Facebook desabilita contas de acadêmicos que pesquisavam sobre desinformação na rede social

Facebook desabilita contas de acadêmicos que pesquisavam sobre desinformação na rede social
Plataforma afirmou que pesquisa 'não pode ser justificativa para comprometer privacidade'. Grupo que foi banido diz que plataforma está silenciando seu trabalho. Fachada do Facebook

Richard Drew/AP Photo

O Facebook baniu na última terça-feira (3) as contas pessoais de acadêmicos da Universidade de Nova York que pesquisavam sobre transparência e desinformação na rede social.

A plataforma justificou a decisão afirmando que o grupo desrespeitou as regras sobre raspagem de dados e comprometeu a privacidade de seus usuários. Os pesquisadores afirmam que estão sendo silenciados por exporem os problemas da empresa.

O Facebook também retirou o acesso dos acadêmicos às APIs, um conjunto de ferramentas que é usado para compartilhar dados da rede social com outros serviços, desabilitou acesso a determinados aplicativos e removeu páginas associadas à pesquisa.

Os pesquisadores fazem parte de um projeto chamado NYU Ad Observatory, que pede para que voluntários baixem uma extensão para navegadores web que coleta dados sobre quais anúncios políticos elas veem no Facebook.

Parte dessas informações são disponibilizadas publicamente pela rede social a partir de um recurso chamado "Biblioteca de Anúncios". Porém, dados que indicam o porquê de um usuário estar vendo aquela publicidade não é revelado nesta ferramenta – uma das informações coletadas pela pesquisa.

Laura Edelson, uma pesquisadora envolvida no projeto que teve sua conta pessoal banida pelo Facebook, disse que a empresa quer acabar com a investigação independente de sua plataforma.

"O Facebook está usando a privacidade do usuário, uma crença central que sempre colocamos em primeiro lugar em nosso trabalho, como um pretexto para fazer isso", afirmou em um comunicado enviado à Bloomberg.

A rede social já se envolveu em polêmicas relacionadas à coleta de informações feitas por terceiros em sua plataforma – o mais famoso foi o caso Cambridge Analytica, que usou um aplicativo para coletar informações privadas de 87 milhões de usuários sem seu conhecimento.

A Comissão Federal de Comércio (FTC) dos Estados Unidos multou o Facebook em US$ 5 bilhões pelo caso e exigiu novos controles de privacidade.

A empresa afirmou que é necessário restringir os pesquisadores da Universidade de Nova York por causa das diretrizes da FTC, algo que é contestado pelos acadêmicos.
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