ABL divulga nota de repúdio a vídeos em que livros de Paulo Coelho são queimados

ABL divulga nota de repúdio a vídeos em que livros de Paulo Coelho são queimados
'Dar fogo aos livros traduz um símbolo de horror. Evoca um passado de trevas', diz a ABL. 'O Brasil precisa de livros, bibliotecas e leitores. A linguagem do ódio é redundante e perigosa', também diz a nota. Paulo Coelho

Reprodução/TV Globo

A Academia Brasileira de Letras (ABL) divulgou nesta quinta-feira (1) uma nota de repúdio após a divulgação de dois vídeos de pessoas queimando livros de Paulo Coelho, escritor que faz parte da instituição.

"Dar fogo aos livros traduz um símbolo de horror. Evoca um passado de trevas. Como esquecer a destruição das bibliotecas de Alexandria e Sarajevo, os crimes de Savonarola e as práticas do nacional-socialismo?", diz a nota (leia o texto completo abaixo).

Paulo Coelho já havia usado o Twitter para rebater comentários de um dos vídeos. Nas imagens, uma mulher aparece arrancando as páginas das obras do autor enquanto outra grava e questiona o que ela está fazendo. Ao fundo, um homem coloca fogo nas folhas arrancadas.

Paulo Coelho respondeu um internauta que compartilhou o vídeo e escreveu: "Desmonetizaram o Paulo Coelho".

"Não. Primeiro compraram, depois queimaram. E o bigodinho do cara não deixa esconder a origem da ideia...", rebateu o autor.

Leia a nota completa da ABL:

"A Academia Brasileira de Letras sempre lutou pela defesa e difusão do livro em nosso país.

Ampliou intensamente sua missão durante a pandemia, multiplicando esforços, ampliando protocolos e abrindo frentes de diálogo para amainar as dores do presente, levando o livro aos rincões mais distantes do Brasil. Optou, dentre outros, pelos povos indígenas e quilombolas, comunidades carentes e ribeirinhos da Amazônia, bibliotecas comunitárias, hospitais, centros de formação e lares de longa permanência.

Assim, pois, a Academia Brasileira de Letras não poderia não repudiar, com veemência, o gesto incivil da queima dos livros do Acadêmico Paulo Coelho, a quem prestamos solidariedade.

Dar fogo aos livros traduz um símbolo de horror. Evoca um passado de trevas. Como esquecer a destruição das bibliotecas de Alexandria e Sarajevo, os crimes de Savonarola e as práticas do nacional-socialismo?

O Brasil precisa de livros, bibliotecas e leitores. A linguagem do ódio é redundante e perigosa. Devemos promover, sem hesitação, os marcos civilizatórios e a cultura da tolerância."

GloboNews Literatura entrevista o escritor Paulo Coelho