Diário Oficial Eletrônico: a pressão venceu.

A Câmara Municipal de Porto Ferreira aprovou, por iniciativa do Executivo, a criação do Diário Oficial Eletrônico. No prazo de um ano, o município deixará de publicar seus atos oficiais no Jornal do Porto, encerrando uma tradição que remonta ao século passado. Por décadas, fomos honrados em prestar esse serviço essencial por meio de processos licitatórios transparentes, sem qualquer registro de irregularidade ou problema, algo raro em tempos tão turbulentos para a credibilidade das instituições.

A transição para o diário eletrônico pode trazer avanços no sentido da modernização, como acesso instantâneo às publicações. Não há dúvida de que a tecnologia deve ser uma aliada da gestão pública eficiente. Porém, a forma como essa mudança foi conduzida, a pressão sobre as autoridades para a sua implantação, levantam questões que não podem ser ignoradas.

O que causa estranheza é que os principais defensores da mudança – muitos dos quais sempre tiveram amplo espaço e respaldo nas páginas do Jornal do Porto – não o fizeram com o interesse público em mente. Basta conhecer os bastidores para perceber que, entre os mais veementes, há aqueles que, ironicamente, vivem das chamadas "mamatas" bancadas pelo dinheiro público. São personagens conhecidos por seus atos duvidosos, agora investidos de uma retórica moralista, mas que nunca hesitaram em transformar diferenças políticas em perseguições pessoais.

É como o caso do marido traído que, ao flagrar a esposa na sala com o amante, resolve vender o sofá para resolver o problema. Ao tirar as publicações oficiais do jornal impresso, esses atores acham que eliminaram o "inimigo", mas, na verdade, deixam de lado uma série de benefícios proporcionados por esse formato.

O registro em um jornal impresso confere perenidade e integridade aos atos oficiais, assegurando que eles estarão preservados independentemente de alterações tecnológicas ou apagões digitais. Além disso, a divulgação em meio físico garante acesso à informação para aqueles que ainda não estão incluídos no mundo virtual, como muitos de nossos cidadãos mais idosos. É um canal democrático, que dá voz e transparência ao que acontece no poder público.

E mais: é impossível ignorar a história que acompanha essa decisão. Nomes como Dorival Braga, Flávio da Silva Oliveira, Tito Livio e João Roberto Bellini devem estar se revirando no túmulo diante dessa decisão. Não é a modernização que está sendo celebrada aqui, mas a pequenez de vendetas pessoais disfarçadas de progresso.

Respeitamos as autoridades que fizeram e aprovaram essa matéria. No entanto, alertamos: as consequências dessa decisão podem ser imprevisíveis. Aqui em nossas páginas, transparência e o acesso à informação pública sempre foram respeitadas.

O Jornal do Porto, como sempre, seguirá firme em seu compromisso com Porto Ferreira. Continuaremos trabalhando pelo interesse público, independentemente das circunstâncias ou das pressões. É assim que se constrói a credibilidade e a verdadeira modernidade.