop do Brasil nos anos 1980 e 1990.

Basta ouvir a balada Epitáfio (Sergio Britto, 2001) e a canção de autoajuda É preciso saber viver (Roberto Carlos e Erasmo Carlos, 1969) nessas versões acústicas. Tudo já teve mais viço, mais verdade, mais emoção real.

Nem a inclusão de canção recente – É você (Sergio Britto, 2018), extraída do roteiro da ópera-rock Doze flores amarelas (2018) – dilui a sensação de que os Titãs destilam como trio acústico a nostalgia da modernidade. Até porque talvez já seja tarde demais para dizer adeus...