Arsesp autoriza reajuste do preço do gás encanado e setor cerâmico em Porto Ferreira pode ficar pressionado

O gás encanado teve reajuste de até 25% desde a última sexta-feira (10), no Estado de São Paulo. O aumento foi autorizado pela Agência Reguladora de Serviços Públicos do Estado (Arsesp), que destacou que a alta é proveniente de um repasse da Petrobras que não tinha sido feito em agosto passado. O preço do gás natural veicular (GNV) também subiu.

Para os consumidores atendidos pela GasBrasiliano, nos municípios de Araraquara, São Carlos, Porto Ferreira, Araçatuba, Marília, Ribeirão Preto e Bauru, o reajuste varia de 9,2% a 24,8%. O reajuste pode pressionar o setor cerâmico ferreirense, uma vez que empresas utilizam esta matriz energética.

Em janeiro de 2019, por exemplo, o preço do gás encanado foi o motivo alegado para a Cerâmica Porto Ferreira S.A. demitir cerca de 80 funcionários.

O preço do m³ de gás que a Cerâmica Porto Ferreira pagava para sua fornecedora Gás Brasiliano era superior ao preço que seus concorrentes pagavam para as suas respectivas fornecedoras (quando estes são abastecidos por outras companhias de gás), principalmente para a SCGÁS e COMGÁS - região de Santa Gertrudes, onde, não por acaso, desenvolveu-se um importante polo ceramista, de onde provêm grande parte dos produtos concorrentes e que está localizada a apenas 90 km de distância de Porto Ferreira.

A CPF desembolsava por ano cerca de R$ 18 milhões apenas com o gás natural. Em decorrência do monopólio da concessionária Gás Brasiliano, a empresa ferreirense era impedida de contratar com outros agentes do setor, sem possibilidade concorrencial e mesmo que supostamente exista mercado livre, não há de fato oferta no mercado.

Em abril de 2020, a Planos Consultoria e Gestão Empresarial iniciou os trabalhos de retomada da Cerâmica Porto Ferreira, após a crise na empresa nos anos anteriores. Num curso espaço de tempo foram realizadas profundas mudanças e investidos milhões de reais. Este ano a CPF completou 90 anos de fundação.

O gás comercializado pela Gás Brasiliano é boliviano e geograficamente a rota de distribuição passa primeiro por esta região, para depois seguir para a região sul do país, onde o preço praticado é muito menor do que o praticado no Estado de São Paulo.