Veja imagem do instante em que uma estrela parecida com o Sol "engole" outra

Veja imagem do instante em que uma estrela parecida com o Sol "engole" outra

Sistemas estelares binĂĄrios são comuns no universo, e estrelas similares ao Sol em termos de massa tĂȘm seu destino traçado desde o nascimento — quando o hidrogĂȘnio em seus nĂșcleos estiver esgotado, elas se expandirão a ponto de se tornarem gigantes vermelhas em seu processo de morte, para depois disso se tornarem anãs brancas. Então, considerando que hĂĄ muitas estrelas parecidas com o Sol por aĂ­, e boa parte delas tĂȘm estrelas companheiras em seus sistemas binĂĄrios, entende-se que, inevitavelmente, muitas delas se expandirão o suficiente para "engolir" suas parceiras.

E é exatamente isso o que acaba de ser observado por meio do ALMA (Atacama Large Millimeter Array), a maior rede de telescópios do mundo, que conta com 66 antenas capazes operar em conjunto como se fossem um Ășnico (e enorme) radiotelescópio. Contudo, a coisa não aconteceu exatamente como se esperava.

Astrônomos observaram o sistema estelar binĂĄrio HD101584 e, na imagem abaixo, vemos uma nuvem de gĂĄs peculiar. Os cientistas entenderam que essa nuvem seria resultado da "briga" entre os dois astros durante o processo de morte de uma delas. O estudo foi publicado na revista Astronomy & Astrophysics.

-
Podcast Porta 101: a equipe do Canaltech discute quinzenalmente assuntos relevantes, curiosos, e muitas vezes polĂȘmicos, relacionados ao mundo da tecnologia, internet e inovação. Não deixe de acompanhar.
-

Quando a estrela menor do sistema HD101584 foi engolida pela expansão da gigante vermelha, nuvens de gĂĄs foram despejadas com a perda de suas camadas externas, num processo prematuro de sua morte (Imagem: ALMA-ESO/NAOJ/NRAO)

Dados do ALMA mostraram que uma das estrelas do sistema HD101584 cresceu tanto que acabou "engolindo" a outra e, à medida que a estrela menor se movia, em espiral, em direção à gigante em expansão, essa estrela maior (a parecida com o Sol) acabou derramando suas camadas externas. O resultado foi a expansão das nuvens de gĂĄs que vemos na imagem.

Mas, de acordo com Hans Olofsson, astrônomo da Universidade de Tecnologia de Chalmers, na Suécia, que liderou a pesquisa, a evolução da gigante vermelha "foi encerrada prematuramente e dramaticamente quando a estrela companheira de baixa massa foi tragada pela gigante". É que, em vez de continuar sendo atraĂ­da em direção ao nĂșcleo da gigante, colidindo com ele, a estrela menor acabou desencadeando a explosão prematura da estrela maior, que, por sua vez, deixou as camadas de gĂĄs dispersas e seu nĂșcleo exposto. JĂĄ a estrela menor sobreviveu, e pode ser vista na imagem bem próxima do nĂșcleo de sua irmã "falecida" — tão perto que até parece que o HD101584 é composto por apenas uma estrela.

Esse processo acabou formando os anéis de gĂĄs azuis e vermelhos que vemos na imagem. As nuvens azuis revelam o material que se move rapidamente na direção do observador (nosso planeta), enquanto as nuvens vermelhas compõem o material que se afasta de nós. E esses materias estão se movendo muito mais rapidamente do que o esperado em um processo de morte estelar tradicional — indicando que algo de diferente realmente aconteceu ali.

Leia a matéria no Canaltech.

Trending no Canaltech: