Professora há 50 anos, Marília Mondim Thomaz conta sua trajetória de vida e memórias
Publicada no JORNAL DO PORTO dia 3-12-2021
Não há lugar mais confortável para um legitimo professor, do que a sala de aula. Marília Mondim Thomaz, professora há cerca de 50 anos, concorda com a afirmação. Para ela, que leciona Português e Inglês, a sala de aula é muito mais do um lugar físico, com porta, paredes e lousa, é uma dimensão cultural e mágica.
Ela conta que, certa vez, disse a uma de suas muitas turmas, que via na sala, perambulando entre as carteiras, figuras lendárias da literatura brasileira e internacional, como Eça de Queirós, . A reflexão que buscava despertar o lado lúdico da educação, acabou até assustando um de seus alunos: "Agora to ficando com medo dona Marília!", recorda ela com bom humor.
Nascida em Porto Ferreira no dia 8 de julho de 1944, em um sábado às 16h, Marília Thomaz filha de Isa Mondim e Mário Borelli Thomaz, começou a estudar no Grupo Escolar Sud Mennucci com a professora Emilda Salzano e em seguida, já no Ginásio, estudou na EE Washington Luis. Marília recorda que, às vésperas do exame que iria prestar para ingressar no Ginásio, a famosa artista Carmen Miranda havia morrido e o assunto era o mais comentado nos grupinhos momentos antes do início da prova.
Já aluna do Washington Luís, Dona Marília lembra com carinho de seus professores, fundamentais segundo ela, em sua trajetória. Entre eles, o seu Walter Francine, a dna Mária Alice, o Celso Nóli, o Cônego Pavesi, a Cleusa Iatauro, entre tantos outros.
De família de professores - seus tios Ulisses Eneida e Dimas eram magistrados - o amor pela sala de aula sempre esteve no sangue de Marília. Quando criança, era comum brincar de professora no quintal de casa. A mesa era o tanque e os alunos as rosas do jardim. "Eu dava aula, com uma régua na mão. Eu repetia a aula, tudo que a minha tia e as outras professoras, diziam, se comportavam, eu me comportava com as roseiras".
Uma de suas primeiras experiências com o Inglês, disciplina que nunca mais abandonaria, foi curiosamente com a dona Cordélia Silva, mãe do famoso apresentador Fausto Silva, o Faustão. Marília conta que o pai de Fausto trabalhava junto com seu tio Miguel Borelli na Coletoria e por isso, as famílias se tornaram próximas durante o período. Dona Cordélia então, foi convidada por Dona Isa Mondim para dar aulas particulares de inglês à pequena Marília. Foi aí que o apreço pela língua começou.
"Eu cheguei em casa e falei: mãe, eu vou ser professora de inglês!" - Foi assim, com determinação, que Dona Marília traçou boa parte de sua trajetória. Sua primeira escola foi na cidade de Leme, no colégio estadual Nilton Prado. 24 aulas de Português na semana. Em seguida, começou a lecionar também em Porto, no Gonso, Noraide e no Pedrina. Se efetivou no Gonso e por lá lecionou inglês e português por 19 anos.
Em 1985 o Colégio John Kennedy se instalou em Porto Ferreira e um ano depois, em 1986, Dona Marília começou sua trajetória na escola dando aula de inglês. Ficou 18 anos lecionando Inglês na instituição e com a aposentadoria da professora Vanilce Vicentini assumiu também as aulas de Português. Ao todo, foram 34 anos no Colégio.
"Quem me tirou da sala de aula foi o vírus, que se achou pertencente à realeza e com aquele poder que ele tem, conseguiu me tirar da sala de aula". A dedicação pelo ensino que atravessou décadas e inspirou gerações sempre foi feito com o mesmo carinho de sempre. "Nunca fiz diferença ao meu jeito de ensinar em qualquer escola, eu sou professora e a sala de aula é minha praia". Tudo isso, segundo ela, é herança de seu pai, Mário Borelli Thomaz, "uma figura excepcional".
Por Felipe Lamellas
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