Conheça a voluntária Sueli Aparecida, na última reportagem sobre "O Caminho da Humildade".
Com as redes sociais e a cultura do "eu", muitos heróis acabam recebendo reconhecimento rapidamente e, consequentemente, a humildade pode ser corroída pelo excesso de atenção.
O ranking dos heróis humildes está ficando assombrosamente pequeno, é o que garante um autor anônimo. Mas há uma causa para a pequenez de quem deveria ser gigante?
Um professor especializado em catalogar a humildade humana afirma que o ranking de heróis humildes está encolhendo porque, hoje em dia, a fama e a autopromoção muitas vezes se sobrepõem à verdadeira humildade. Com as redes sociais e a cultura do "eu", muitos heróis acabam recebendo reconhecimento rapidamente e, consequentemente, a humildade pode ser corroída pelo excesso de atenção.
Além disso, a sociedade tem valorizado mais o espetáculo do que os atos silenciosos de espera. Muitos que fazem o bem sem esperar permanecem anônimos, enquanto aqueles que promovem suas ações acabam sendo mais notados. Isso faz parecer que há menos heróis humildes, quando, na verdade, eles podem apenas estar longe dos holofotes.
Mas ainda existem muitas pessoas fazendo a diferença de maneira discreta. Esse é o caso da voluntária Sueli Aparecida Rodrigues, que há mais de uma década exerce o papel do voluntariado no Solar dos Jovens de Ontem. Ela tem aproveitado seu tempo de aposentadoria para realizar o bem, preferindo fazê-lo no anonimato.
Para a realização desta matéria, foi preciso entrar em contato com Joaquim, companheiro de Sueli, que nos respondeu por meio de sua rede social. Enquanto isso, Sueli acredita que as pessoas devem simplesmente se unir mais e procurar ajudar umas às outras, sem a necessidade de explorar imagens como forma de propagar suas ações. Afinal, quem sonha com um mundo melhor propaga sua obra, muitas vezes, de forma silenciosa.
Suas ações perante a comunidade podem parecer simples — cortando cabelos e fazendo barbas dos moradores do Solar —, soando insignificantes para quem não consegue enxergar a grandeza nos detalhes. No entanto, essas ações carregam uma história de anos, em que vidas passaram por aquela instituição e ficaram registradas na fotografia do tempo e na memória de Sueli Aparecida Rodrigues.
"Meus hábitos começam por agradecer a Deus pelo que sou e pelo que tenho, cumprimentar as pessoas com um sorriso e dedicar uma palavra de conforto", ressalta Sueli. Para ela, esse é um papel que todo cidadão poderia exercer: reconhecer suas próprias limitações com modéstia e ausência de orgulho, honrando o ranking dos heróis humildes e respeitando o próximo como se não houvesse o dia seguinte.
Quem reconhece a importância de Sueli na vida e no voluntariado do Solar é Paloma Azevedo, presidente da instituição. Ela enaltece o valor que Sueli representa para cada vida à qual dedica seu trabalho voluntário.
E por esse olhar de ternura e compaixão, Sueli Aparecida não pretende mudar nada em sua realidade. Apenas procura exemplificar seus sonhos de um mundo melhor — com menos violência, fome e desigualdade social, além de um profundo respeito pela mãe natureza. Para isso, prefere manter-se distante do celular e das redes sociais, enxergando nesse afastamento um significado de vida plena: um respiro da sobrecarga de informações e uma busca por mais presença no mundo real.
Dessa forma, Sueli constrói sua simples realidade em um país que ainda possui a maior quantidade de comunidades isoladas no mundo, chegando a 114.
E assim chegamos ao final de nossa expedição, valorizando cada história que representa os caminhos da humildade em Porto Ferreira. Que sejam mantidas, pois, como bem definiu Sueli, sempre há algo a aprender com todos.