Denúncias contra homofobia na internet crescem 106% nos primeiros seis meses de 2021
Alta na quantidade de ameaças e ofensas à população LGBT entre janeiro e a primeira metade de junho foi registrada em levantamento da ONG SaferNet. Central investiga ataques homofóbicos na internetAs denúncias contra homofobia na internet registraram alta de 106% entre janeiro e a primeira metade de junho de 2021, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os dados são da ONG SaferNet, que atua no combate aos crimes virtuais.A Central Nacional de Denúncias de Crimes Cibernéticos da SaferNet recebeu 2.529 denúncias de homofobia na internet desde o início de 2021. Neste mesmo intervalo em 2020, a associação havia registrado 1.226 denúncias. “Nós tivemos nos últimos anos um avanço muito significativo na conquista de direitos civis especialmente da população LGBT”, disse a diretora da SaferNet, Juliana Cunha. “Isso faz com que haja uma espécie de reação e uma tentativa de retrocesso dessas conquistas”. Em São Paulo, a Parada do Orgulho LGBT teve de adotar mecanismos para impedir a publicação de comentários homofóbicos durante a transmissão ao vivo na internet. Os organizadores afirmaram que, na edição de 2020, foram mais de 200 mensagens com ameaças de morte à população LGBT na transmissão do evento. Os autores destes comentários estão sendo identificados e o caso será denunciado ao Ministério Público Federal (MPF).Na Parada do Orgulho LGBT de 2021, realizada no último dia 6 de junho, uma equipe de técnicos usou filtros da rede social em que a transmissão foi realizada para bloquear mensagens com ameaças e ofensas. As mensagens que escapavam dos filtros eram apagadas manualmente pelos técnicos. Facebook libera mais recursos para administradores controlarem o que é publicado em gruposO vice-presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, Renato Viterbo, apontou que, com as mudanças, não encontrou nenhum tipo de ameaça mais grave durante as 8 horas de transmissão. “A nossa preocupação não é afrontar a sociedade, e sim ser feliz da maneira que nós somos, da maneira que nascemos”, afirmou.