Maior colecionador de artes do Brasil, Gilberto Chateaubriand morre em sua fazenda em Porto Ferreira

Sua morte repercutiu em todos os grandes canais de comunicação do país, devido à sua importância para a cultura e as artes

Maior colecionador de artes do Brasil, Gilberto Chateaubriand morre em sua fazenda em Porto Ferreira

Morreu na tarde desta quinta-feira (14), na Fazenda Rio Corrente, em Porto Ferreira, Gilberto Francisco Renato Allard Chateaubriand Bandeira de Mello, o maior colecionador de artes do Brasil. Ele estava com 97 anos e, segundo informações da família, faleceu de "causas naturais". Sua morte repercutiu em todos os grandes canais de comunicação do país, devido à sua importância para a cultura e as artes.

Gilberto Chateaubriand passava cada vez mais tempo em sua fazenda ferreirense, que foi adquirida há 50 anos e que guardava parte de seu enorme acervo de obras, como pinturas, esculturas e fotografias, de mais de 500 artistas, com foco maior no Modernismo brasileiro e na arte contemporânea.

"Gilberto Chateaubriand, o maior colecionador de arte do Brasil, faleceu hoje em Porto Ferreira, cidade que escolheu como sua. Apoiador da cultura, autêntico e preocupado com o bem da sociedade, deixa um grande legado ao país! Meus sentimentos a seus familiares e amigos", escreveu o prefeito Rômulo Rippa em suas redes sociais.

Sua coleção reúne um panorama quase completo da produção artística nacional. Há preciosidades como o "Urutu" (1928), de Tarsila do Amaral (uma das quatro telas da artista), e telas como "O farol" e "A japonesa", de Anita Malfatti. Todos os grandes artistas dos anos 1960/70 estão lá, como Rubens Gerchman, Carlos Vergara, Antonio Dias, Artur Barrio, Antonio Manuel e Cildo Meireles, além de nomes da nova geração, a quem ele fazia questão de impulsionar a carreira.

Entre esses nomes novos estão também os irmãos gêmeos ferreirenses Cirillo e Letícia Tangerina Bruno, que tiveram apoio de Chateaubriand para expor suas obras no Museus de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro.

Em agosto de 2013 a Prefeitura de Porto Ferreira, na gestão Renata Braga, inaugurou o Espaço Cultural Gilberto Chateaubriand Bandeira de Mello, no Anfiteatro Isaltino Casemiro, que abriga a obra de arte "Pindorama Lounge", do artista carioca Bob N.

A obra de arte "Pindorama Lounge" é uma releitura de quatro obras do "modernismo brasileiro" pertencentes à coleção de Gilberto Chateaubriand: "O Vendedor de Frutas", de Tarsila do Amaral; "Moça com Violões", de Emiliano Di Cavalcanti; "Paisagem de Itapuã", de José Pancetti; e "O Farol de Monhegan", de Anita Malfatti.


Perfil – Gilberto era filho de Assis Chateaubriand, magnata da imprensa brasileira, dono dos Diários Associados e fundador do Museu de Arte de São Paulo (Masp). Ele começou a colecionar arte em 1953, quando um amigo o levou ao ateliê do pintor José Pancetti, em Salvador, que o presenteou com o oleo sobre tela "Paisagem de Itapua?" (1953).

Entre 1956 e 1959, Gilberto trabalhou como diplomata, para o Itamaraty, na Europa. De volta ao Brasil, passou a colecionar arte com afinco, seguindo conselhos dos galeristas Giovana Bonino e Jean Boghici, do pintor Carlos Scliar e do colecionador Aloysio de Paula.

Era membro do Museu de Arte Moderna de Nova York (MoMA), da Fundação Cartier para Arte Contemporânea (França), da comissão administrativa da Fundação Bienal de São Paulo, do Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC/USP), do conselho do Paço Imperial, do MAM-RJ e do Museu de Arte Moderna de São Paulo (MAM-SP).

A coleção Gilberto Chateaubriand, que desde 1993 encontra-se no MAM, possui cerca de 7 mil obras, sendo uma das mais completas coleções de arte brasileira moderna e contemporânea.