Falta de registro, deixa em dúvida quem foi o primeiro vereador negro ou a primeira vereadora negra de Porto Ferreira.

Publicada no JORNAL DO PORTO dia 12-8-2022

Falta de registro, deixa em dúvida quem foi o primeiro vereador negro ou a primeira vereadora negra de Porto Ferreira.

Quando os Estados Unidos da América elegeram seu primeiro presidente negro (Barack Obama), Porto Ferreira sequer havia lançado seu primeiro candidato negro para prefeito. A mídia americana de esquerda, considera os Estados Unidos um País extremamente racista, uma vergonha para o mundo. Se Barack Obama passou oito anos pedindo desculpas ao mundo pelas atrocidades raciais de seu País, que tipo de pedido farão os executivos das cidades brasileiras, em que não há um negro no primeiro escalão de suas gestões? Para muitos, é uma loucura para cidades passivas realizarem qualquer tipo de manifestação a respeito, mas não devemos esquecer que a população negra no Brasil representa 54%, segundo os dados do IBGE e as polícias brasileiras mataram seis mais que a norte-americana em 2019, sendo que 75% das vítimas eram negras.

Graças a Deus, não há registro deste tipo de atrocidade contra o negro em Porto Ferreira. Diferentemente de cidades do Sul do País, igual Picada Café, onde o negro costuma ser insultado no idioma alemão, alguns munícipes brancos e racistas, cospem no chão diante de um negro em suas terras, e ele se torna suspeito 24 horas, por habitar em tal local. Isto também é Brasil. Mas tais atrocidades registradas contra o negro em 2019, não tiram dele a responsabilidade de cumprir as leis, de ser um cidadão leal e honesto, como outro ser humano qualquer. E quando o assunto é política, disse um amigo, que o seu pai, um ex-vereador condecorado em Porto Ferreira, o instruiu a escolher um candidato pelo seu caráter e nunca pela cor da pele ou pela sigla partidária.

Se todos os eleitores pensassem assim, teríamos bons candidatos negros eleitos em todas as eleições. No entanto, há um vaco no histórico da política ferreirense, um vazio na coluna do tempo das eleições municipais e assim, não há registro oficial de quem foi o primeiro vereador negro ou a primeira vereador negra eleitos em Porto Ferreira. Gideon dos Santos, natural desta cidade, eleito para vereador somente me 2016? Ele garante que não. Embora não saiba afirmar, mas acredita que antes dele, houve um vereador negro, eleito nos anos setenta. Mas historiadores da cidade não conseguiram encontrar esse registro, e na Câmara Municipal não há comprovante oficial. Não há nada que prove a oficialidade deste vereador eleito, antes de Gideon.

Será que as primeiras vereadoras foram a Edite Pereira da Silva e a Patrícia Marques, eleitas em 2012? Edite acredita que antes delas, houve uma outra mulher e era negra, mas também não há nenhuma informação oficial a respeito. A única certeza que Edite tem, que ela havia ocupado o cargo de vereadora, quando vereador eleito na eleição de 2008, prof. Luís Adriano Alves Pinto, desistiu da função e como suplente, Edite assumiu em seu lugar.

Independentemente da falta de maior representatividade do negro, tanto no poder executivo, quanto no legislativo, a Secretaria de Cultura local tem realizado sem papel na promoção das igualdades raciais. A Semana da Mulher Negra, Semana da Consciência Negra e outros eventos e projetos de inclusões, mostram que há uma sensibilidade cultural quanto a diferença racial que ainda existe neste País. A equidade para alcançar a igualdade, expressa a preocupação do secretário de cultura para esta realidade.

Bom é saber que mulheres negras, garantem não ter sofrido nenhum ato de racismo durante sua campanha, como afirmaram a Edite e a Patrícia Marques. Patrícia agradece pela tranquilidade durante o período de campanha e gestão. Embora tenha ouvido falar sobre casos de absurdos raciais, ela mesma nunca presenciou. Mas esta não é a realidade de Gideon. O ex-vereador lembra que passou por esta situação vexatória, principalmente em uma ocasião em que um munícipe jamais imaginaria que o negro poderia ocupar a função de vereador, em um Câmara com predominação da raça branca.