50 anos da APAE

A nossa história é verdadeira e é sobre A CRIAÇÃO DA APAE EM PORTO FERREIRA e, claro, tem Anjos: quatro Anjos Bons

Assistindo ao lindo Documentário dos 50 anos da APAE em Porto Ferreira, produzido pelo Jornalista Felipe Lamellas, ainda sob a emoção de tão belas recordações, analisei que faltava o Início desta história para completá-la, e por ter participado deste início e não ter deixado escrito ou fotografado seus fatos, senti-me no dever de escrevê-lo.

As histórias geralmente começam com "Era uma vez..." e têm Fadas, Heróis, Anjos.

A nossa história é verdadeira e é sobre A CRIAÇÃO DA APAE EM PORTO FERREIRA e, claro, tem Anjos: quatro Anjos Bons.

Agora, aos seus 50 anos, amadurecida e bem formada, lembrei-me do seu início, quando então aparece o primeiro desses Anjos: o Sr. Flávio da Silva Oliveira – educador - notou que era chegada a hora de Porto Ferreira dar atenção e educação a todos os seus filhos, levantando a ideia da formação de uma APAE aqui.

Procurou então o segundo Anjo desta história, o Sr. Vladimir Salzano (Nenê Salzano), que deu imediato apoio à ideia. Marcaram a primeira Reunião na casa do seu Nenê, convidando a Itamar Maximiano para redigir a ata e mais duas professoras: a Catarina Moreira e a Jovelina de J. David, que faziam estágio na APAE de Pirassununga, entre outras pessoas. Todos abraçaram a causa. Na segunda reunião a professora Geni Mortari e eu, Hebe M. Savi, fomos convidadas também, quando me foi pedido que ficasse na Direção da Escola que estava sendo criada, e às três professoras para trabalharem nas salas de aulas. Com exceção da Geni, éramos todas solteiras na época.

Foi um mãos à obra imediato: estudar como funciona uma APAE, como atende, o que era necessário para sua fundação. Pesquisas e mais pesquisas.

E aí veio a pergunta: onde se instalar? É quando surge o terceiro Anjo Bom: a Mãe Maria, Maria Janonni Novazzi, da Casa Maternal Eucharis Fortes Salzano. Conversamos e ela nos acolheu em suas salas de aulas. Precisávamos de três para iniciar, atendendo aos níveis de alunos Treináveis, Educáveis e Dependentes. Uma das salas, a maior, foi dividida com carteiras sobrepostas, para deixar um espaço onde pais seriam recebidos, as professoras conversariam e tomaríamos juntas, as primeiras diretrizes. Era a Diretoria da Escola. Lembro-me que funcionava no período da tarde, porque pela manhã havia aula para as crianças da Casa Maternal. Então, ao final do período deixávamos em ordem as salas para as aulas da manhã seguinte, varrendo, limpando os banheiros e colocando as carteiras em seus lugares.

Sendo formada a primeira Diretoria e fundada a APAE em Porto Ferreira, em junho de 1972, com o seu Nenê Salzano como primeiro Presidente, começou o nosso trabalho de divulgação: percorrer cada Escola da cidade, em cada sala de aula, em cada casa onde houvesse um potencial aluno com a necessidade de inclusão; e, ao mesmo tempo pensando em como sustentá-la financeiramente, iniciou-se um trabalho para Contribuições Mensais e nossa cidade se fez presente. A arrecadação era feita pelas professoras e pelo João, rapaz honesto e bondoso, que morava numa casinha no Hospital Dona Balbina e que, de bicicleta percorria as ruas da cidade todos os meses. É de onde saiam os proventos e pagamentos de pequenas despesas da escola.

Mais adiante, no mês das férias, a professora Jovelina dispôs-se a ir fazer um curso de três meses na APAE de São Paulo – sede Central, às suas custas e hospedando-se na casa de uma tia de lá. Dedicada, percorria as salas de aulas, anotando matérias, técnicas que pudéssemos aplicar aqui, ficando sua classe sob os cuidados da professora Geni de Souza. Enquanto isso, durante as férias, eu fui estagiar na APAE de Pirassununga, sob a direção da Dona Joilda Pozzi, dando-me a conhecer todas as documentações necessárias para Federar a APAE. Mostrou-me o funcionamento das salas, dos técnicos, dos profissionais e voluntários, a elaboração dos Planejamentos Anuais e Mensais. Tudo da parte administrativa. Uma grande mulher! Nestes estágios, muito a aprender, mas sempre perseverar. Ao final, nos juntávamos professoras e eu, e elaborávamos os Planos para as Salas de Aulas e para a Escola. De Pirassununga ainda recebemos grande apoio do Sr. Moacir Fonseca Júnior, orientando-nos para regularização de papéis da APAE.

Neste processo, vimos que precisávamos compilar os dados dos alunos e de suas famílias para formar o prontuário de cada um. Aí entrou o trabalho da Martha Montenegro, Assistente Social, que trabalhava em Ribeirão Preto e passando suas férias aqui na cidade, ficou alguns dias conosco, fazendo e ensinando fazer a Anamnese dos alunos. Dalí para frente seríamos nós a executar.

Com alunos nas três salas formadas, tivemos a nossa primeira estagiária oficial: a professora Tamara H.S.C. Leite, e, aumentando a procura pela Escola, pois a divulgação continuava assim como a visitação às casas onde indicavam terem crianças com necessidades especiais, o local cedido pela Casa Maternal começou a ficar pequeno.

É aí que surge o quarto Anjo desta história: o Dr. Dorival Braga. E quatro é um número que forma uma Base Forte, sólida em construções. Prefeito naquela época, ele nos ouviu e deu apoio total, cedendo em comodato, a casa dos Correia Porto para a APAE, onde parte da Instituição funciona até hoje. Todas as vezes que foi procurado por nós, as portas da Prefeitura estavam abertas e ele nos atendia: o local foi cedido; a perua Kombi do seu Fiocchi, sempre amável, continuando a transportar os alunos; o seu Coelho e sua equipe ajardinando os arredores da casa; a Assistente Social, Maria, que atendia uma vez por semana as demandas da Escola; e, mais tarde, novas professoras foram chegando: a Edna Bacan Carlos, a Maria Beatriz Rodrigues (Tuca) Klein, a Maria José Gentil, a Elvira A. L. Duz, depois a Maria Inês Mantovani e continuou... além da Merendeira Eva e de uma servente, que estavam sempre prontas a ajudar. Tinha também a Psicóloga Maria Helena, que vinha de Campinas, uma vez por semana atender nossas crianças, orientar pais e professoras.

A APAE cresceu rapidamente! Novas Diretorias, novas mãos para colaborar e aí as reuniões passaram a ser no Restaurante Bella Nápole, por boa vontade de seu proprietário, Sr. Orlindo Savi, meu pai. Na Força do Quatro, bem estruturada assim ela até hoje permanece.

Em suas necessidades financeiras, sempre o trabalho valoroso das professoras, dos funcionários, da comunidade e dos pais dos alunos: a Norli Ferrari, a Dona Lourdes Fadel, entre outras, estavam sempre lá, presentes. E vinham quermesses, bingos, rifas, etc, além das contribuições mensais. Lembro-me da Neide Campeão que com sua sanfona alegrava professoras e alunos ao final do período e fazia shows para ajudar a angariar fundos para a Escola, e, da Dona Sonia Rodrigues, da Padaria São Carlos, que toda quinta-feira levava pão doce aos nossos alunos. Era uma festa!

Como há hoje, havia naquele tempo, um grande Amor por tudo o que era feito, aliado à alegria e boa vontade - quanto aprendizado! Um trabalho dignificante do qual só podemos sentir gratidão.

Estes foram os primeiros quatro a cinco anos. Daí em diante, a APAE continuou a evoluir. Hoje, referência na região, moderna, cumpre fielmente sua Missão!

Minha Homenagem emocionada para todos que de alguma forma contribuíram desde seu início até agora, com um "tijolinho" nesta Construção, e, aos que ainda hoje contribuem com seu trabalho, sua dedicação, seu Amor!

Parabéns querida APAE! Que Anjos continuem a Abençoar, a fortalecer e aumentar seu potencial, ampliando os limites de todos os seus assistidos, tornando-os cada vez mais conscientes do que podem SER!

Hebe Maria Savi Melara

Depoimento de homenagem das Professoras:

Catarina Aparecida Moreira da Silva – Há 50 anos iniciava em minha vida a mais bela caminhada ao lado de amigos que carrego até hoje em meu coração. Parabéns a essa maravilhosa entidade que hoje abraça centenas de crianças e da qual, ao dar, só ganhamos Luz!

Geni da Silveira Mortari – Agradeço a Deus esta imensa Benção de ter trabalhado na APAE e ajudado a plantar a semente, com todo meu Amor, que frutificou com uma beleza jamais pensada!

Jovelina de Jesus David – Gratidão traduz todo sentimento ao comemorar com a APAE 50 anos de um sonho concretizado. Lembranças serão eternas, pois não só o meu, mas o sonho de muitos está transcrito na história de cada um que ao longo de meio século buscam proporcionar aos portadores de deficiência física e intelectual, melhor qualidade de vida e inclusão na sociedade.