Há 50 anos, a maior enchente já vista no rio Moji-Guaçu

Há 50 anos, a maior enchente já vista no rio Moji-Guaçu

.

Em fevereiro de 1970, todo o Estado de São Paulo e também parte de Minas Gerais foram atingidos por chuvas constantes e volumosas. Segundo relatos e pesquisas, as chuvas duraram 15 dias ininterruptamente e provocaram enchentes em diversos rios paulistas.

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo diz que 33 municípios paulistas decretaram calamidade pública e pouco mais de 12 mil pessoas ficaram desabrigadas no Estado.

O rio Moji-Guaçu também foi um dos atores deste episódio, que repousa na memória de gerações de ferreirenses como a maior cheia da história do "rio da cobra grande". Algumas fontes históricas divergem da altura que o Moji atingiu na ocasião, variando de 7,60m até 8,20m.

O prefeito do município à época, Joaquim Coelho Filho, movimentou o poder público para acudir cerca de 30 famílias atingidas. As águas causaram diversos problemas, como queda de energia, interrupção de tráfego ferroviário e rodoviário, além de prejuízo para a agricultura e indústrias, principalmente as olarias que tinham suas localizações próximas às várzeas.


Durante aqueles dias, era grande a movimentação de curiosos nas proximidades do rio para ver a enchente, principalmente nos finais de tarde. Tanto na antiga ponte metálica como na região da Vila Sybilla.

A água não chegou a passar por cima da ponte hoje centenária construída com materiais da Inglaterra. Porém, na via Anhanguera o leito da pista, que ainda não era duplicada, foi encoberto pelas águas.

A história registra várias outras cheias no Moji-Guaçu que ficaram famosas, como a de 1929 e a de 1995, em que o nível do rio superou os 6 metros de altura. A última grande enchente ocorreu em janeiro de 2016, quando a régua marcou 5,82 m.

Porém, nenhuma se compara à enchente de 1970.


O rio Moji-Guaçu, sua história e a grafia com "j"

O rio Moji é um curso de água que nasce na cidade de Bom Repouso, na serra da Mantiqueira, no Estado de Minas Gerais. O rio nasce a 1.650 metros de altitude no sul de Minas Gerais com o nome de Ribeirão do Corisco, e suas águas percorrem a região central e nordeste do Estado de São Paulo, até desaguar a 470 metros de altitude no rio Pardo, na divisa dos municípios de Pontal, Pitangueiras e Morro Agudo.

O nome vem do tupi antigo moî'ygûasu, que significa "grande rio que serpenteia", ou "rio da cobra grande".

A bacia hidrográfica do rio Moji-Guaçu compreende uma área de 14.463 quilômetros quadrados em 40 municípios, com uma população de um 1,5 milhão de pessoas, em dois estados (São Paulo e Minas Gerais). O rio atravessa zonas urbanas das cidades de Mogi Guaçu, Porto Ferreira, o distrito de Cachoeira de Emas (em Pirassununga), Taquari Ponte (em Leme) e zona rural de Santa Rita do Passa Quatro. Na sequência, passa pelo norte do município de Descalvado, posteriormente a nordeste e norte do município de São Carlos, prosseguindo em direção a Guatapará e Barrinha.

O rio Pardo é um afluente do rio Grande, que, ao se juntar com o rio Paranaíba, forma o rio Paraná. Na cidade de Mogi Guaçu, o rio tem 50 metros de largura e, em trechos na cidade de Pontal, pouco antes de se unir ao rio Pardo, chega a ter 350 metros de largura (de margem a margem). Quando o Moji e o Pardo se unem, em Bico do Pontal, ficam com duas cores diferentes devido à cor mais clara do Moji-Guaçu e à mais escura do rio Pardo, semelhante ao que acontece no encontro dos rios Solimões e Negro.

Uma polêmica que muitas vezes de instala é sobre a grafia do nome, se o correto é "Mogi" ou "Moji". E ainda se os nomes são separados por hífen ou não. Ou ainda se é uma palavra única.

Ainda é muito corrente a grafia arcaica, "Mogi", apesar de ter sido alterada já pelo Formulário Ortográfico de 1943, o qual recomenda o uso da letra J para palavras de origem indígena ou africana. Ao longo dos anos, a grafia M'Boijy foi alterada para Boigy, depois para Mogy, Mogi e, finalmente, para Moji.

Da mesma forma, o arcaico também grafava o nome "Guassu", com dois esses. Vide Pirassununga, que também estaria correta a grafia Piraçununga.

Alguns dicionários registram o nome como uma palavra só: Mojiguaçu. Para alguns linguistas, esta é a forma mais correta. Curiosamente, é a menos utilizada e a que causa mais estranhamento quando lida.

Aqui, no Jornal do Porto, adotamos "Moji-Guaçu".


Acompanhantes Goiania