O bom farmacêutico: conheça a trajetória de Carlos Teixeira, que dedicou a vida ao bem estar do próximo

Generoso e dedicado, o ex-prefeito de Porto Ferreira, Carlos Teixeira, entra para a história como um dos mais tradicionais e queridos farmacêuticos da cidade.

O bom farmacêutico: conheça a trajetória de Carlos Teixeira, que dedicou a vida ao bem estar do próximo


Foto: Giovanna Seriane/Porto de Memórias

"Prometo que, ao exercer a profissão de Farmacêutico, mostrar-me-ei sempre fiel aos preceitos da honestidade, da caridade e da ciência".

Foi este o juramento que o então jovem Carlos Teixeira proferiu em sua formatura no curso de Farmácia na cidade de Alfenas, Minas Gerais, no ano de 1970. Meio século se passou desde então, mas a promessa ecoa viva no legado do ferreirense que, por décadas, se dedicou ao serviço em prol do bem comum.

A citação, conhecida como Juramento de Hipócrates, faz referência ao filósofo grego que viveu no século V antes de Cristo e é considerado por muitos o "pai das ciências médicas". Sua principal contribuição foi entender o paciente não como um objeto ou um meio para alcançar um fim, mas enxergar o paciente como o fim último de todos os atos.

Mais de vinte séculos separam Hipócrates de outro grande filósofo da humanidade: Nicolau Maquiavel. O florentino autor de O Príncipe (1513) tem como máxima a famosa afirmação de que "os fins, justificam os meios". Mas qual a relação entre eles? Enquanto o primeiro é considerado o fundador da Ética Médica, o segundo é tido como pai da Ciência Política Moderna. Ambos utilizam a mesma lógica para defender cada qual o fim que para eles é o mais importante, para um o paciente, para outro o poder.

Nascido na Rua João Procópio Sobrinho pelas mãos da parteira Asmelide Bruno, no ano de 1946, o farmacêutico Carlos Alberto Teixeira, eleito Prefeito de Porto Ferreira em 1992, vivenciou um pouco dos dois universos, o da saúde e o da política. Entre Hipócrates e Maquiavel uma constatação: Carlos foi político, Carlos é farmacêutico. Estado e Essência.

Formado pelo Grupo Escolar Sud Mennucci, Carlos aprendeu cedo os ofícios de sua profissão. Ainda como estudante, costumava observar e ajudar seu pai na Farmácia São Marcos, empresa que se tornou proprietário em 1971 e que carregou fielmente por 35 anos.

Em uma época em que os médicos eram escassos das cidadezinhas do interior, não havia convênio médico e muito menos pronto atendimento, a população, em caso de necessidade, buscava em primeiro lugar a Farmácia, o Farmacêutico.

"Eu posso dizer que eu consegui ajudar muito a população de Porto Ferreira em termos de saúde, por que eu sempre procurei trabalhar com honestidade, com paciência, e dando o máximo de mim, da minha capacidade, do meu esforço, para o benefício da saúde dos meus clientes", conta ele.

Faça chuva ou faça sol, durante o dia ou mesmo durante a noite, Carlos se recorda que atendeu diversas mães, em desespero, até mesmo nas madrugadas frias de inverno. Tal recorrência fez com que ele, em sinal de compaixão, construísse sua casa ao lado da farmácia, para prontamente atender quem lhe batesse à porta. "Eu me sentia gratificado em poder ajudar os meus clientes em um momento de tanta necessidade como esta".

Entre suas memórias de infância, estão as idas ao Cine São Sebastião, as brincadeiras na Bacia do Santa Rosa, no Parquinho da Paulista, e o bate bola no campo da Paulista. "Acho que a molecada inteirinha de Porto Ferreira ia jogar bola lá". Isso sem contar os sorvetes do Zé Oliviéri e os doces da Confeitaria Bermudes. "Aquele tempo quem não fez essas coisas, não morou em Porto Ferreira".

Em sua juventude se recorda das brincadeiras dançantes na sede do PFFC, do encontro com amigos no Bar do Dudu, da sinuca no Bar do Geraldo e, claro, do futebol. "Eu era fanático por futebol". Não poderia faltar as lembranças das paqueras na Praça Matriz e os flertes do Alto Falante da Rádio Primavera.

Foi na praça, desta forma, que Carlos conheceu em 1964 Elsa, com quem viria a se casar 10 anos mais tarde. Como fruto da união do casal nasceram as filhas Soraia e Janaína. "Para mim a família é o mais importante, depois vem porto Ferreira e depois os amigos", compartilha ele.

Através da sua fama como farmacêutico, Carlos foi convidado por um grupo político para sair candidato a prefeito, mesmo sem nunca ter sido candidato a nada, foi eleito prefeito e governou em um primeiro momento de janeiro de 1993 a dezembro de 1996. Elencando três de seus principais feitos, Carlos destaca a construção das escolas EMEI Olímpia Teixeira e do CAIC Professor João Teixeira. E por fim as comemorações em torno do centenário de Porto Ferreira, celebrado em 29 de Julho de 1996.

Na ocasião, Carlos conta que no Carnaval do Centenário trouxe à cidade a Gaviões da Fiel, escola de samba campeã no Carnaval de São Paulo um ano antes, em 1995. "Apesar de eu ser palmeirense, a maioria dos torcedores era corinthiano, e política você tem que agradar a maioria. Os palmeirenses queriam bater em mim". Fora isso, um show pirotécnico na Praça Matriz e diversas atrações na Feira Industrial Ferreirense marcaram os cem anos da cidade.




O projeto Porto de Memórias foi idealizado pelo ferreirense e jornalista Felipe Lamellas e se propõe a contar histórias de vida de personalidades marcantes para a cidade, conhecidas ou não. O objetivo principal é resgatar e preservar a memória da comunidade local, contando histórias, causos e lembranças de membros da sociedade, que se confundem com a própria história da cidade.