Caso Lucilene: desaparecimento completa um ano sem solução

O desaparecimento da empresária Lucilene Maria Ferrari completa um ano

Caso Lucilene: desaparecimento completa um ano sem solução

O desaparecimento da empresária Lucilene Maria Ferrari, aos 48 anos, completa um ano sem soluções. Os passos mais recentes na investigação do caso relacionam o sumiço da empresária ao de outras duas vítimas, Morgana e Júlia, desaparecidas na mesma região.

Lucilene sumiu na véspera de Natal do ano passado, quando deixou sua casa em Porto Ferreira, no interior de São Paulo, e nunca mais voltou. Ela disse que passaria a ceia na casa da irmã em Descalvado, uma cidade vizinha, mas desapareceu sem deixar pistas.

O principal suspeito do possível crime é Vanderlei Meneses, com quem a mulher mantinha um relacionamento, segundo a família, e sócio do hotel de propriedade de Lucilene. Ele foi preso temporariamente em 29 de fevereiro, mas deixou a prisão 60 dias depois e nega ter cometido qualquer crime.


O sumiço - Foi Vanderlei quem registrou o sumiço de Lucilene na delegacia de Porto Ferreira, três dias após a noite em que ela desapareceu. Ela teria saído com R$ 1.550 e apenas a roupa que vestia. Segundo o suspeito relatou ao R7 à época, ela foi vista nas imediações da rodoviária da cidade.

A família também cogitou que Lucilene pudesse ter ido visitar o filho, Wermerson Ferreira da Silva, que está preso, mas o CDP da cidade de Pacaembu informou à família que a última vez em que ela esteve no presídio foi em agosto de 2019. Lucilene nunca tinha sumido antes, não é usuária de drogas, não tem nenhum vício ou problema de saúde.

O caso pareceu aproximar-se de uma resolução em 7 de maio, quando um corpo foi encontrado num matagal da região. À época, a Polícia Civil suspeitou que a ossada fosse de Lucilene, mas era de outra mulher.

O corpo é da dona de casa Morgana da Silva, de 52 anos. Morgana teve dois filhos com o último marido, com quem viveu por mais de 20 anos. Os dois foram tirados do casal pelo Conselho Tutelar em razão de brigas e por falta de cuidados. Morgana ainda tinha contato com o mais novo, que visitava diariamente.

Segundo a família, a dona de casa já havia prestado queixa na polícia contra o último marido. Brigas e ameaças faziam parte da rotina do casal, de acordo com parentes. O sumiço de Morgana foi registrado na polícia pelo próprio marido. O viúvo nega acusações de agressão à esposa. Diz que amava ela, pois era mãe de seus filhos e que cuidava dela quando Morgana tinha crises de alcoolismo.

No dia de seu desaparecimento, em 22 de março, Morgana saiu para ir ao cabeleireiro. Por conta dos problemas de mobilidade, vizinhos e familiares descartam a possibilidade dela ter caminhado até um local próximo de onde a ossada foi encontrada.

A ossada de Morgana foi encontrada por um homem que operava uma retroescavadeira em um terreno às margens de uma rodovia. A área é a mesma que a polícia já havia vasculhado em busca de Lucilene, inclusive com a ajuda de cães farejadores. Vanderlei, principal suspeito do sumiço de Lucilene, passou pelo local na noite do sumiço da empresária. Mas, na época, o terreno muito alagado dificultou as buscas.

A hipótese do corpo ser de Lucilene foi descartada pela presença de duas próteses. Uma, na perna direita. Outra, no braço. De acordo com a família, as próteses foram resultado da violência de um dos ex-namorados. Outras complicações de saúde a deixaram bem debilitada. Ela andava devagar e não enxergava direito.

A motivação e a autoria do assassinato de Morgana ainda são desconhecidas.

O desaparecimento de uma terceira vítima também é investigado. Júlia Cassange de Oliveira, de 16 anos, saiu de casa em 23 de dezembro de 2018, um ano antes do sumiço de Lucilene, para tomar sorvete com uma amiga mais velha e sumiu após entrar em um carro e virar a esquina de casa. A amiga nunca conseguiu explicar o que aconteceu, mas apontou um homem que poderia ter atraído a jovem para uma atividade sexual. O homem que, segundo vizinhos, teria contratado um programa com as duas, também foi ouvido. Ele negou a hipótese e saiu pela porta da frente da delegacia.

De acordo com o Cidade Alerta, da Record TV, tudo indica que a adolescente caiu em uma rede de prostituição e esse esquema pode ligá-la a um personagem do caso Lucilene, Ragel de Paula, amigo do principal suspeito da morte da empresária, Vanderlei. Os dois homens se conheceram há dez anos, em uma empresa onde trabalharam. Após deixar a cadeia, onde passou dois meses, Vanderlei ficou na casa de Ragel.

A família de Lucilene desconfia que o elo entre os casos seja Ragel, que teve o celular apreendido pela polícia. Uma possível ligação entre Ragel e Morgana também é investigada. A suspeita é que Morgana tinha uma dívida com o suspeito. A reportagem da Record TV esteve na casa de Ragel, onde a mãe dele informou que ele estava em Cajuru, a 100 km de Porto Ferreira, e que o delegado responsável pelo caso descartou a hipótese de envolvimento dele com o crime. O advogado dele, que é o mesmo de Vanderlei, informou que Ragel não vai se pronunciar sobre o caso.


Relacionamento - Segundo a família de Lucilene, a desaparecida reclamava muito do companheiro. Ele tinha assumido a administração de um hotel do qual Lucilene é proprietária, e toda vez que ela precisava de dinheiro, tinha que pedir para companheiro. Lucilene reclamava também do trabalho misterioso de Vanderlei. Ele saia de casa todos os dias às 23h para trabalhar em uma empresa, mas a empresária nunca acreditou na versão dele.

Vanderlei nega qualquer relacionamento íntimo com Lucilene, mas trocas de mensagens entre os descobertas pelo Cidade Alerta, da Record TV, mostram o contrário. Os recados registrados no celular da empresária, entre fotos e textos, mostravam uma relação íntima entre os dois. A empresária dizia sentir saudades, em dormir juntos "de conchinha", chamava Vanderlei de "mor" e, por ele, era chamada de bebê.

As mensagens armazenadas no celular da empresária revelam um fato inédito: a uma amiga, ela contava que estava sendo traída por Vanderlei, que teria uma outra mulher em sua vida. Disse, inclusive, que chegou até esta mulher e descobriu de quem era o carro que Vanderlei usava no dia a dia.


Família suspeita de Vanderlei - Para os familiares de Lucilene, a hipótese considerada desde o desaparecimento é que a responsabilidade sobre o caso seja de Vanderlei.

Segundo eles, testemunhas presenciaram uma briga entre a empresária e o homem no início da noite em que Lucilene desapareceu.

Um dos hóspedes, que optou por não se identificar, disse que ficou quatro dias no hotel desde o dia 25 de dezembro, e afirmou ter notado um comportamento estranho por parte de Vanderlei.

Ele era um dos álibis do sócio do hotel e suspeito do crime, que disse estar no local por volta das 19h do dia 24, aguardando a chegada do hóspede, que relatou, na verdade, ter marcado para chegar ao estabelecimento na madrugada seguinte.

A perícia encontrou manches de sangue em alguns locais do hotel e também no carro de um hóspede, que teria sido usado por Vanderlei.

Fonte: Hora 7.