Os pecados veniais, mortais, capitais e o Presidente

Coluna publicada no JORNAL DO PORTO dia 15-5-2020

Os pecados veniais, mortais, capitais e o Presidente


Buscamos no catolicismo algo que definisse o que é pecado. Sua definição se encaixa como luva para o que acontece atualmente no Brasil. O pecado é tudo aquilo que vivenciamos hoje na nação brasileira. É: "uma falta contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana. Foi definido como uma palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna" (CIC 1849).

Entende-se por pecados veniais aqueles atos que não separam o homem totalmente de Deus, mas que ferem essa comunhão.

Já os pecados mortais, por sua vez, atentam gravemente contra o amor de Deus, desviando os seres humanos de suas finalidades fundamentais e da bem-aventurança.

Abrimos um preambulo para que possamos compreender o que são pecados veniais, mortais e capitais e como eles agem na natureza humana.

Assim, diante destes conceitos de pecados e em meio a uma pandemia do coronavírus que atingiu o mundo, podemos sentir que o Brasil está também em seu ápice, mergulhado num caos político. As nossas instituições governamentais, jurídicas e sociais estão abaladas em suas estruturas constitucionais. Sentimos claramente, na pele, que aqueles que deveriam dar tranquilidade à nação, estão envoltos nos seus próprios casulos, enquanto a maioria do povo brasileiro parece zumbis não sabendo pra que lado ir.

De tantos despautérios promovidos especialmente pelo chefe da nação nos últimos meses, recaem sobre ele dezenas e dezenas de pedidos de impeachment. Mas, nos questionamos a nós mesmos sobre quais são os pecados do Presidente. O de ser tosco (o que não é mais nenhuma novidade prá ninguém) no tratamento com as demais instituições constitucionais nacionais? De botar na rua os Ministros e colaboradores que ele julga infiéis aos seus desejos, propósitos e objetivos? Do visível aparelhamento militar dos cargos públicos federais indicados? Dos ataques diários contra a imprensa, o Congresso Nacional e ao Supremo Tribunal Federal? Da indiferença como trata a pandemia no Brasil? De passear de jet ski, com guarda-costas a tira colo, enquanto brasileiros morrem aos montes? Do conchavo político com o Centrão? Dos gastos de seu Cartão Corporativo? De quase promover uma crise federativa inédita no país, com ameaças e críticas aos governadores, prefeitos e partidos políticos em relação ao novo coronavírus e o fim do isolamento? De intervir na Polícia Federal? Isto tudo e mais outras tantas coisas, parece que o chefe da nação, sobre estes aspectos, só cometeu pecados veniais, aqueles que não separam o homem totalmente de Deus, mas que ferem essa comunhão.

Portanto, o chefe da nação está livre de qualquer impeachment, pois tem contribuído com auxílios emergenciais a milhões e milhões de brasileiros, aos estados e municípios, entre muitas outras ações de estado.

Mas, do mesmo modo que o homem é livre para amar e praticar a caridade, também é livre para desobedecer e assim sendo, sujeitos a pecados mortais e capitais.

Assim, podemos dizer que de um a dez na escala dos pecados, o chefe da nação está zerado quanto aos pecados veniais. Zeradinho.

Sobre pecados mortais, o chefe da nação está bem próximo dos dez, batendo na trave, principalmente pelas suas ações como um dos personagens principais dos últimos eventos inconstitucionais e antidemocráticos tipificados pela Constituição Federal e a Lei de Segurança Nacional como crimes, contra o estado de direito democrático brasileiro.

Alguns pecados se chamam capitais porque é a origem de outros pecados e de vícios como a soberba, a avareza, a inveja, a ira, a luxúria, a gula, a preguiça (Cat.I.C., 1866).

Agora, se de fato, o chefe da nação persistir em atingir também o ápice do pecado capital como um golpe de estado contra a democracia brasileira, então, impeachment nele.

Para finalizar a semana com chave de ouro, ontem quinta-feira, dia 14, o chefe da nação assim se declarou: "Voltamos a namorar. Está tudo bem com Rodrigo Maia".

O meu Deus, que amorzinho safadinho é esse?

A vida... continua...

Contudo, sobretudo, antes de tudo, além de tudo...

Bolsonaro afirmou nesta 5ª feira (14.mai) que "1 homem está decidindo o futuro de São Paulo e da economia do Brasil". E fez um apelo aos empresários: "Os senhores, com todo o respeito, têm que chamar o governador e jogar pesado, jogar pesado, porque a questão é séria, é guerra. É o Brasil que está em jogo".


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O governador de São Paulo, João Doria (PSBD), afirmou nesta 5ª feira (14.mai.2020)

Hoje, mais uma vez, o presidente da República perde a chance de defender a saúde e a vida dos brasileiros. São Paulo está lutando para proteger vidas.

O presidente Jair Bolsonaro despreza vidas. Ele prefere fazer comícios, andar de jet ski, treinar tiros e fazer churrasco. Enquanto isso, milhares de brasileiros estão morrendo todos os dias.

Acorde para a realidade presidente Bolsonaro. Saia da bolha de ódio e comece a ser um líder se for capaz.