Álbum em que gaúchos Farroupilhas cantam a bossa carioca sai em CD

Álbum em que gaúchos Farroupilhas cantam a bossa carioca sai em CD

? Grupo vocal gaúcho formado em setembro de 1948 em Porto Alegre (RS), sob a liderança do acordeonista e maestro Tasso Bangel, o conjunto Os Farroupilhas difundiu sons e temas dos Pampas no Brasil e no exterior.

Sem jamais adotar postura regionalista radical na discografia gravada ao longo de 30 anos, no período que foi de 1953 (ano do primeiro álbum, Gaúcho) até 1983 (ano do derradeiro disco Farroupilha 35), o conjunto Farroupilhas aderiu inclusive ao cancioneiro da bossa nova e do samba sincopado feito à moda carioca.

Lançado originalmente em 1963 pela gravadora Fermata e editado pela primeira vez em CD neste mês de abril de 2020 pelo selo Discobertas, o álbum Os Farroupilhas diluiu o sotaque gaúcho dos integrantes do quinteto com o balanço carioca de repertório cheio de bossa que incluiu músicas como Por causa de você, menina (1963) – samba do então novíssimo esquema do debutante Jorge Ben Jor – e a então recente Insensatez (Antonio Carlos Jobim e Vinicius de Moraes, 1961).

Gravado na cidade de São Paulo (SP), o álbum Os Farroupilhas caiu bem no sambalanço com as gravações de Palhaçada (Luis Reis e Haroldo Barbosa, 1961) e Bolinha de sabão (Orlandivo e Adilson Azevedo, 1963) e esse suingue nem chegou a surpreender de fato quem sabia que, há três anos, ao gravar o álbum Os Farroupilhas na TV (1960), o grupo vocal fizera um dos primeiros registros fonográficos do Samba de uma nota só (Antonio Carlos Jobim e Newton Mendonça, 1960).

A tristonha Moça da chuva (Paulinho Nogueira e Rita Moreira, 1963) foi apresentada ao mundo nas vozes dos Farroupilhas, tendo integrado a magra safra de então inéditas do repertório do álbum Os Farroupilhas ao lado de composições autorais como A menina de trança, samba da lavra do fundador Tasso Bangel.

A música de Bangel e esse até então raríssimo disco dos Farroupilhas são amostras de como os gaúchos também souberam se apropriar da bossa carioca de 1958 que ganhou todo o universo pop – inclusive os Pampas – a partir dos anos 1960.