Casa Inusitada chama atenção pela sua geografia em rua da Vila Sibylla

Marcelo mora de aluguel na "casa torta" e diz que o lugar chama atenção das pessoas que por ali passam, pela forma como ela ocupa o espaço, na rua José Marques Castelhano

Casa Inusitada chama atenção pela sua geografia em rua da Vila Sibylla

Todo morador de Porto Ferreira, provavelmente deve ter passado pela rua José Marques Castelhano, no bairro do Vila Sibylla e visto a casa de número 269, conhecida como a "casa torta". Ela chama atenção pela localização geográfica, ocupando parte da rua, despertando curiosidade nesse sentido. Maria Helena é filha da proprietária, Dolores Ferreira Gatto. Ela conta que a casa é fruto de herança dos seus avôs, a Dona Tereza e o seu Sebastião. A casa ficava no meio de uma fazenda, pertencente ao Annibal Monteiro Texeira de Carvalho, que em 1950 loteou parte das terras, surgindo então a Vila Sibylla, bairro que recebeu o nome da dedicada esposa do Annibal Monteiro. Neste loteamento, o Sebastião Davi que veio de São Paulo para se tornar um sitiante, comprou o lote em que ficava a casa da fazenda, onde puderam morar e quando surgiu o asfalto, a casa que Maria Helena conta ter mais de 100 anos de existência, tornou-se um lugar inusitado em meio as construções modernas em sua volta.

Geometria imperfeita, ângulo menos retos, estética inflexível, criada pelo homem que fazia do saibro, da alvenaria, do barro, os maiores componentes para abrigarem os seres do meio rural, que não investiam tanto em estética, mas acolhiam vidas para perpetuarem no tempo e ele mesmo é a testemunha ocular, que a "casa torta" na Vila Sibylla, tem desafiado a própria gravidade, enquanto se mantém de pé em meio a tanta obra pós moderna.

Marcelo mora de aluguel na "casa torta" e diz que o lugar chama atenção das pessoas que por ali passam, pela forma como ela ocupa o espaço, na rua José Marques Castelhano. Sendo a única em Porto Ferreira nesse formato, ele diz que a proximidade entre a casa e a rua, não incomoda. Comenta que o maior fluxo de veículos que trafegam por ela, normalmente acontece às 04:00h da madrugada, quando os ônibus com trabalhadores rurais começam a trafegar, mas ele e a família já acostumaram com esse movimento e não se incomodam com o barulho.

Segundo informações de um historiador de Porto Ferreira, a "casa torta", tem indicação para ser tombada como patrimônio histórico e cultural, mas que não existem condições para a façanha. Enquanto isso não acontece, ela continuará como uma construção de recordação lúdrica, que desafia o tempo e a história, alimentando as recordações dos moradores mais antigos da cidade e a curiosidade dos jovens que não sabe a verdadeira causa que levou a mantê-la ocupando parte da rua. Há mais de 100 anos ela se mantém lá. E que possa manter-se por muito mais tempo, atraindo a curiosidade de crianças, adolescentes, jovens adultos e tonando-se cada vez mais inesquecíveis aos idosos que conhecem sua verdadeira história. Uma história que pode se tornar imaterial se de fato conquistar o tombamento histórico e cultural em Porto Ferreira, pois continuar erguida durante um século, na forma como foi construída, é mesmo admirável. Mas é inesquecível principalmente para Dona Dolores Ferreira e seus filhos, que foram morar na "casa torta" em 1960. Maria Helena e seus irmãos cresceram ali, nos campos da Vila Sibylla, que ganharia a urbanização, mas seus proprietários não destruíram um legado para substituir pela modernidade e mesmo que hoje seja nostalgia para os antigos, é um verdadeiro patrimônio imaterial para a vida prós moderna.