Hospital Dona Balbina é questionado sobre atendimento de partos

Vereador Ricardo Patroni fez a propositura após veiculação da suspensão dos atendimentos de parto

Vereador Ricardo Patroni utiliza a tribuna para falar sobre seu requerimento

Vereador Ricardo Patroni utiliza a tribuna para falar sobre seu requerimento

Na sessão realizada na segunda-feira (16/05), o vereador Ricardo Patroni (PSD) apresentou o Requerimento nº 257/2022 solicitando informações ao Hospital Dona Balbina sobre a suspensão dos atendimentos de partos e consultas pediátricas no local.

Na tribuna, o parlamentar comentou sobre a matéria. "Esse requerimento visa obter informações importantes sobre a situação caótica veiculada nas mídias sociais, no jornal local e na TV, na última semana, referente a paralisação repentina da realização de partos e de atendimentos pediátricos no Hospital."

A situação, segundo Ricardo Patroni, é bastante preocupante. "Até agora, infelizmente, não foi explicado de forma clara para nossa população. Eu fui procurado por munícipes, por duas gestantes e seus familiares que estão bastante apreensivos e temerosos com essa situação e que me solicitaram informações sobre a real situação do Hospital Dona Balbina referente ao que foi anunciado na última semana", declarou.

Entre as dúvidas que o requerimento objetiva sanar estão os reais motivos que levaram os médicos pediatras a abandonarem seus postos de trabalho. "Eu não entendi se foram eles mesmo que abandonaram os postos de trabalho porque foi noticiado pelo Hospital que houve uma solicitação de aumento salarial pelos profissionais e que não teve acordo entre as partes."

Em contrapartida, os médicos divulgaram uma carta aberta no Jornal do Porto afirmando que foram totalmente ignorados e que a administração do Hospital não conversou sobre a proposta salarial. "A equipe sente-se envergonhada e injustiçada pela falta de profissionalismo do Hospital. Há algo bem errado aqui e nós precisamos esclarecer isso à população", afirmou Ricardo Patroni.

Outra pergunta levantada no requerimento é sobre quando o Hospital tomou ciência de que os médicos deixariam as suas funções. "Relatos desse mesmo médico pediatra de que os pediatras foram informados apenas verbalmente pelo diretor clínico do Hospital que, em reunião realizada há aproximadamente um mês, os plantões passariam a ser presenciais, excluindo a equipe atual do Hospital sem nenhuma justificativa aparente."

Para Ricardo Patroni, a situação demonstra total descaso com a população. "E também com esses profissionais que ali trabalhavam, indicando problemas realmente sérios com o único Hospital do nosso município."

O vereador ainda questiona o Hospital sobre as ações urgentes que serão tomadas para que as mulheres continuem realizando suas consultas e partos no município. "O que eu vejo até o momento é apenas uma situação. O nosso provedor do Hospital acha normal a situação, dizendo que em torno de 20 dias talvez será solucionado esse problema", informou.

"É muito simples falar para uma gestante que daqui 20 dias ela vai ter seu filho aqui no município, falar para um pai que está precisando de atendimento urgente para o seu filho que não tem atendimento em nosso Hospital por incompetência da administração. Está muito obscuro isso e nós, como representantes da população, precisamos de fato prestar essas informações", indignou-se Ricardo Patroni.

Segundo o vereador, o provedor do Hospital Dona Balbina, em declaração dada a uma emissora, comentou que eram necessários cinco pediatras. "Ele teve a cara de pau de ir à TV dizer que são necessários cinco médicos pediatras para atender o que é disposto em resolução do Conselho Federal de Medicina e que o Hospital mantinha em seu quadro apenas dois profissionais e em regime de sobreaviso, ou seja, não eram plantonistas."

Ricardo Patroni disse que a orientação de ter cinco pediatras foi pontuada após ser identificado, em 2020, uma alta taxa de mortalidade infantil em Porto Ferreira. "São situações bastante sérias e que precisam ser apuradas. Vamos aguardar ansiosamente as respostas do Hospital sobre essa situação humilhante, caótica em que submeteram as gestantes e também suas famílias", finalizou o vereador.

A vereadora Priscila Franco (PSDB) foi a tribuna para comentar o requerimento e pediu uma resposta urgente do Hospital. "As gestantes estão desesperadas, não sabem aonde recorrer. E eu conversei essa semana com a Dra. Soraia, pediatra que era do Hospital, assim como o Dr. Alexandre, e médicos super competentes. Ela me explicou várias situações do Hospital e falou que está disposta a falar com todo mundo e dar explicação onde for preciso."

Segundo o relato da médica à vereadora, a situação não foi repentina. "Eles estão desde janeiro lutando por várias coisas, por equipamentos melhores para atender as crianças, para poderem dar um respaldo melhor para eles dois pediatras e até hoje não foi solucionado", detalhou Priscila Franco.

Já o vereador Sérgio de Oliveira (União Brasil) esteve com o pediatra Dr. Alexandre. "Conversei com ele por um longo período na terça-feira e na quarta-feira saiu a notícia. Ele disse que, 40 dias atrás, antes de eles saírem do convênio, eles fizeram uma carta explicando tudo para o Hospital, mas que sequer deram resposta para eles. É uma falta de responsabilidade, de bom senso e de respeito para com os profissionais."

Sérgio de Oliveira também contou que não tem sido fácil solicitar atendimento em outras cidades. "Não é tão simples como foi relatado que as gestantes estão sendo transferidas para outras cidades. Elas têm que participar, têm que entrar no Cross, que é o sistema que regula as vagas, e ficar esperando surgir uma vaga nos hospitais da região para serem encaminhadas", citou.

O parlamentar comentou que o atual diretor técnico do Hospital atuava em um hospital de Pirassununga que faliu. "Esse diretor técnico do Hospital que está trabalhando aqui em Porto Ferreira, ele faliu o hospital de Pirassununga. Nós já tivemos vários problemas durante a pandemia e continua com o cara. Olha os absurdos que nós estamos vivendo, fechar maternidade por falta de pediatra."

Quanto a enviar o requerimento para o Ministério Público, Sérgio de Oliveira disse ser de suma importância. "O Ministério Público tem que tomar atitude e o Hospital não pode tudo. Não responde requerimento da Câmara Municipal, falta de respeito com o Poder Legislativo, na hora de pedir emenda impositiva, eles estão aqui toda hora pedindo dinheiro", concluiu.

O vereador Renato Rosa (Republicanos) alertou para o fato de o nascimento não ser previsível. "Como se em um parto a criança avisasse "olha eu vou nascer amanhã às 5h35". E é ao contrário, nós vemos criança nascendo dentro de carro, dentro de viatura do bombeiro. Aí vem um Hospital que, segundo informações, eram 17h20 do dia 10, eles comunicaram que a partir daquele dia já não atenderiam mais partos."

Outro pronto abordado pelo parlamentar foi o fato de os vereadores não medirem esforços para enviarem emendas ao Hospital. "Nós corremos atrás de deputados para arrumar verbas, destinamos todos os anos verbas para o Hospital e agora uma notícia dessa. Fica a nossa lamentação e que eles tomem providências imediatamente, antes mesmo de responder, que regularizem essa situação."

O vereador Marcelo Ozelim (Progressistas) ressaltou que a situação não deveria ter chego a esse ponto. "É muito sério e requer solução imediata. Não adianta falar em 10, 20 dias. Nós temos que estar a par do que está acontecendo o mais rápido possível. As gestantes estão desesperadas e não sabem o que fazer."

Marcelo Ozelim disse ter certeza que a Casa de Leis está aberta para ajudar. "Nós estamos aqui para ajudar e pegou realmente todo mundo de surpresa. Eu fico à disposição e tenho certeza que essa Câmara também está à disposição para ajudar no que for necessário", finalizou.

Já o vereador João Lázaro (PSDB) comentou que há um impasse. "O Hospital declara que os médicos deixaram de atender e os médicos declaram que foram ignorados, o que é uma falta de respeito com os nossos médicos. O provedor disse que em 20 dias talvez resolverá o problema."

Sobre a observação feita pelo Conselho Federal de Medicina a respeito da necessidade de ter cinco pediatras, o parlamentar questionou porque não houve uma fiscalização. "E cadê esse Conselho, se ele fiscaliza, ele não viu que era para ter cinco e só tinham dois? Tem que fiscalizar, é o papel deles. Onde eles estavam? A culpa é deles também."

Para concluir sua fala, João Lázaro sugeriu fazer um convite ao provedor do Hospital. "Convidar ele e toda a sua equipe para vir aqui trazer esclarecimento e responder os questionamentos um por um. Eles nos devem satisfação, nós corremos atrás de verba para eles, tudo aquilo que é necessário nós procuramos fazer."

O presidente da Câmara Municipal, vereador Alan João (PSD), destacou a importância do requerimento. "Traz perguntas importantes para a sanarem as dúvidas não só da população, mas também dos parlamentares. Cumpre ressaltar que a Câmara não tinha conhecimento dessa situação", explicou.

Ao saber que a maternidade seria fechada, o presidente telefonou para o prefeito Rômulo Rippa. "Eu não sabia enquanto representante do Poder Legislativo, assim como as demais autoridades que representam a sociedade ferreirense. O prefeito havia tomado conhecimento pela manhã visto que quem administra essa questão da maternidade é o Hospital Dona Balbina."

Alan João salientou que tanto a Câmara Municipal quanto à Prefeitura não possui responsabilidade diante do ocorrido. "É importante esclarecer para a população porque nós vimos comentários nas redes sociais de que a Câmara ou a Prefeitura não havia pago os médicos ou não havia contratado os médicos e isso é uma responsabilidade do Hospital."

No entanto, o parlamentar também destacou que não estava eximindo esses poderes. "O que a Câmara pode fazer em relação a sua função é este requerimento. É a ferramenta que a Câmara tem para fiscalizar. Concomitante a isso, nós tivemos colegas que trouxeram algumas informações que eles possuem devido a relação de amizade, profissional com alguns desses médicos", resumiu.

"O requerimento do vereador Ricardo vem ao encontro disso, para poder municiar a Câmara das informações necessárias, saber qual é o argumento do Hospital, junto às documentações e às questões alegadas pelos profissionais da saúde, que são profissionais sérios no município e que tem os seus argumentos no que se refere a essa situação", salientou Alan João.

O presidente ainda disse ser uma situação mais grave por se tratar de gestantes. "Imprevistos acontecem toda hora na gravidez, imagina agora essas gestantes que estão preocupados porque não tem aonde fazer o parto. É possível até mesmo adiantar esse parto justamente por questões psicológicas."

Sobre o papel da Secretaria Municipal de Saúde, Alan João comentou que buscará informações. "Quais são as medidas que a Secretaria de Saúde adotará diante dessa situação e se a Secretaria de Saúde tem acompanhado. Volto a dizer que é responsabilidade do Hospital, mas a Secretaria de Saúde precisa acompanhar as questões do Hospital por intermediar várias situações junto ao Hospital, já que há recursos públicos."

Finalizando a discussão, o presidente colocou a Câmara Municipal à disposição. "Em nome do Poder Legislativo, a Câmera está à disposição, de portas abertas para que a gente possa ouvir os profissionais em questão, esses médicos que alegaram essa situação. Estamos aqui para ouvir também, caso eles tenham interesse, a administração do Hospital e a Secretaria de Saúde para que possam nos colocar a par de todos os detalhamentos", concluiu Alan João.

O requerimento foi aprovado por todos os vereadores presentes, constando as ausências da vereadora Luciane Lourenço (PSD) e do vereador Pedro Melo (União Brasil). A matéria será encaminhada para o Hospital Dona Balbina.