França multa Google em 220 milhões de euros por favorecimento aos seus serviços na publicidade on-line

França multa Google em 220 milhões de euros por favorecimento aos seus serviços na publicidade on-line
Para agência reguladora da concorrência, empresa se aproveitou de informações privilegiadas para dar tratamento preferencial a suas tecnologias. Fachada do Google em um dos complexos de escritórios da empresa em Irvine, Califórnia, nos Estados Unidos

Mike Blake/Reuters/Arquivo

A agência reguladora para a concorrência na França anunciou nesta segunda-feira (7) uma multa de 220 milhões de euros (cerca de R$ 1,3 bilhão) contra o Google. O órgão considerou a empresa culpada por favorecer seus próprios serviços no setor de publicidade on-line.

O Google "não questionou os fatos" e a multa foi decidida no âmbito de um acordo amigável com os três meios de comunicação que o acusaram: o grupo americano News Corp, dono do "The Wall Street Journal"; o jornal francês "Le Figaro"; e o grupo belga de mídia Rossel.

As empresas acusaram o Google de ter monopolizado a venda de publicidade na internet.

"A autoridade (reguladora francesa) constatou que o Google deu tratamento preferencial a suas tecnologias apresentadas sob a marca Google Ad Manager", indicou o órgão francês.

"As práticas questionadas são particularmente graves porque afetaram os concorrentes do Google no mercado das SSP [plataformas nas quais os veículos de mídia colocam à venda seus espaços publicitários] e os editores de sites e aplicativos móveis", continuou a decisão.

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O processo atinge a chamada publicidade programática, em que anunciantes compram em tempo real o direito de exibir sua publicidade com base no seu perfil dos internautas. Os anunciantes compram esses espaços em plataformas automatizadas de leilão, incluindo a do Google.

A empresa americana também está presente em outros segmentos desse mercado, como os servidores de anúncios, que permitem aos sites colocar espaços à venda nas plataformas de leilões.

Google 'distorceu o processo'

A presidente da Autoridade da Concorrência da França, Isabelle de Silva, afirmou que o Google usou sua "integração vertical" para "distorcer o processo" e "aproveitá-lo de forma indevida".

Ela afirmou que, por meio de seus servidores de publicidade instalados em sites, o Google pode descobrir, por exemplo, os preços das plataformas de leilão concorrentes e oferecer taxas mais atraentes.

Por sua vez, o Google indicou que chegou a um acordo com o órgão regulador para buscar algumas soluções que melhorassem o funcionamento do mercado de publicidade online.

"Vamos testar e desenvolver essas modificações nos próximos meses antes de implementá-las de forma mais ampla, algumas em escala global", declarou Maria Gomri, diretora jurídica do Google na França, no blog da empresa.

A Alphabet, controladora do Google, teve um volume de negócios de US$ 55,31 bilhões (R$ 277,8 bilhões) no primeiro trimestre de 2021, sendo a maior parte relacionada à publicidade on-line. As práticas da empresa são objeto de investigação por parte das autoridades de vários países.

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