Os traumas que as vítimas de roubos, assaltos e estelionatos sofrem após as realizações dos crimes

Foram quase 2 milhões de casos registrados em 2023, alta de 8,2% em relação ao ano anterior

Os traumas que as vítimas de roubos, assaltos e estelionatos sofrem após as realizações dos crimes

Uma reportagem da CNN mostra que, a cada 16 segundos, um golpe de estelionato é cometido no Brasil, conforme dados do Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Foram quase 2 milhões de casos registrados em 2023, alta de 8,2% em relação ao ano anterior. A mesma reportagem revelou que, enquanto esse tipo de crime tem crescido, os crimes de rua, como roubo e assalto, têm diminuído. No entanto, as vítimas desses crimes costumam enfrentar uma variedade de traumas psicológicos após o ocorrido. Esses traumas podem ser graves e durar meses ou até anos, dependendo da intensidade da experiência e dos recursos emocionais da pessoa, conforme informou a psicóloga Josilene Oliveira.

Para a psicóloga, há vítimas que frequentemente revivem o crime por meio de flashbacks e pesadelos. Isso pode acontecer em roubos violentos e, em alguns casos, até em estelionatos que envolvem altos valores financeiros ou confiança atraída. Elas costumam desenvolver medo de sair de casa, medo de situações que relembram o crime (exemplo: estar em locais escuros ou isolados) e até de confiar em outras pessoas. Essa ansiedade pode evoluir para crises de pânico. Relatos assim estão se tornando cada vez mais comuns nas cidades brasileiras. Uma munícipe que prefere não se identificar lembra dos detalhes de um crime de assalto que ela e sua família sofreram em 2015.

Ladrões invadiram a chácara de seus pais e renderam ela e seu irmão, amordaçaram seu avô, que reagiu ao assalto, e também renderam seu pai quando ele chegou para o almoço. Os criminosos reviraram toda a casa e fizeram uma varredura. Eles planejaram a fuga com os veículos da família, mas o plano falhou após a desconfiança de um membro da família que não estava no local.

Ela lamenta a falta de ação mais enérgica por parte da polícia, que poderia ter pego os assaltantes, pois na fuga eles foram identificados pela mãe da vítima. Os criminosos não levaram o que haviam planejado, mas saíram ilesos e deixaram um terror psicológico. Com tristeza, conta que, três meses depois, encontrou um dos assaltantes no Pronto Socorro e, ao reconhecê-la, o mesmo debochou dela. Ela, infelizmente, não pôde fazer nada, ciente da falta de leis mais rigorosas que poderiam levar o criminoso para a prisão. Nove anos depois, a vítima afirma que foi a única da família que não sofreu transtorno pós-traumático, mas seu irmão até hoje não consegue lidar com o assunto, sendo o mais abalado pelo crime.

A sensação de violação, perda de bens ou do senso de segurança pode levar à depressão. Isso é comum em vítimas que se sentem impotentes e vulneráveis, especialmente quando o crime foi cometido por alguém em quem confiavam. Essa mesma impotência sentiu Dona Neide. A idosa de 68 anos entregou mil reais a um criminoso, que chegou em sua residência alegando ter um dinheiro para entregar ao seu filho e precisaria trocar os mil reais, pois só possuía notas de 200 reais. Inocentemente, a senhora entregou os mil reais que tinha, e o estelionatário fugiu tranquilamente com o dinheiro em seu HB20.

Vítimas de estelionato, por exemplo, podem sentir vergonha por terem sido enganadas, o que abala sua autoestima e confiança pessoal. Esse autojulgamento pode levar a um ciclo de autocrítica e isolamento. Josilene Oliveira conclui afirmando que esses sintomas podem ser aliviados com suporte emocional, como terapia, ajuda de grupos de apoio e um bom sistema de apoio familiar e social.


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