Djalma Sabiá, compositor bamba, deixa patrimônio histórico para a escola de samba Salgueiro ao morrer aos 95 anos

Djalma Sabiá, compositor bamba, deixa patrimônio histórico para a escola de samba Salgueiro ao morrer aos 95 anos
Djalma Sabiá, fundador da escola Acadêmicos do Salgueiro, é o autor de seis sambas-enredos da agremiação

Cristina Boeckel / G1

? OBITUÁRIO – Pergunte a Martinho da Vila o que esse compositor fluminense, bamba do samba, acha do samba-enredo Chico Rei – com o qual a escola de samba Acadêmicos do Salgueiro se sagrou campeã do Carnaval do Rio de Janeiro em 1964 – e certamente ouvirá elogios entusiasmados à composição. Elogios coerentes com o fato de Martinho ter regravado o samba-enredo no álbum Voz e coração (2002).

Chico Rei é obra-prima criada pelos compositores Geraldo Babão (1926 – 1988) e Jarbas Soares de Carvalho, o Binha, em parceria com Djalma de Oliveira Costa (13 de maio de 1925 – 9 de novembro de 2020), o Djalma Sabiá, bamba carioca que morreu na segunda-feira, 9, aos 95 anos, de causa não revelada.

Único fundador vivo do Salgueiro, agremiação que confirmou a morte do artista em rede social com texto que exaltou os feitos do bamba, Djalma ganhou o apelido Sabiá – logo incorporado ao nome artístico – nos campos de futebol. Contudo, o compositor se consagrou craque foi mesmo na avenida e nas quadras do Salgueiro, escola da qual foi empossado presidente de honra em dezembro de 2018.

Morador do Morro do Salgueiro, situado no bairro carioca da Tijuca, Djalma foi compositor determinante nos primeiros anos da escola fundada em 3 de março de 1953.

De 1956 a 1959, o Salgueiro desfilou com sambas que tinham a assinatura de Djalma Sabiá. Brasil, fonte das artes (1956), Navio negreiro (1957), Homenagem aos fuzileiros navais (1958) e Debret – Viagem pitoresca através do Brasil (1959) ajudaram a pavimentar a história do Salgueiro, agremiação para a qual Djalma também compôs – sem parceiros – o samba-enredo Valongo, com o qual o Salgueiro desfilou no Carnaval de 1976.

Valongo foi a última contribuição de Djalma Sabiá para o Salgueiro como compositor. Contudo, o bamba jamais se afastou da escola do qual era considerado patrimônio histórico.

Na escola de cores vermelha e branca, Djalma Sabiá foi diretor de harmonia, diretor de patrimônio, membro de conselho fiscal e organizador de bateria, até virar presidente de honra há dois anos, tendo levado adiante o legado e o amor da mãe – Alzira de Oliveira da Costa, porta-bandeira da escola vizinha Unidos da Tijuca – pelo samba que moveu o voo de Djalma Sabiá ao longo dos 95 anos de vida.