The Killers tenta ir além do indie rock de arena no 1º álbum após saída do guitarrista

The Killers tenta ir além do indie rock de arena no 1º álbum após saída do guitarrista
'Imploding the Mirage', 6º disco da banda, troca ex-membro por convidados. Brandon Flowers mantém DNA do grupo, mesmo influenciado por Peter Gabriel, New Order e Vampire Weekend.

"Imploding the Mirage" é o primeiro álbum do Killers após a saída do guitarrista Dave Keuning. Foi ele quem começou a banda, botando um anúncio no jornal que encontrou o vocalista Brandon Flowers e palavras para os riffs que ele havia criado.

Do encontro dos dois, nasceu "Mr. Brightside". E outros hits. Da separação dos dois, nasce "Imploding the Mirage". A banda de Las Vegas segue com o indie rock de arena que a fez vender 28 milhões de álbuns e se tornar atração principal de festivais (incluindo dois Lollapaloozas no Brasil).

Flowers disse à revista americana "Rolling Stone" que se reinventou como compositor. "Em muitos momentos, eu me senti como se estivesse fazendo nosso primeiro álbum", resumiu. "Estávamos tentando fazer soar como se a banda não estivesse rompida."

Além da ausência de Keuning, o Killers lidou com trocas de produtores e de estúdios. Flowers e o baterista Ronnie Vannucci jogaram fora quase tudo o que tinham gravado com o velho conhecido Jacknife Lee (também ouvido com U2 e R.E.M.) em um estúdio em Park City, no estado americano de Utah, para onde Flowers se mudou com a família.

Capa do álbum 'Imploding the mirage', do Killers

Divulgação

Com só dois integrantes oficiais, tiveram que chamar convidados para botar o disco de pé. O baixista Mark Stoermer praticamente saiu do Killers: participa só de alguns shows, compõe duas das novas músicas e sequer gravou todos os baixos.

Shawn Everett e Jonathan Rado, da banda psicodélica americana Foxygen, produzem músicas com o DNA do Killers: arranjos meio oitentistas, crescendos e letras com personagens sobrevivendo em Las Vegas. Com ajuda dos dois produtores, a banda criou 10 músicas, segundo Flowers, influenciadas por Kate Bush, Peter Gabriel, Bruce Springsteen e New Order.

Mas o produtor que mais mexeu com a cabeça do vocalista foi Ariel Rechtshaid. Se ele não tivesse tocado trechos de "Father of the Bride", do Vampire Weekend, durante a primeira parte das gravações deste disco do Killers, provavelmente estaríamos ouvindo outro álbum. O cantor disse que ficou "inspirado e com inveja".

A parceria com Rechtshaid, com quem já havia trabalhado em sua carreira solo, dá origem a "Running Towards a Place". Ela é quase uma trilha de faroeste dançante. Poderia estar em "Sam's Town" (2006), álbum que também parece reverberar em "Dying Breed".

A fase pop brega delícia de "Day & Age", de 2008, é lembrada em "Fire and Bones", com a mão de Stuart Price. O produtor de Dua Lipa e Madonna mira no Talking Heads, mas acerta no Scissor Sisters.

Carta de amor aos fãs

O álbum anterior, "Wonderful Wonderful", era uma carta de amor à esposa de Flowers, com depressão. Este novo é uma carta de amor aos fãs. É menos melancólico e solene, mais esperançoso e dançante. Até para falar da vida após a morte, as imagens cantadas são relaxantes, como as de "When The Dreams Run Dry", com pássaros na praia de Acapulco.

Pouco acostumado a colaborações, o Killers abre a porteira dos feats. "Caution" tem a guitarra de Lindsey Buckingham, do Fleetwood Mac, e "Lightning Fields" ganha muito com a voz da canadense K.D. Lang.

A cantora californiana Natalie Mering, que usa o nome artístico Weyes Blood, é a convidada de "My God". Em outros momentos quem assume a guitarra é Adam Granduciel, do grupo de indie rock psicodélico The War on Drugs.

"My Own Soul"s Warning" abre o álbum resumindo o que está por vir. A favorita de Flowers é a que levou mais tempo para ser feita, segundo ele, com pelo menos 90 versões diferentes até chegar à final.

É totalmente "fan service". Quem ouvir e não sorrir provavelmente nunca deixou uma longneck ou um drinque caírem de tanto pular ao som "Mr. Brightside". Você é um humano ou um fã de Killers?

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