Herdeiro da Samsung será colocado em liberdade condicional

Herdeiro da Samsung será colocado em liberdade condicional
Jay Y. Lee foi condenado a dois anos e meio de prisão em janeiro de 2021 por caso de corrupção envolvendo ex-presidente da Coreia do Sul. Lee Jae-yong, vice-presidente da Samsung Electronics, chega a tribunal para uma audiência em Seul, Coreia do Sul, nesta segunda-feira (5)

Ahn Young-joon/ AP

O herdeiro e vice-presidente da Samsung, Jay Y. Lee, atualmente preso, vai se beneficiar da liberdade condicional antecipada no final desta semana, de acordo com um anúncio feito pelo Ministério da Justiça da Coreia do Sul nesta segunda (9).

A medida foi tomada para diminuir as preocupações com um possível vácuo de poder à frente da empresa. De acordo com a Forbes, Jay Y. Lee é a 188ª pessoa mais rica do mundo, com uma fortuna estimada em US$ 12,4 bilhões.

Atualmente, ele cumpre pena de dois anos e meio de prisão, após ser condenado em janeiro em um escândalo de corrupção envolvendo a ex-presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye. (Leia mais abaixo.)

Os pedidos de liberdade antecipada se multiplicaram nos últimos meses, vindos de políticos e de líderes empresariais, preocupados com as consequências da pandemia do coronavírus na economia sul-coreana, segundo a agência de notícias AFP.

O vice-presidente da Samsung Electronics "está entre as pessoas que receberão liberdade condicional, devido à situação econômica nacional e à prolongada pandemia de coronavírus", declarou o ministro da Justiça, Park Beom-kye, à imprensa.

Sua soltura tem o objetivo de dissipar as preocupações com o processo de tomada de decisões na Samsung, empresa que está entre as maiores fabricantes mundiais de chips e smartphones.

Tradicionalmente, a Coreia do Sul concede benefícios nesta época do ano, pois celebra o Dia da Independência em 15 de agosto. O Ministério da Justiça do país asiático revelou que, este ano, 810 pessoas ganharão a liberdade condicional.

A decisão foi tomada "com base em vários fatores, incluindo o sentimento da população e seu comportamento na prisão", explicou Beom-kye aos repórteres.

De acordo com a imprensa sul-coreana, Jay Y. Lee tem sido um "prisioneiro modelo". Além disso, uma mudança das regras, que entrou em vigor em agosto, permite reduzir a duração da pena que os detentos devem cumprir para, então, terem direito à liberdade condicional.

Oficialmente, Jay Y. Lee é o vice-presidente da Samsung Electronics. Na realidade, porém, foi ele que assumiu a liderança do conglomerado desde que seu pai, Lee Kun-hee, o arquiteto da decolagem global do grupo, renunciou por problemas de saúde. O patriarca faleceu em outubro.

Histórico do processo

O processo de Lee começou em 2017, quando ele foi julgado por subornar uma autoridade ligada à ex-presidente da Coreia do Sul, Park Geun-hye.

SAIBA MAIS: Entenda o escândalo que derrubou a ex-presidente da Coreia do Sul em 2016

O herdeiro da Samsung cumpriu um ano de prisão e saiu após um tribunal de apelações suspender o processo em 2018.

Em 2019, a Suprema Corte do país ordenou que o executivo de 52 anos fosse julgado novamente, o que resultou na condenação de 30 meses de prisão.

Com parte da pena já cumprida, Lee poderia solicitar liberdade condicional a partir de setembro, mas agora isso foi antecipado em um mês.

Escândalo com ex-presidente

A Samsung é, de longe, o maior dos "chaebols", os impérios industriais familiares que dominam a a Coreia do Sul. Seu faturamento global representa um quinto do Produto Interno Bruto (PIB) do país e é crucial para a saúde econômica do país.

O caso envolvia milhões de dólares que o grupo pagou a Choi Soon-sil, uma confidente da então presidente.

Os subornos foram supostamente destinados a facilitar a transição de poder para o chefe do conglomerado, quando o patriarca Lee Kun-hee estava acamado após um ataque cardíaco em 2014.

Em maio de 2020, o herdeiro se desculpou publicamente na mídia, em particular pelo polêmico processo de sucessão que lhe permitiu assumir a liderança do grupo fundado por seu avô Lee Byung-chull.

Lee Jae-yong havia até prometido que seria o último na linha de sucessão familiar e que seus filhos não herdariam a companhia. Seu pai e avô também tiveram problemas com a lei, mas nenhum deles cumpriu pena de prisão.