Rômulo Rippa fala sobre pandemia, final do mandato, eleições e legado de governo

O prefeito Rômulo Rippa concedeu uma entrevista exclusiva para a edição especial do Jornal do Porto que comemora os 124 anos de Porto Ferreira. Mais jovem vereador eleito no município e, posteriormente, também o mais jovem prefeito, Rippa revela os impactos da pandemia nesta reta final de mandato. O prefeito também apresenta um balanço das realizações de seu plano de governo, fala dos investimentos e de qual será o legado de seu governo. E, claro, também sobre as eleições municipais de novembro.

Jornal do Porto – Último ano de mandato, aniversário da cidade, certamente o senhor tinha outros planos para comemorar esta data se não fosse a pandemia. O quanto esta situação afetou o seu programa de governo?

Rômulo Rippa – Último ano de mandato é um ano de entrega de conclusão de tudo aquilo que foi planejado nos 3 primeiros anos do governo. Nós colocamos a casa em ordem, pagamos as dívidas, recuperamos a credibilidade da administração pública no município. Estamos podendo entregar muita coisa, mas se não fosse a pandemia, com certeza o número de atividades que seriam concluídas seria superior.

Jornal do Porto – O senhor sempre diz que se preparou a vida toda para ser prefeito, mas nunca imaginou passar por uma situação com esta trazida pela pandemia. O quem sido mais difícil enfrentar para o Rômulo prefeito e também para o Rômulo pessoa comum diante desse cenário?

Rômulo Rippa – Pro Rômulo prefeito o mais difícil tem sido o processo de tomada de decisão. Todos os gestores do país, e eu diria até mesmo do mundo, estão tendo que lidar com o inimigo desconhecido. O vírus é muito novo e os seus efeitos também. Tomar decisões nesse ambiente de incertezas realmente é muito ruim. O importante é que, com transparência e com muito diálogo com a sociedade, nós temos provado que em todas as decisões nós queremos fazer o melhor para nossa população. Já para o Rômulo pessoa, o efeito é o mesmo que tem gerado para todos os ferreirenses. O efeito psicológico é muito grande. O temor é a preocupação com a saúde dos meus familiares, das pessoas da nossa cidade, do nosso cotidiano. Imagine só, eu, um político, uma pessoa que a vida inteira gostou de contato com a população, em um ano como esse, entregando aí melhorias inúmeras, podendo receber o carinho da população, tendo que limitar esse acesso por conta do enfrentamento da pandemia.

Jornal do Porto – Chegando ao final do mandato, o senhor acredita que cumprirá todo o seu programa de governo? Quais foram as maiores dificuldades e o que pode ficar de fora até o final do ano?

Rômulo Rippa – Nós fazemos o acompanhamento do cumprimento do plano de governo cotidianamente. Hoje, nós estamos com mais de 80% das metas cumpridas. Lógico que existiram algumas que, por outros motivos, alheios à minha vontade, não foram concluídas. A exemplo da Casa de Passagem na assistência social, que é uma bandeira muito importante. Vejam só a relevância que a população tem dado à nossa ação de acolhimento dos moradores de rua junto ao ginásio Sylvio Marques Filho. Também a questão da valorização do professor, através de um novo plano de carreira do magistério. E citaria por último as casas populares, que assinei algumas semanas atrás o convênio para construção junto à CDHU, mas não devem ser concluídas dentro deste ano.

Jornal do Porto – Especificamente sobre a pandemia, ela trouxe muitos desafios e situações não previstas. Muitos governantes passaram a sofrer críticas na condução deste processo. O seu governo vinha sendo bem avaliado, sem sobressaltos, nenhum escândalo ou denúncia de improbidade ou corrupção, por exemplo. O senhor teme que o "imponderável", trazido pela pandemia, possa manchar a imagem do prefeito Rômulo Rippa e de seu governo?

Rômulo Rippa – De forma alguma, pelo contrário. Eu acho que neste período enfrentamento da pandemia as pessoas conseguiram vislumbrar ainda mais qualidades da nossa administração, a exemplo da seriedade, da transparência. Nós tomamos decisões sempre embasadas num diálogo com a sociedade e também em critérios técnicos. Isso faz com que, muitas vezes, mesmo aqueles que discordam da decisão tomada, entendam a motivação pela qual ela aconteceu.

Jornal do Porto – Não tem como fugir do tema: e as eleições de novembro? Pelo que ouvimos, o senhor será candidato à reeleição, embora não assuma isso publicamente. Não é hora de falar mais abertamente sobre isso?

Rômulo Rippa – Infelizmente, a pandemia nos impõe uma agenda paralela. Eu defendo que ainda não é momento de tratar de eleições. Nós precisamos que os mais distintos grupos políticos de Porto Ferreira unam seus esforços para conscientizar a população da necessidade de seguir as medidas técnicas sanitárias para vencermos os desafios do vírus. Agora não é hora de política. Agora é hora de todos darem a sua colaboração. Quem tem assumido o protagonismo no campo político-partidário, tentando antecipar essa discussão política, tem sido irresponsável.

Jornal do Porto – Ok, mesmo assim, o senhor poderia, com seu conhecimento e experiência, analisar o cenário eleitoral local? Aparentemente, o seu grupo da situação deverá disputar com mais outros dois grupos da oposição, liderados pelos ex-prefeitos Maurício Rasi e André Braga. Como o senhor vê esta disputa? E se a oposição se unir num só grupo?

Rômulo Rippa – Eu vejo o cenário como legítimo. Os dois prefeitos foram importantes para a cidade em seus momentos históricos. Eu não me surpreenderia com eventual união desses grupos. Afinal de contas, apesar deles terem se combatido no campo político, os dois têm modelos de política e metodologia administrativa muito semelhantes, que na minha opinião estão ultrapassados.

Jornal do Porto – São 5 meses para o término do mandato. O pacote de obras de R$ 26 milhões está correndo dentro do programado? O que vai ser possível entregar até o final do ano e o que deve terminar depois?

Rômulo Rippa – O cronograma do pacote de obras é de 2 anos. Então ele está acontecendo dentro do esperado. Nós já concluímos, através do programa Asfalto Novo, recapeamento de 12 bairros. Estamos entregando esta semana a infraestrutura do Centro Empresarial Ferreirense (Cefer), da avenida Mariano Procópio e da duplicação da avenida Júlio de Oliveira Dorta. Ainda as obras do Jardim Anésia 2 poderão ser concluídas até dezembro e iniciaremos as obras de asfalto da Estância dos Granjeiros. A obra da ponte do córrego Santa Rosa, que a população tem como mais sonhada e desejada, deve ser entregue somente dentro do próximo ano. E a creche da Vila Maria, que poderia ter sido entregue até o final deste ano, infelizmente, por atrasos na empresa vencedora da licitação, deve ser relicitada, o que gera também uma possibilidade de entregar no ano que vem. E a rotatória entre as avenidas Ângelo Ramos, Nicolau Forjaz e Rudolf Streit deverá ser licitada somente em 2021.

Jornal do Porto – O senhor já pode dizer quais legados seu governo vai deixar? Quais foram os grandes avanços?

Rômulo Rippa – É um legado de uma gestão técnica, enxuta, que realmente se destacou por não ter escândalos e por executar atividades de combate à corrupção. Mas, no campo da entrega para a sociedade, o pacote de obras e as obras todas de infraestrutura resolvem problemas de 30 anos, preparam a nossa cidade para voltar a trilhar uma rota, um caminho de progresso. Além das bandeiras que levantamos nas áreas sociais, as melhorias na Educação, na Saúde e na Assistência Social, a melhoria do serviço público, de uma forma geral, são destacadas pelo reconhecimento popular.

Jornal do Porto – O espaço está aberto para o senhor se congratular com a população pela passagem do aniversário e deixar uma mensagem.

Rômulo Rippa – Primeiro eu quero agradecer a confiança e o carinho da população pela honra e satisfação de estar liderando nossa cidade nesses últimos 4 anos. É uma missão difícil, mas muito gratificante. Dizer que o povo de Porto Ferreira é o maior patrimônio que nós temos. Um povo trabalhador, um povo guerreiro, simpático, hospitaleiro, que faz todos aqueles que chegam aqui se apaixonar por essa terra, assim como eu me apaixonei desde o primeiro momento da minha vida. Dar os parabéns a esse povo, que constrói essa cidade todos os dias e que faz dela esse município de maravilhoso potencial.