O Impacto Social que pessoas em situação de rua causam, reflete nos dados em Porto Ferreira

A população de rua de Porto Ferreira é composta em sua grande maioria, por pessoas usuárias de álcool ou outras drogas e não propriamente devido a uma exclusão profissional.

O Impacto Social que pessoas em situação de rua causam, reflete nos dados em Porto Ferreira

Contrariando as informações realizadas por especialistas, que afirmam ser o surgimento da população em situação de rua um dos reflexos da exclusão social, que a cada dia atinge e prejudica uma quantidade maior de pessoas que não se enquadram no atual modelo econômico, o qual exige do trabalhador uma qualificação profissional, embora essa seja inacessível à maioria da população, Alexandre de Paula, afirma que a população de rua de Porto Ferreira é composta em sua grande maioria, por pessoas usuárias de álcool ou outras drogas e não propriamente devido a uma exclusão profissional. Alexandre é o coordenador da Casa de Passagem da cidade e segundo ele, foi realizado um levantamento pelos profissionais da Casa de Passagem para atualizar os dados sobre a população de rua do município e atualmente, 58 pessoas se encontram em situação de rua. Entre esses, 50 são munícipes de Porto Ferreira e 8 de outros municípios que fixaram moradia nas ruas da cidade. Alexandre disse ainda que não foram contabilizados os itinerantes, que passam no município e usam passagens para deslocarem a outros municípios.

Em informação apresentada pelo Cadastro Único local, existem 146 habitantes desta cidade que estão cadastrados no órgão em situação de rua, embora haja uma defasagem nesse número, porque alguns não se encontram mais em situação de rua, mas não fazem atualizações dos cadastros. Outros, mudam de cidade e só atualizam os cadastros quando são bloqueados. Sobre a situação da população de rua que se encontra em Porto Ferreira, a coordenadora do CREAS em Porto Ferreira, Rubiani Ranzani, informa que hoje no município 80% da população em situação de rua é munícipe, tem casa e família, mas opta por viver em situação de rua por causa de rompimento de vínculos familiares, ligados ao uso de substâncias psicoativa como álcool e drogas.

Os outros 20% no trânsito chamados "trecheiros", passam pelo município e seguem para outras regiões, ora usando o Benefício eventual de passagem intermunicipal ou usando o benefício de transferência de renda - Bolsa Família. De qualquer forma, o impacto social é profundo. Há relatos de residentes que pessoas em situação de rua têm feito invasões e apropriações indevidas de imóveis particulares e alguns munícipes enxergam com preocupação essa população que tende aumentar, embora os profissionais do meio social de Porto Ferreira afirmam que as pessoas em situação de rua na cidade, são em grande parte moradores deste município com residências fixas, conforme citado anteriormente.

Em seu levantamento de dados, Alexandre de Paula apresentou a situação de uma mulher trans que também vive em situação de rua. Ele pontua que a Casa de Passagem tem as portas abertas para recebê-la e ofertá-la os mesmos tratamentos que todos recebem e usufruem dos serviços que a Casa de Passagem oferece ao seu público alvo. André também está em situação de rua e nos atendeu no palco de shows da Estação da Fepasa. Estava enrolado em um cobertor para se proteger do frio rigoroso do inverno e relata que tem usado a Casa de Passagem para jantar e dormir, mas normalmente fica no local até às 06:00hs e saí logo após o desjejum matutino, para voltar as ruas. Disse que tem filhos e uma neta em Pirassununga, mas os vínculos estão rompidos devido a situação que se encontra atualmente. Ele diz sentir tristeza por causa da extrema situação de ruptura das relações familiares e afetivas, além de ruptura parcial com o mercado de trabalho. André confessa que já frequentou clínica de reabilitação para usuários de álcool e drogas, e mesmo assim tem tido recaídas e acaba voltando para as ruas. Contudo, ressalta ter fé e esperança de poder recuperar-se e voltar a vida normal, para reconstruí-la dignamente. André e a mulher trans citada pelo Alexandre, fazem parte da estática de pessoas, que a cada ano mais utilizam as ruas como moradia, fato desencadeado em decorrência de vários fatores: ausência de vínculos familiares, desemprego, violência, perda da autoestima, alcoolismo, uso de drogas, doença mental, entre outros fatores.