Coronavírus faz 3º Mostra de Cinema Brasileiro em Lisboa acontecer em modo 'drive-in'

Coronavírus faz 3º Mostra de Cinema Brasileiro em Lisboa acontecer em modo 'drive-in'
Este será o primeiro festival de cinema brasileiro realizado fora do Brasil em 2020. Cena de 'Bacurau'

Divulgação

Mesmo em ano de pandemia, o cinema brasileiro continua vivo. Chega à Lisboa uma seleção de filmes para a 3ª Mostra de Cinema do Brasil, de 21 a 25 de outubro, no cinema drive-in daFábrica Braço de Prata.

Este será o primeiro festival de cinema brasileiro realizado fora do Brasil em 2020, em um cine drive-in. Apesar de todas as limitações para eventos culturaispor conta do novo coronavírus,a diretora da mostra, Fernanda Bulhões, adaptou o formato para conseguir realizar a terceira edição do festival.

"Sem dúvida a cultura não pode parar em tempos de pandemia. Isso fez repensarmos o modelo porque o nosso festival estava previamente agendado para julho, bem no epicentro da pandemia, pelo menos no Brasil. Todo o festival foi transferido para o segundo semestre e ficamos sem uma data para apresentar a mostra no cinema São Jorge, em Lisboa, onde costumávamos fazer", afirma.

Ela explica que a alternativa do cine drive-in atendia à série de protocolos de distanciamento social, para que os frequentadores se sentissem seguros. "Com isso, a gente poderá fazer com que a roda da cultura continue girando, o que é tão importante para todo mundo", comenta.

A mostra é uma iniciativa da embaixada do Brasil em Lisboa, em parceria com a Linhas Produções Culturais, que já realizam as edições desde de 2018. Segundo Igor Trabuco, diplomata-chefe do setor cultural da embaixada, a criatividade e poder de adaptação do povo brasileiro fizeram com que o evento fosse possível.

"A pandemia do novo coronavírus trouxe desafios estruturantespara a indústria cultural como um todo. Para qualquer entidade que esteja buscandoa realização de eventos culturais como um todo, como projeção de cultura brasileira no exterior, a necessidade de adaptalidade em face desses novos tempos é um requisito que só colabora para demonstrar ainda mais a criatividade, que é uma marca inerente da cultura brasileira em todos os seus nichos", diz o diplomata.

Apesar do pouco tempo para prever datas e organizar o evento diante das restrições impostas e constantes alterações, a diretora da mostra diz que o público tem abraçado a iniciativa e mostrado muito interesse em participar. "A aceitação do público tem sido enorme! Nós temos tido um retorno muito positivo pelas nossas mídias sociais. Como a mostra já está indo para o terceiro ano consecutivo e já virou uma tradição na cidade, sem dúvida a aceitação está sendo ótima."

Serão exibidas nove produções brasileiras contemporâneas, incluindo dramas, biografias, romances e comédias, a começar por Bacurau, grande vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes de 2019, com Sônia Braga, Udo Kier, Barbara Colen, Karine Teles, Antonio Saboia, Thomas Aquino, Silvero Pereira, Thardelly Lima e grande elenco. O filme, cotado para ser indicado ao Oscar 2021, é um suspense de tirar o fôlego.

Na história, que se passa em um pequeno povoado do sertão nordestino, os moradores descobrem que o local não faz mais parte do mapa logo após a morte de dona Carmelita, de 94 anos.Aos poucos, os habitantes percebem algo estranho na região - quando cadáveres começam a surgir misteriosamente, eles percebem que estão sendo atacados e se unem contra o inimigo.

Outra grande atração é A Vida Invisível, de Karim Ainouz, vencedor da Mostra Um Certo Olhar, no Festival de Cannes de 2019, que traz no elenco Fernanda Montenegro, Carol Duarte, Julia Stockler e Gregório Duvivier.No filme, que se passa no Rio de Janeiro dos anos 1940, Eurídice é uma jovem talentosa, mas bastante introvertida. Guida é sua irmã mais velha e o oposto do temperamento em relação ao convívio social. Ambas vivem em um rígido regime patriarcal, o que faz com que trilhem caminhos distintos: Guida decide fugir de casa com o namorado, enquanto Eurídice se esforça para se tornar uma musicista, ao mesmo tempo em que precisa lidar com as responsabilidades da vida adulta e um casamento sem amor.

Vencedor de três prêmios do Festival de Locarno em 2019 (o prêmio da crítica internacional, o prêmio do Júri Jovem e o prêmio de melhor ator no Festival de paraRegis Myrupu), além do Grande Prêmio de Longa Metragem do IndieLisboa em 2020, A Febre, de Maya Da-Rin, também está entre os destaques. No filme, um índio de Manaus, que vive há 20 anos na grande cidade, passa a trabalhar como segurança de um porto. A filha, Vanessa, trabalha em um posto de saúde e precisa lidar com uma estranha febre, que aparece subitamente. Paralelamente, uma série de estranhos ataques a animais ganha destaque na TV local.

Outro destaque é Chacrinha,cinebiografia de um dos maiores apresentadores da TV brasileira de todos os tempos, com Stepan Nercessian no papel principal e Andrucha Waddington na direção. Para os fãsde comédia, o festival traz Minha Vida em Marte, de Susana Garcia, com Paulo Gustavo e Monica Martelli, que se tornou uma das maiores bilheterias do Brasil em todos os tempos, com mais de 5 milhões de espectadores.

O festival terá ainda o filme 10 Segundos para Vencer, drama biográfico sobre a história de Éder Jofre, considerado um dos 10 maiores boxeadores de todos os tempos, com direção de José Alvarenga Jr. e atuação de Daniel Oliveira,Osmar Prado e Sandra Corveloni (melhor atriz em Cannes em 2008 pelo filme Linha de Passe, de Walter Salles e Daniela Thomas).

Completam a mostra o documentário Dorival Caymmi, de Daniela Broitman, sobre um dos maiores artistas da história da música brasileira, a comédia dramática Como é Cruel Viver Assim,de Julia Resende, com Marcelo Valle, Fabíula Nascimento e Débora Lamm, e Hebe – A Estrela do Brasil, de Maurício Farias, com Andrea Beltrão, Marco Ricca e Danton Mello, que conta a história de uma das maiores e mais populares apresentadoras de televisão do país. Pela atuação, Andrea Beltrão foi indicada ao Emmy Internacional 2020.

Para o embaixador do Brasil em Portugal, Carlos Alberto Simas Magalhães, a excelente receptividade do cinema brasileiro pelos portugueses é a principal razão de existência da mostra. "O cinema brasileiro sempre marcou uma presença muito forte em Portugal, com muitas premiações, e é sempre muito bem acolhido. Por isso a continuidade é também fundamental, à medida em que as produções se renovam ano a ano e o público português pode ter contato com nossos mais diversos gêneros", afirma.

Segundo Igor Trabuco, Chefe da seção cultural da embaixada, o sucesso das duas primeiras edições é uma prova inequívoca de que o evento deveria seguir, mesmo em tempos de pandemia. "A mostra entrou de vez na agenda cultural de Lisboa. Neste ano, naturalmente, tivemos que fazer alguns ajustes na data e também no meio de exibição, o drive-in, em atendimento a todos os protocolos de saúde. Será uma oportunidade singular para amigos, amantes de cinema e famílias que amam a cultura de nosso país", destaca.

3ª Mostra de Cinema do Brasil em Lisboa

21 a 25 de outubro

Drive-in do Fábrica Braço de Prata

Rua da Fábrica de Material de Guerra 1 – Lisboa

Ingressos:

€ 3 por pessoa (sem consumação)

€ 5 por pessoa (dois filmes no mesmo dia)

€ 18 por pessoas (para todos os filmes)

Reservas pelo fone. + 351 968 599 969

Mais informações pelo site:http://www.bracodeprata.com/

Programação

Quarta - 21/10

20h - A Vida Invisível

Quinta - 22/10

19h - A Febre

21h - Caymmi

Sexta - 23/10

19h - Como é Cruel Viver Assim

21h – Hebe – A Estrela do Brasil

Sábado - 24/10

19h - Minha Vida em Marte

21h - Bacurau

Domingo - 25/10

19h - Chacrinha

21h - 10 Segundos para Vencer