Emicida reforça, com delicadeza, o discurso encorajador de Ivete Sangalo no single 'Mulheres não têm que chorar'

Emicida reforça, com delicadeza, o discurso encorajador de Ivete Sangalo no single 'Mulheres não têm que chorar'
Gravação produzida pelo DJ Duh é a segunda colaboração do rapper com a cantora. Capa do single 'Mulheres não têm que chorar', de Ivete Sangalo com Emicida

Divulgação

Resenha de single

Título: Mulheres não têm que chorar

Artistas: Ivete Sangalo e Emicida

Compositores: Tiê Castro, Guga Fernandes e Emicida

Edição: Universal Music

Cotação: * * *

? Emicida tem descontruído a imagem do rapper marrento, com fama de mau, que se tornou figura recorrente – e por vezes estereotipada – no universo ainda predominantemente masculino do hip hop.

Segundo single gravado pelo rapper com Ivete Sangalo, Mulheres não têm que chorar chega ao mundo nesta sexta-feira, 30 de outubro, um mês após a primeira colaboração dos artistas, Trevo, figuinha e suor na camisa (Nave e Emicida, 2020), música apresentada em setembro, sem pegada, mas com as mesmas boas vibrações desse segundo single do rapper paulistano com a cantora baiana.

Gravada com produção musical do DJ Duh, com batida leve que tangencia a cadência de R&B de cepa mais pop, a composição de Tiê Castro e Guga Fernandes soa como canção motivadora para mulheres que precisam de reforço na autoestima para levantar da cama e ir à luta em mundo ainda regulado por leis e códigos machistas.

A letra se dirige diretamente ao público feminino. O rap de Emicida entra, a dez segundos do segundo minuto da gravação, para reforçar o recado sem quebrar a leveza da gravação. Ao contrário: o rapper manda sinais de delicadeza, sob a ótica masculina, em discurso motivador que se afina com o tom encorajador do single Mulheres não têm que chorar.

"Até mesmo depois da noite mais escura, o sol sempre vem", enfatiza Emicida, antes de Ivete voltar a repetir o verso-refrão-título Mulheres não têm que chorar. As boas intenções e vibrações da faixa compensam alguns clichês da letra, necessária em um Brasil tristemente conhecido pela violência cotidiana contra as mulheres.