Chico César dá nomes às vítimas do covid-19 em canção com poema de Bráulio Bessa
A letra de 'Inumeráveis' compila dados de memorial criado para homenagear os mortos na pandemia. ? "Se números frios não tocam a gente / Espero que nomes possam tocar", enfatiza Chico César nos dois versos que se repetem como mantras na letra da canção Inumeráveis. Escrito pelo poeta cearense Braúlio Bessa a partir de dados do memorial Inumeráveis, criado para impedir que as vítimas da pandemia do covid-19 se tornem somente números nas estatísticas diárias, o poema Inumeráveis virou letra de música ao ganhar melodia de Chico César. O compositor paraibano fez canção com métrica que se ajusta à prosódia dos cantadores nordestinos. Inumeráveis foi apresentada por Chico César na quinta-feira, 14 de maio, em registro caseiro de voz e violão veiculado na conta oficial do artista no Instagram, como homenagem às vítimas fatais do covid-19.? Eis a letra de Inumeráveis, composição feita por Chico César a partir de poema de Bráulio Bessa:André Cavalcante era professoramigo de todos e pai do PedrinhoO Bruno Campelo seguiu se caminhoTornou-se enfermeiro por puro amorJá Carlos Antônio, era cobradorEstava ansioso pra se aposentarA Diva Thereza amava tocarSeu belo piano de forma eloquenteSe números frios não tocam a genteEspero que nomes consigam tocarElaine Cristina, grande paratletafez três faculdades e ganhou medalhasFelipe Pedrosa vencia as batalhasDirigindo über em busca da metaGastão Dias Junior, pessoa discretana pediatria escolheu se doarHorácia Coutinho e seu dom de cuidarDe cada amigo e de cada parenteSe números frios não tocam a genteEspero que nomes consigam tocarIramar Carneiro, herói da estradafoi caminhoneiro, ajudou o BrasilJoana Maria, bisavó gentil. E Katia Cilene uma mãe dedicadaLenita Maria, era muito animadabaiana de escola de samba a sambarMargarida Veras amava ensinarera professora bondosa e presente.Se números frios não tocam a genteEspero que nomes consigam tocarNorberto Eugênio era jogadorpiloto, artista, multifuncionalOlinda Menezes amava o natal.Pasqual Stefano dentista, pintorCurtia cinema, mais um sonhadorQue na pandemia parou de sonharA vó da Camily não vai lhe abraçarcom Quitéria Melo não foi diferenteSe números frios não tocam a genteEspero que nomes consigam tocarRaimundo dos Santos, um homem guerreiroO senhor dos rios, dos peixes tambémSalvador José, baiano do bemBebia cerveja e era roqueiroTerezinha Maia sorria ligeirocuidava das plantas, cuidava do larVanessa dos Santos era luz solarmulher colorida e irreverenteSe números frios não tocam a genteEspero que nomes consigam tocarWilma Bassetti vó especialpra netos e filhos fazia banqueteYvonne Martins fazia um sorveteDas mangas tiradas do pé no quintalZulmira de Sousa, esposa lealfalava com Deus, vivia a rezar.O X da questão talvez seja amarpor isso não seja tão indiferenteSe números frios não tocam a genteEspero que nomes consigam tocar