Juliana Cortes gravita entre poesias, dissonâncias e deboches no arco experimental do álbum '3'

Juliana Cortes gravita entre poesias, dissonâncias e deboches no arco experimental do álbum '3'
Cantora curitibana agrega músicos e compositores do sul do Brasil no disco produzido por Ian Ramil. ? Anunciado por Juliana Cortes em março com a edição de Andorinhas, single que apresentou composição de João Ortácio cantada em três oitavas pela artista curitibana, o terceiro álbum da cantora, 3, já está disponível no formato de CD, distribuído no mercado fonográfico via Tratore, com capa que expõe obra da artista plástica Adriana Alegria.

Produzido por Ian Ramil, o disco foi gravado entre julho e setembro de 2019 com dois trios na formação instrumental básica. Um é composto pelos músicos Guilherme Ceron (baixo), Lorenzo Flach (guitarra) e Martin Estevez (bateria), residentes em Porto Alegre (RS). O outro trio é de Curitiba (PR), cidade natal de Juliana Cortes, tendo sido formado pelos músicos Du Gomide (banjo, violão, rabeca), Erica Silva (baixo) e Ian Giller (bateria).

Com esses trios e com a adesão de músicos convidados como o percussionista Airto Moreira, ouvido em Terra plana (Zelito e Ian Ramil), faixa de tom politizado, Juliana Cortes transita no álbum 3 por sonoridades experimentais, como a da faixa Prejuízo (Poty e Pedro Borghetti), ambientada em atmosfera dissonante povoada por harmonias suspensas. A música foi gravada somente com a voz de Juliana e a guitarra de Lorenzo Flach, músico fundamental na construção do universo musical do disco.

Capa do álbum '3', de Juliana Cortes

Arte de Adriana Alegria

Aberto por Cores do fogo, música composta por Pedro Luís e apresentada em julho como segundo single do álbum, 3 flagra Juliana Cortes entre experimentações sonoras, timbres camerísticos e interpretações teatrais, como as das músicas siameses Azul royal I e Azul royal II, de João Ortácio.

Parceria de Juliana Cortes com o produtor Ian Ramil, Macho-rey discute o conceito de masculinidade com certo (oportuno) deboche do império masculino.

Sucessor de Invento (2013) e Gris (2016) na discografia da artista, o álbum 3 é fruto de residência artística promovida por Juliana Cortes para intensificar o intercâmbio entre músicos e compositores de Curitiba (PR) e Porto Alegre (RS). Dessa residência, saíram para o disco músicas como Três, criada por Rodrigo Lemos e Zelito com a adesão da poeta Estrela Leminski.

É em torno desse arco experimental de poesias, guitarras, deboches e dissonâncias que Juliana Cortes gravita em 3, álbum coerente com o tom inquieto da discografia anterior da artista.