Moradores reclamam de presença de andarilhos na praça da Rodoviária e outros locais públicos

Publicada no JORNAL DO PORTO dia 1-4-2022

Moradores reclamam de presença de andarilhos na praça da Rodoviária e outros locais públicos

Há muitas semanas a Redação do Jornal do Porto vem recebendo reclamações de moradores de Porto Ferreira sobre a situação de moradores em situação de rua, que se estabelecem em locais públicos como praças e outros. Essas reclamações também vêm ganhando mais repercussão nas redes sociais.

Aparentemente, o número de pessoas nessas condições vem crescendo em Porto Ferreira. Principalmente na região da praça Ana Maria Libertucci Salzano, conhecida também como Praça da Rodoviária.

"O que vemos é um amontoado de pessoas que a cada dia que passa vai aumentando. Pode reparar que antes eram meia dúzia de gatos pingados. Com isso um amiguinho chama o outro, depois os amiguinhos vão ficando cada vez mais fortes e organizados, daí aquele monte de amiguinhos não irão mais querer sair dali. Igual a cracolândia em São Paulo. Ou acham que começou como?", diz um morador da região.

Alguns solicitam que o Poder Público faça algo para que a situação não fique incontrolável. "Agora ainda não é tarde para ações. Não estou aqui para culpar Secretaria da Assistência Social, a Polícia através do Governo do Estado, Secretaria de Segurança Pública através da Guarda Municipal, ou vereadores, ou prefeito, ou a própria sociedade. Agora é hora de juntar todas essas autoridades e secretarias e organizar uma solução. É difícil, claro que é, por isso precisa ser resolvido", declarou outro morador.

Muitas pessoas acabam sendo levadas a viver nas ruas devido a uma série de dificuldades, como financeira, desestruturação familiar, uso de drogas, problemas de saúde mental, entre outras. Hoje em dia, nenhuma pessoa mais é presa pelo crime de vadiagem, uma contravenção penal estipulada em lei de 1941, que está em desuso, porém ainda não foi revogada.

Assim, o Poder Público muitas vezes se vale de parcerias com entidades sociais ou mesmo igrejas para tentar uma solução. Não basta apenas retirar essas pessoas das ruas. É necessário todo um trabalho na tentativa de reinserir esse indivíduo no seio familiar, ou de voltar ao mercado de trabalho, ou de curar uma eventual doença mental ou vício em drogas. As políticas públicas nesse sentido existem, mas estão longe de ter um resultado efetivo.

Aliás, existem diferenças conceituais entre "morador de rua" e "morador em situação de rua". Pessoas em situação de rua são indivíduos que passam as noites dormindo nas ruas, nas praças, embaixo de viadutos e pontes. Além desses espaços, eles também fazem uso de locais degradados, como prédios e casas abandonados e carcaças de veículos, que têm pouca ou nenhuma higiene. Já a denominação "moradores de rua", se dá para grupos de pessoas que vêm de diferentes vivências e que estão nessa situação pelas mais variadas razões. Há fatores, porém, que os unem, como: a falta de uma moradia fixa, de um lugar para dormir temporária ou permanentemente, e vínculos familiares que foram interrompidos ou fragilizados.

No atual governo municipal foram tomadas algumas medidas para esse público, como um monitoramento assistencial "in loco", e até transformando um ginásio de esportes em abrigo provisório na época do inverno.

Consta também do programa de governo do prefeito Rômulo Rippa a criação de uma "casa de passagem", que seria um lugar para acolhimento dessa população e encaminhamento para cidades de origem, quando for o caso, ou então reinserção social. Em entrevistas, o prefeito confirma essa intenção, mas diz que ainda não reuniu os recursos necessários.

Tempos atrás a Secretaria de Desenvolvimento Social e Cidadania chegou a encaminhar um morador de rua para sua cidade natal no Estado da Bahia. Porém, são ações pontuais e que necessitariam de um aporte maior neste momento.

"Como disse, não é hora de achar culpados e sim soluções para não termos problemas futuros, como visto diariamente nas ruas daquela região de Porto Ferreira. É isso que é ajudar a cidade, é isso que é trabalhar a favor da sociedade", concluiu um morador.