QAnon: Twitter elimina contas de grupo que propaga teoria de conspiração nos EUA

QAnon: Twitter elimina contas de grupo que propaga teoria de conspiração nos EUA
Mais de 7 mil contas de seguidores da teoria, que apoiam presidente Donald Trump, já foram retiradas do ar; links associados à teoria foram bloqueados. Seguidores das teorias QAnon acreditam que Donald Trump é vítima de perseguições

Getty Images via BBC

O Twitter anunciou medidas duras contra uma teoria de conspiração criada por apoiadores do presidente americano Donald Trump — conhecida como QAnon —, com milhares de contas sendo bloqueadas permanentemente.

A empresa de mídia social disse que vai parar de recomendar qualquer conteúdo ligado ao QAnon, bloqueando links associados a essa teoria na plataforma.

As suspensões serão aplicadas a contas que estão "engajadas em violar nossa política de contas múltiplas, coordenando abuso a vítimas individuais ou estão tentando driblar uma suspensão prévia — algo que vimos acontecer com maior frequência nas últimas semanas".

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Cerca de 150 mil contas serão afetadas pela medida. Mais de 7 mil contas já foram retiradas do ar nas últimas semanas, segundo o Twitter.

A QAnon é uma teoria de conspiração complicada, com diversas ramificações, e baseada em mensagens crípticas, que são interpretadas subjetivamente por cada pessoa. Além disso, a teoria evolui coletivamente, geralmente incorporando fatos novos que surgem no noticiário.

Ela surgiu em outubro de 2017 quando um usuário anônimo publicou uma série de mensagens na plataforma 4chan, um fórum online com pouca moderação que já gerou diversos movimentos online, inclusive o "alt-right", de extrema direita.

O usuário, identificado apenas como "Q", dizia ter acesso a informações de segurança máxima do governo americano.

O ponto central da teoria é que o presidente Donald Trump estaria coordenando uma investigação das elites globais, com planos de prender políticos de alto escalão e estrelas de Hollywood por corrupção e abuso de menores.

Muitas das mensagens de "Q" são abstratas e abertas a interpretações múltiplas. Essas mensagens ganharam muitos seguidores, que começaram a debater a teoria. A parte "Anon" do nome é uma referência ao fato de que a maioria dos usuários discutindo as teorias são anônimos.

Algumas celebridades americanas chegaram a promover a teoria, como a atriz Roseanne Barr e o ex-jogador de basquete e atual apresentador de podcast do site Breitbart, Curt Schilling.

Recentemente um homem bloqueou a ponte sobre a represa Hoover Dam, no Estado do Arizona, com um carro forte, exibindo uma faixa com uma mensagem ligada à QAnon. Ele foi preso e indiciado por terrorismo.

Em outro episódio recente, uma empresa que fabrica móveis foi acusada por pessoas que propagam as teorias nas comunidades QAnon de participar de uma rede de tráfico de crianças. A empresa negou as acusações, que surgiram sem nenhuma prova nos fóruns.

Uma ativista havia publicado no Twitter uma mensagem reclamando dos altos preços de armários vendidos pela empresa, chamada Wayfair. Um usuário comentou que todos os armários tinham nomes femininos e logo outras pessoas começaram a dizer que os armários continham meninas dentro deles — e que se tratava de uma suposta rede de tráfico de pessoas.

Seguidores da QAnon começaram a achar pessoas que haviam desaparecido com os mesmos nomes dos armários vendidos pela Wayfair, dando início a mais uma teoria de conspiração.

A empresa divulgou uma nota dizendo que seus armários são caros por terem grandes dimensões e serem vendidos para uso industrial. Além disso, ela removeu alguns itens do catálogo e decidiu mudar o nome dos produtos.

As teorias da comunidade QAnon vêm ganhando cada vez mais cobertura da mídia tradicional e aparecendo em páginas de Facebook, YouTube e Twitter.

No ano passado, o FBI divulgou um alerta sobre extremismo doméstico influenciado por teorias de conspiração, e citou a QAnon como uma ameaça potencial desse tipo de atividade criminosa.