No dia dos professores, conheça a trajetória do Sr. Neguinho, um dos mais tradicionais professores de nossa cidade

Publicada no JORNAL DO PORTO dia 15-10-2021

No dia dos professores, conheça a trajetória do Sr. Neguinho, um dos mais tradicionais professores de nossa cidade


Com os cabelhos grisalhos, o olhar profundo e sereno, o bigode bem aparado e duas canetas no bolso esquerdo da camisa, aos 79 anos de idade, já no fim da entrevista realizada na antiga Estação Fepasa, Apparecido Afonso Espiríto Santo, o Sr. Neguinho, em um momento de reflexão, fala sobre a oportunidade que teve de conviver por tantos anos com professores e professoras de nossa cidade.

"O professor em todo lugar é um exemplo. Ele tem que ser um exemplo. O professor faz o futuro do Brasil. O professor faz a nossa sociedade, por que eles tem cultura. O professor nasce para ensinar, ele se doa, ele faz o aluno a sua imagem... Professor para mim é o máximo", conclui ele, com o olhar distante depois de um longo período de silêncio.

A fala é de quem conhece muito bem a classe e o chão, sujo de giz, da sala de aula. O popular Professor Neguinho, apelido que o consagrou e que carrega consigo há muitos anos, nasceu em Porto Ferreira em 1942 e trabalhou como Diretor por quase três décadas na EMEFM Mário Borelli Thomaz, a famosa Escola de Comércio.

Antes disso, trabalhou no escritório de contabilidade Borelli Lamellas, no departamento de pessoal da Cerâmica Porto Ferreira e como bancário por 21 anos no tradicional Banco do Bandeirantes do Comércio. Lecionou em diversas escolas do município, como no Noraide Mariano, na Pedrina Pires Zadra, no Washington Luís e no Djalma Forjaz. Mas foi na Escola de Comércio, que o professor Neguinho fez história.

Antes de se tornar Diretor em Janeiro de 1986, Apparecido Espírito Santo, deu aula por nove anos na instituição que viria a se tornar, como ele mesmo conta, sua segunda casa. Foram 26 anos na administração da escola que se tornou referência na cidade e que formou gerações de cidadãos ferreirenses.

Dos 59 anos da Mario Borelli Thomaz, fundada em 1962, 35 deles foram na companhia do Sr. Neguinho. "Foi parte da minha vida. Foi um caso especial. Eu vivi ali. Eu fiz dela a extensão da minha casa. Eu conheço cada palmo daquele chão", se recorda.

Em tantos anos de experiência, o esposo da também professora Neli Aparecida Carandina Espírito Santo, acumulou histórias e viu crescer, entre os corredores e as salas com piso de madeira, a lenda e o respeito em torno de seu nome. Certa vez, em uma formatura, conta ele, testemunhou a presença de três gerações de ex-alunos. A formanda, a mãe da formanda e a avó da formanda, todas, eram ex-alunas do professor Neguinho.

Além da escola, outra grande paixão de Espírito Santo é a cidade de Porto Ferreira. Como ele mesmo diz, é ferreirense da gema e nasceu em uma casinha ainda de pé, no centro velho de nossa cidade. Se recorda, com clareza, das passagens de sua mocidade na terra do balseiro. "Vivi e vivo até hoje aquela Porto Ferreira de minha infancia".

Aluno do Grupo Escolar Sud Mennucci, fala com carinho da professora Dona Gladis e dos colegas de sala de aula, como o Adalberto, João Bezerra, Maria Olga, Nininha, Vivinha, Olimpinha, Lúcia Forjaz, Bete Lamellas. "São parte da minha vida".

Se recorda ainda, dos trens da paulista, do posto da Nestlé, da Máquina de Arroz, das touradas, do Buracão com os circo dos Irmãos Nogueira, destruído por um vendaval e reconstruído pela solidariedade do povo ferreirense, da jaqueira no quintal do velho Diniz, da inauguração do Posto de Puericultura com a presença de Assis Chateaubriand, do Cine São Sebastião e também do Cine Recreio, da inauguração da primeira caixa d' água suspensa, na gestão de Manoel da Silva Oliveira e da queda de um avião teco teco na rua Vicente José de Araújo, perto da capela de São Benedito.

Entre tantas outras memórias, está o carinho pela cidade que o acolheu. "Porto Ferreira viu nascer meus pais, viu nascer a nós e viu nascer meus filhos. Isso tudo faz com que a terra de João Ferreira, seja o nosso torrão sagrado".

Homenagem do projeto Porto de Memórias, a todos os professores e professoras de nossa cidade que ajudam a construir uma cidade e um mundo melhor.

O projeto Porto de Memórias, busca resgatar e preservar a história da cidade de Porto Ferreira, por meio de entrevistas que eternizam as lembranças e memórias de personagens marcantes do município e é idealizado pelo jornalista Felipe Lamellas.