Cooperativa em parceria com entidades religiosas, sociais e poder público, buscam ressocializar dependentes químicos

A área de saúde mental do Estado de São Paulo vem recebendo grandes investimentos nos últimos anos, com um aumento significativo de atendimentos a dependentes químicos, usuários de álcool e outras drogas. Para se ter uma ideia do crescimento, em comparação com o ano passado, o número de atendimentos duplicou nas unidades municipais que oferecem tratamento específico. Em Porto Ferreira, o CAPS (Centro de Atenção Psicossocial) realiza o atendimento e oferta aconselhamento, terapia, tratamento para pessoa em situação de uso de álcool e outras drogas. Outro instrumento que ganhou notoriedade na cidade é a Casa de Passagem e o coordenador da entidade, Alexandre de Paula, busca ir além de abrigar pessoas em situação de rua. Por isso, estruturou uma cooperativa no bairro do São Manoel, que visa ressocializar os usuários de álcool e outras drogas, e as pessoas em situação de rua no geral. Dentro desse processo, existe o Oficina de Produções, que recentemente ganhou um valor de 20.000,00 (vinte mil reais) do vereador Ricardo Patroni, por meio de Emenda Impositiva. O objetivo da Oficina de Produções é oferecer treinamento, cursos profissionalizantes e encaminhamento para vagas de emprego à população em situação de vulnerabilidade. Alexandre conta que dentro da Cooperativa os participantes são todos colaboradores e não têm um vínculo empregatício. Eles têm a oportunidade de aprender e criar trabalhos, onde são comercializados para arcar com as despesas da cooperativa e a somatória desse resultado divide-se ao meio, com o lucro que existir após o pagamento das despesas da Oficina. O modelo cooperativo atraiu o "Zé" (nome fictício para um usuário do serviço). Ele garante que dentro da cooperativa tem alcançado a visibilidade, participado de aprendizagem profissional, oficinais culturais e o local representa uma mudança de vida, onde o capacita para reingressar a sociedade. O "N" é marceneiro profissional e natural de Porto Ferreira. Ele confessa ser um adicto e ex - dependente químico, mas tem ensinado outros a profissão de marceneiro. Para "N", é uma satisfação enorme poder ajudar os companheiros que não tinham esperança e oportunidade de recomeçar. Agora todos têm um propósito de vida, com chance de um novo recomeço. "N" garante que a profissão o torna autossustentável e é exatamente essa independência profissional que ele almeja para aqueles que aprendem o ofício dentro da Oficina de Produções.

Já o "Gil", desabafa que estava sem uma direção e um rumo na vida. O encontro com o Alexandre lhe proporcionou esperança e há sete meses, vive com os demais companheiros que estavam sem encontrar uma direção aos sonhos. O acolhimento trouxe aprendizado, sonhos, idealizações e o trabalho na oficina de marcenaria para ressocializar com autonomia, a fim de seguir a vida longe daquele caminho que ele chama de escuridão.

Dessa escuridão que "Gil" disse ter saído, que as entidades religiosas e sociais que apoiam a Oficina de Produções, desejam tirar os usuários. O N.A (Narcóticos Anônimos), Amor Exigente, Nova Criatura e o COMAD (Conselho Municipal de Políticas sobre Álcool e Drogas), apoiam esse trabalho incansável do Alexandre de Paula. "Gostaria de agradecer aos nossos colaboradores e em especial, ao COMAD, prefeito Rômulo Rippa e ao vereador Ricardo Patroni, pela emenda que proporciona a Oficina de Produções novas aspirações e rumos", completa Alexandre.

No que depender desses esforços intermináveis, nenhum RG ou CPF de munícipes que estejam em situação de rua ou fazendo uso de álcool e outras drogas, serão cancelados por barbaríeis e crimes contra o ser humano. Mas serão ressocializados e o "Zé", o "N" e o "Gil" representam esse trabalho de ressocialização, que encontram esperança e uma nova maneira de viver, através de apoios de entidades sociais, religiosas e poder público de Porto Ferreira.