Portal de Notícias Administrável desenvolvido por Hotfix

Pop e Arte

Tema de live de Teresa Cristina, obra de Sueli Costa resiste ao tempo, impregnada de sensibilidade


Compositora é dona de cancioneiro delicado, amplificado pelas vozes de cantoras como Maria Bethânia e Simone. ? ANÁLISE – É difícil, mas pode até ser que alguns seguidores das cantoras Maria Bethânia, Nana Caymmi e Simone desconheçam a face de Sueli Costa. Já a obra da compositora mineira está entranhada na memória afetiva de quem conhece a MPB dos anos 1970 e 1980.

Tema da live apresentada por Teresa Cristina na noite de segunda-feira, 18 de janeiro, o cancioneiro de Sueli Costa resiste ao tempo por conservar intacta a beleza poética que faz desse repertório uma das maiores riquezas da música brasileira.

Sueli Costa é preferencialmente melodista. E nessas melodias, de fina costura harmônica, há toda uma delicadeza e uma sensibilidade femininas que se afinam com os versos dos parceiros poetas, homens tocados pela mesma ternura antiga. Aliás, é impossível escrever sobre Sueli Costa sem mencionar os versos de letristas do alto quilate poético de Abel Silva, Aldir Blanc (1946 – 2020), Cacaso (1944 – 1987), Paulo César Pinheiro e Tite de Lemos (1942 – 1989).

Na live de Teresa Cristina, convidados como o cantor Zé Renato entraram em cena para dar voz a músicas como Vamos dançar, parceria de Sueli com João Medeiros Filho, apresentada pela compositora no primeiro álbum da artista, Sueli Costa (1975).

Sim, além de compor e tocar piano (instrumento adotado após incursões juvenis pelo violão), Sueli Costa também canta e embute todo o sentimento na voz pouco volumosa, cujo alcance maior vem da emoção da artista.

Contudo, é inegável que a obra de Sueli Costa foi amplificada em todo o Brasil nas vozes de grandes cantoras. Maria Bethânia foi pioneira ao incluir nada menos do que três músicas da então desconhecida compositora no roteiro do definidor espetáculo Rosa dos ventos – O show encantado (1971), sendo seguida por Elis Regina (1945 – 1982), intérprete de Vinte anos blue (Sueli Costa e Vitor Martins, 1972) e, mais tarde, de petardos afetivos como Altos e baixos (Sueli Costa e Aldir Blanc, 1979).

Foi pela voz de Bethânia que as primeiras músicas de Sueli começaram a ganhar o Brasil. Coração ateu (1975) – em gravação feita para a trilha sonora da versão original da novela Gabriela (TV Globo, 1975) – e Amor, amor (Sueli Costa e Cacaso, 1976) fizeram sucesso em época em que a MPB dava as cartas no mercado fonográfico.

Simone chegou depois, mas logo se tornou a intérprete mais popular das músicas de Sueli Costa, lançando pérolas aos povos como Face a face (Sueli Costa e Cacaso, 1977), Jura secreta (Sueli Costa e Abel Silva, 1977), Medo de amar nº 2 (Sueli Costa e Tite de Lemos, 1978), Cordilheira (Sueli Costa e Paulo César Pinheiro, 1979), Música, música (Sueli Costa e Abel Silva, 1980) e Alma (Sueli Costa e Abel Silva, 1982).

Na voz de Simone, a música de Sueli Costa ganhou dramaticidade sem diluição da delicadeza – traço fundamental na obra da artista.

Paralelamente à supremacia popular de Simone, Nana Caymmi foi se impondo como uma das grandes intérpretes de Sueli Costa ao dar voz a músicas como Fingidor (1977), Pérola (Sueli Costa e Abel Silva, 1980), Nem uma lágrima (1981), Voz e suor (Sueli Costa e Abel Silva, 1983), Primeiro altar (Sueli Costa e Abel Silva, 1988) e Sabe de mim (música de 1979 propagada pela cantora no álbum Bolero, de 1993).

Valorizada pela aparição, ao fim, da própria Sueli Costa, a live de Teresa Cristina sobre a compositora mostrou que ainda há lugar no embrutecido Brasil de 2021 para a sensibilidade atemporal do cancioneiro de Sueli Costa.

G1

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!

Assine o Portal!

Receba as principais notícias em primeira mão assim que elas forem postadas!

Assinar Grátis!