Há mais de três décadas guiando excursões pelo Brasil, Bete Lamellas compartilha suas lembranças na semana que completa 80 anos de vida

Entre os destinos mais badalados nesses últimos 30 anos de viagens, estão além de Poços de Caldas, São Lourenço, Caldas Novas, Holambra e Aparecida do Norte, e o saudoso PlayCenter

Há mais de três décadas guiando excursões pelo Brasil, Bete Lamellas compartilha suas lembranças na semana que completa 80 anos de vida


Não importa para onde vamos, viajar é sempre a melhor experiência de aprender coisas novas, conhecer pessoas, lugares, saberes e sabores. Fernando Pessoa dizia que para viajar, basta existir. Não é também a existência a própria viagem? As belezas estão em toda a parte, basta saber contemplar: da janela do ônibus, do avião ou do quarto, há lá fora um mundo tão grande a ser explorado, quanto aquele que há aqui dentro, em nós mesmos.

Quando viajamos, fotografamos as belezas do desconhecido. Se a vida é, pois, uma viagem, quais são os registros que fazemos dela? Nossas memórias. Certamente nenhuma das mais sofisticadas e modernas câmeras e celulares seria capaz de capturar sentimentos e sentidos, como nossas lembranças são capazes de fazer.

Guia turístico há mais de três décadas, Bete Lamellas preserva viva as lembranças das dezenas e centenas de viagens que fez, mas principalmente daquilo que construiu ao longo do passeio da vida. Mãe de quatro filhos e viúva de Antônio Lamellas, Bete nasceu em Porto Ferreira no dia 7 de agosto de 1942 e descobriu tarde a paixão pelas excursões.

Muito antes de liderar grupos de dezenas de pessoas, grande parte de colegas da terceira idade carregadas de energia e disposição, Bete foi aluna da Dona Gladis Teixeira, vinha de jardineira do sítio Boa Vista para a cidade e foi coleguinha de turma de grandes nomes ferreirense, como Neguinho, Menin, Maria Olga Cheffer, Marisa Thomaz,entre outros.

Após a escola, começou a trabalhar logo cedo, aos 14 anos de idade, quando ingressou na antiga Fábrica de Louças, onde permaneceu até 1963. "Eu me lembro até hoje da data, entrei lá dia 1 de novembro de 1956".

No período, ela se recorda da competição que elegia a Rainha da Cerâmica, uma espécie de concurso de beleza patrocinado pela empresa. Em uma ano, ela foi a escolhida e teve como padrinho o próprio Mário Borelli Thomaz, que na época era um dos nomes importantes da administração da Fábrica.

Saindo da Cerâmica Porto Ferreira, Bete trabalhou na Nestlé e em seguida na venda do Silvio Mutinelli com o Gabriel Guiraldini, onde permaneceu até se casar em 16 de julho de 1967 com Antonio da Costa Lamellas.

No ano de 1989, iniciou ainda que timidamente suas primeiras viagens, que eram quase sempre de curta duração, "bate-volta'', mas não demorou muito para que seu talento em conduzir e entreter grupos alvoroçados de viajantes, a fizesse receber um convite para excursões maiores. E assim foi. Sua primeira grande excursão foi uma viagem de 25 dias de ônibus pelo nordeste brasileiro, percorrendo as principais capitais da região.

Entre os destinos mais badalados nesses últimos 30 anos de viagens, estão além de Poços de Caldas, São Lourenço, Caldas Novas, Holambra e Aparecida do Norte, o saudoso PlayCenter, que alegrou gerações de jovens ferreirenses.

Percorrendo dezenas de lugares, conhecendo paisagens e pessoas, Bete tem em Porto Ferreira seu Porto seguro, na presença da família e dos amigos que conquistou e deseja para cidade, cada vez mais progresso e avanços. "De todas as cidades que eu já andei, conheci, pra mim Porto Ferreira é a melhor".

O projeto Porto de Memórias foi idealizado pelo ferreirense e jornalista Felipe Lamellas e se propõe a contar histórias de vida de personalidades marcantes para a cidade, conhecidas ou não. O objetivo principal é resgatar e preservar a memória da comunidade local, contando histórias, causos e lembranças de membros da sociedade, que se confundem com a própria história da cidade.