Ademara faz sucesso com humor e pitada de crítica social, mas lamenta agressividade dos haters

Ademara faz sucesso com humor e pitada de crítica social, mas lamenta agressividade dos haters
'São muitos homens falando coisas muito pesadas. Não é só o fato de me chamar de feia'. G1 publica entrevistas com mulheres que estão fazendo sucesso com humor em vídeos curtos. Ademara

Reprodução/Instagram

O primeiro post foi no Twitter, amplificado por vários compartilhamentos no Instagram. Ali, surgiram muitos pedidos para Ademara entrar para o TikTok e publicar seus vídeos de humor com uma pitada de crítica social.

O início dessa trajetória nas redes sociais se deu no começo da pandemia do coronavírus, quando a atriz e jornalista de 24 anos estava de home office.

Hoje, ela soma mais de 84 mil seguidores no TikTok, 190 mil no Instagram, 110 mil no Twitter e assinou contrato com o estúdio de criação Play9, com Felipe Neto como um dos sócios.

"Eu faço teatro há dez anos e sou jornalista também, mas eu nunca tinha pensado em produzir conteúdo para internet, na verdade. Porque existe todo esse ambiente mais delicado de uma relação um pouco mais difícil de se construir", conta Ademara ao G1.

"E aí eu tinha muita apreensão quanto a isso, principalmente porque eu ia falar sempre de temas mais politizados, pelo fato de eu me preocupar muito com isso na minha vida em geral."

O G1 publica nesta semana entrevistas com mulheres que estão fazendo sucesso com humor em vídeos curtos nas redes sociais.

Mulheres que estão fazendo sucesso com vídeos de humor

A ideia de começar a produzir os vídeos surgiu como uma alternativa de isolamento para os planos de stand-up que Ademara começou a escrever.

Ela estudou comédia no Tablado com Fernando Caruso. Natural de Igarassu, litoral norte de Pernambuco, Ademara, se mudou para o Rio para trabalhar com jornalismo.

Em sua trajetória profissional na cidade, vivenciou situações de xenofobia. "O que passei, o que acabei experienciando, deu a cartada final para criação desses textos e consequentemente desses personagens."

O primeiro vídeo publicado foi imitando um meme de uma menina reclamando do Enem. "Comecei a ganhar muito seguidor no Instagram, aí entendi que talvez as pessoas se interessassem pelo que eu podia construir."

"Eu podia aproveitar esses textos que eu tinha de stand-up para criar um conteúdo virtual mesmo, porque eu não sabia e não sei ainda quando é que eu vou poder apresentar fisicamente. Aí foi assim que começou."

Altos e baixos

Ademara

Reprodução/Instagram

Em agosto, Ademara saltou, em apenas 20 dias, de 24 mil para 100 mil seguidores no Instagram. E celebrou. "Eu acho que isso é uma legitimação do que eu sempre fiz, mas não me dedicava quanto eu queria."

"Claro que você tem sempre um ou outro amigo que incentiva, ou um ou outro familiar que incentiva, mas no momento em que eu expus, que as pessoas chegaram com essa velocidade até mim, realmente me senti mais legitimada a acreditar no que estou fazendo."

"Porque tem a famigerada síndrome do impostor, que chegas aqui e diz assim: 'será que é tudo isso mesmo, será que és boa de fato?'. Então o fato de tanta gente chegar nessa velocidade meio que afirma isso pra mim, na verdade."

Com o aumento de seguidores, também surgiu a parte negativa da fama na internet. Ademara teve seu perfil hackeado e se viu diante de ataques virtuais. "Eu já tenho muito hater, no Twitter principalmente, que soltam comentários tanto de xenofobia, quanto de machismo."

"É complicado pra mim. São muitos homens falando coisas muito pesadas. Não é só o fato de me chamar de feia ou dizer que o humor é ruim, é chegar com uma agressividade muito sem sentido que me machuca", diz ela.

Marca registrada

Desde que começou a fazer sucesso nas redes, Ademara já recebeu diversas ilustrações suas feita por seguidores. Em todas, a jornalista é retratada com a mecha de fios brancos no cabelo.

Ademara conta que pintou uma pequena mecha para o carnaval de 2020 e quando começou a fazer os vídeos, quase no mesmo mês, as pessoas começaram a comentar sobre o visual.

"Percebi que aquilo causava também uma diferenciação, sabe, era parte da minha identidade nas redes. Aí passei a pintar mais partes do cabelo e aí tenho hoje duas grandes partes brancas e eu percebi que causava uma identificação."

"Achei que permanecer talvez me ajude a firmar melhor minha imagem, porque é importante as pessoas lembrarem quem sou. Acho que ajuda a singularizar minha imagem nas redes."

"Inclusive, marcas que desejem mudar a cor do meu cabelo, a gente faz parcerias, um roxo e tal", brinca já com o tom empreendedor das redes sociais. "Não basta ser bonita, tem que ser ligeira."