Instalações da Cerâmica Porto Ferreira começam a demonstrar sinais de abandono

Instalações da Cerâmica Porto Ferreira começam a demonstrar sinais de abandono

Com as atividades paralisadas desde meados de 2023, devido a uma forte crise econômica, as instalações da Cerâmica Porto Ferreira SA começam a demonstrar os sinais de deterioração.

Nos estacionamentos localizados próximos à entrada principal da empresa, tanto na avenida Engenheiro Nicolau de Vergueiro Forjaz quando na rua Dr. Djalma Forjaz, é visível o abandono com o crescimento do mato, as árvores sem poda, entre outros sinais, numa visão muito diferente do habitual.

Olhando pelo portão principal de entrada, o interior também mostra sinais de que não há atividade no local há um certo tempo. O mesmo pode ser dito de quem observa o grande parque de depósito nos fundos da cerâmica, em área que possui entrada pela rua Francisco Prado, na Vila Salgueiro.

Por meio do aplicativo Google Earth, a reportagem também notou que parte dos telhados em alguns pavilhões cederam, num comparativo de imagens de março deste ano com outras de anos anteriores.

As redes sociais da empresa ainda estão abertas no Facebook e Instagram. Porém, em ambas, as últimas postagens são de 11 de julho de 2023. Já o site da empresa (www.ceramicaportoferreira.com.br) está fora do ar.


Crise – Desde o final de 2018 a Cerâmica Porto Ferreira conseguiu a concessão do pedido de recuperação judicial. Porém, segundo informações de processos que correm na Justiça, após esse pedido a empresa enfrentou nova crise econômica nos anos subsequentes, mais especificamente entre 2020 e 2021, no período pandêmico.

A empresa teria dívidas que alcançam, somando valores vencidos e vincendos, R$ 70,7 milhões. E que teria distribuídas contra si dezenas de ações cíveis, sem prejuízo de outras dívidas ainda não exigidas judicialmente.

O primeiro pedido de falência foi pedido pela empresa New Trade Fundo Investimento em Direitos Creditórios Não Padronizados Multissetorial, no início de junho de 2023, com valor da ação em R$ 196,9 mil. Depois, em setembro do ano passado, o segundo pedido de falência foi feito pela empresa FS Tatuí Securitizadora SA e o valor da ação é de R$ 537,8 mil.

São mais de 400 funcionários que ficaram sem trabalho com a crise da empresa. Os dois processos de falência tiveram decretação de segredo de Justiça e não é mais possível acompanhar os andamentos.

O Sindicato dos Vidreiros e Ceramistas (Sindvico) atuou para buscar apoio da comunidade local para os trabalhadores. Este apoio, inicialmente, foi com arrecadação e montagem de cestas básicas. O Sindicato também atua como terceiro interessado em processos.

Falência e recuperação judicial são temas bastante conhecidos no universo jurídico. Ambas as ações se relacionam com dificuldades financeiras enfrentadas por empresas. Porém, são processos diferentes com objetivos diversos.

A falência é a ação jurídica que objetiva a liquidação total da empresa em dificuldades financeiras. Ela pode ser requerida pelo próprio empresário ou por um de seus credores. O processo de falência é regido pela Lei 11.101/05.

O principal objetivo da falência é garantir que todos os credores sejam pagos. Para isso, a empresa é liquidada, ou seja, seus bens são vendidos para que os valores sejam repassados aos credores.

O empresário, por sua vez, tem sua vida creditícia prejudicada e não pode voltar a atuar no mercado por um determinado tempo.

Já a recuperação judicial é uma ação jurídica que visa dar uma segunda chance à empresa. Ela é um processo criado para ajudar empresas que estejam passando por dificuldades financeiras a reestruturar sua dívida e retomar suas atividades com mais saúde financeira.

A recuperação judicial é uma alternativa para as empresas que não conseguem honrar seus compromissos e pagar suas dívidas em dia. Elas têm a chance de negociar os prazos e as condições de pagamento. Assim, é possível evitar a falência e manter a empresa em funcionamento.