Entenda como a segurança de aplicativos funciona em casos de roubo e sequestro

Entenda como a segurança de aplicativos funciona em casos de roubo e sequestro
Tira-dúvidas explica por que a segurança dos apps é apenas um dos elementos que protegem o seu dinheiro. Se você tem alguma dúvida sobre segurança da informação (antivírus, invasões, cibercrime, roubo de dados etc.), envie um e-mail para [email protected]. A coluna responde perguntas deixadas por leitores às terças e quintas-feiras.

Mecanismos de segurança digitais nem sempre protegem contra violência e roubo no mundo real.

Pierre Amerlynck/Freeimages.com

Primeiramente, elogio a dedicação de anos em uma coluna tão bem estruturada, informativa e sempre atual. Muito bom poder acompanhar isto, parabéns!

Estava ontem conversando com a minha mulher quando soubemos que um vizinho foi sequestrado e ficaram horas rodando com ele para fazer saques. Esta semana, a Globo noticiou o aumento de sequestros e este foi o tema da conversa com minha mulher.

O que podemos fazer para diminuir a nossa exposição em casos assim já que 100% da nossa vida financeira está no celular? Eu devo ser um caso à parte pelo número excessivo de apps, mas até uma pessoa mais normal tem pelo 3 apps.

O cenário mais plausível é realmente de ser pego pelos bandidos? O que fazer para minimizar os riscos? Seria o caso de não ter nenhum app? – Gabriel

Sua preocupação é válida, Gabriel. Mas, em um cenário de sequestro relâmpago, como você relatou, a prioridade é a sua integridade física. A segurança do celular é secundária.

Este blog é sobre segurança digital e não pode dar conselhos sobre como agir nesse tipo de situação. Em casos de sequestro, quem deve orientar a família da vítima é a polícia.

Contudo, este blog pode explicar que cenários extremos de violência não podem ser resolvidos por um bloqueio ou senha.

As medidas de proteção adotadas por apps (financeiros ou não) funcionam bem contra furtos de ocasião, nos quais o criminoso leva apenas o aparelho. O bloqueio de tela e medidas próprias dos apps (incluindo senhas) impedem transferências não autorizadas e evitam o prejuízo – especialmente se o ladrão não tiver acesso às senhas.

Como este blog sempre lembra, o bloqueio de tela é a medida de segurança mais importante de todas em um smartphone. O bloqueio protege todos os aplicativos e ganha tempo para que você possa eliminar os dados do telefone e inutilizar todos os aplicativos.

Se você não usar esse tempo para eliminar os dados com um comando remoto, você estará novamente deixando seus dados em risco. Lembre-se: seu telefone tem vários outros dados – incluindo suas conversas e e-mail – que podem ser usados para aplicar fraudes ou descobrir suas senhas.

Se você alguma vez enviou ou recebeu uma senha por e-mail ou conversa, é muito provável que os criminosos consigam localizar essa senha tendo o seu telefone desbloqueado em mãos. Seus dados pessoais, por outro lado, podem ser retirados de qualquer nota fiscal das compras que você faz on-line.

No Android, é possível desativar os comandos remotos em um celular desbloqueado com certa facilidade.

Com o celular em mãos, o ladrão às vezes pode ter tudo o que precisa para redefinir senhas ou burlar a segurança de outra forma, ainda que não seja possível desativar o rastreamento do celular.

Como você pode ver, a segurança de um aparelho desbloqueado é baixa quando comparada a de um aparelho bloqueado. Mas mesmo um aparelho bloqueado pode ser burlado, dependendo de alguns fatores – e aí que a exclusão remota dos dados tem papel fundamental.

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Um sequestro é diferente. Da mesma forma que o criminoso recorre à violência física para que você não fuja, ele pode obrigá-lo a informar suas credenciais ou autorizar a biometria.

O criminoso pode saber de qual banco você é cliente olhando até o cartão de crédito ou débito que você possui – deixar de ter um aplicativo no smartphone não vai resolver.

Por fim, mesmo que você não carregue cartões nem celular, há muitos outros desfechos possíveis – inclusive com risco para a sua vida. Essas situações são muito delicadas e imprevisíveis.

Opção para limpar dispositivo no 'Encontre meu dispositivo' do Google. Recurso deve ser ativado imediatamente após um roubo.

Reprodução

Apesar desses riscos, vale lembrar que você não está correndo um perigo maior apenas por utilizar um aplicativo financeiro. Um criminoso que é capaz de obrigar você a sacar dinheiro ou transferir recursos usando um app também poderia levar o dinheiro em papel na sua carteira.

Por outro lado, os aplicativos e tecnologias de pagamento (cartões, pagamento por aproximação etc.) permitem que você saia de casa com pouco ou nenhum dinheiro.

Graças a isso, furtos de ocasião se tornam menos interessantes e, com o bloqueio de tela e o cancelamento dos cartões, seu dinheiro estará mais seguro do que na carteira comum.

O problema maior ocorre quando você precisa usar o celular com muita frequência em locais expostos, especialmente com aplicativos de GPS.

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Segurança além dos aplicativos

É essencial lembrar que existem outras medidas de segurança, além do digital e dos aplicativos. O policiamento e a segurança pública são exemplos.

Agências bancárias normalmente têm câmeras de vigilância para que ladrões não consigam entrar e sacar dinheiro sem deixar algum rastro. Apps financeiros dispõem de tecnologias para detectar movimentações suspeitas, além de ser possível cancelar ou rastrear certas transferências.

No início de junho, o Banco Central publicou uma resolução para delinear como será possível cancelar transações feitas com o Pix. A medida deve começar a valer em novembro e, provavelmente, será aprimorada ao longo do tempo.

Por fim, também existem opções de seguros contra sequestro, roubo e extorsão. Dependendo do que você tem a perder e do risco que você corre em suas atividades diárias, a contratação desse tipo de serviço também deve ser considerada.

Nossa segurança deve ser pensada em camadas. Quando certos riscos não podem ser totalmente eliminados, eles devem ser controlados – seja com limites em suas contas bancárias ou com seguros e vigilância particular.

Evitar o uso de certos aplicativos (até com um celular dedicado a serviços financeiros) também pode ajudar, mas – como dito antes – não vai ter necessariamente o efeito esperado em todas as circunstâncias.

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