7 cientistas brasileiras são premiadas em iniciativa que promove a igualdade de gêneros na ciência

Ferreirense Daniane Aparecida Zuanetti venceu na categoria de Matemática

7 cientistas brasileiras são premiadas em iniciativa que promove a igualdade de gêneros na ciência

Em meio à celebração do Dia Mundial da Ciência, ocorrido neste domingo (13), sete cientistas brasileiras foram escolhidas como ganhadoras da 17ª edição do programa Para Mulheres na Ciência, que incentiva a participação feminina e o equilíbrio dos gêneros no cenário científico brasileiro.

A premiação, uma iniciativa da L'oreal Brasil em parceria com a UNESCO e a Academia Brasileira de Ciência, contempla diferentes áreas de conhecimento e reconhece projetos de Física, Química, Matemática e Ciências da Vida liderados por mulheres. Este ano, os prêmios foram dados à Patrícia Takako Endo, Tathiane Maistro Malta, Gisely Cardoso de Melo, Grazielle Sales Teodoro, Giovana Anceski Bataglion, Fernanda Selingardi Matias e Daiane Aparecida Zuanetti, cada uma contemplada com uma bolsa-auxílio de R$ 50 mil para o prosseguimento de seus estudos. Abaixo, contamos sobre suas pesquisas e seus impactos no segmento em que atuam.

SAÚDE

Com o objetivo de dar auxílio a médicos e outros profissionais da saúde no atendimento às gestantes, Patrícia Takako Endo, da Universidade de Pernambuco, criou um projeto que utiliza técnicas de inteligência artificial para analisar dados de investigações de milhares de casos de morte fetal e, assim, criar modelos preditivos para diminuir as taxas de mortalidade.

Ainda na área da saúde, a pesquisadora da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da USP de Ribeirão Preto, Tathiane Malta, investiga um tipo específico de câncer: os gliomas, tumores que se desenvolvem nas células do sistema nervoso conhecidas como glia. Seu estudo avalia o DNA e RNA de células tumorais, que são comparadas umas às outras e também com células saudáveis. A avaliação é realizada individualmente para cada caso, podendo, assim, ser desenhado tratamentos específicos e eficazes ao paciente em questão.

A recorrência da malária na região amazônica é objeto de estudo da farmacêutica Gisely Cardoso de Melo, da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado. Duas hipóteses são estudadas: a primeira seria uma variação do gene CYP2D6 e, a segunda, seria a não adesão dos pacientes, que deixariam de tomar as medicações da maneira prescrita pelo médico. Tal recorrência causada pelo agente Plasmodium vivax, além de afetar o indivíduo, se torna uma questão de saúde pública, dificultando o controle e a eliminação da doença e aumentando os gastos com atendimento de saúde.

Finalizando as premiações na categoria de Ciência da Vida, a bióloga Grazielle Sales Teodoro, da Universidade Federal do Pará, também faz uma análise da Amazônia. Desta vez, no entanto, o foco são os efeitos das mudanças climáticas na região. O aumento do nível do mar leva a uma maior salinidade dos solos das áreas de manguezal e de florestas inundáveis, e sua pesquisa investiga o impacto disso nos ecossistemas amazônicos.

QUÍMICA

O prêmio na categoria de Ciências da Química homenageia o estudo de Giovana Anceski Bataglion, que observa o encontro entre as águas pretas do Rio Negro e águas barrenta do Rio Solimões, que correm um ao lado do outro sem se misturar – uma evidência das suas diferentes características e composições. Em sua pesquisa, Giovana examina a variedade de moléculas presentes em cada água, e como são afetados por diferentes fatores, como temperatura e concentração de dióxido de carbono no ambiente. Essa análise poderá levar a um melhor entendimento de como os rios da Amazônia serão afetados pelas mudanças climáticas ano após ano.

FÍSICA

Vencedora da categoria de Física, Fernanda Selingardi Matias, da Universidade Federal de Alagoas, observa atividade elétrica que ocorre no interior do cérebro para entender como pensamos e aprendemos, Sua análise também pode colaborar para o diagnóstico e tratamento de distúrbios do sono e outras questões neurológicas.

MATEMÁTICA

Por fim, a ferreirense Daniane Aparecida Zuanetti venceu na categoria de Matemática com um projeto que propõe métodos estatísticos eficazes e eficientes para descrever tendências e fazer previsões a partir de dados genéticos, como a análise de sequências de RNA de células únicas. Aplicados, esses métodos podem colaborar em pesquisas da saúde humana e animal, também da agricultura, facilitando, por exemplo, um melhoramento genético das plantas para cultivo. Por isso, a sua ideia é tornar pública essas novas metodologias computacionais, de forma que a comunidade científica possa acessá-la e aplicá-la.