A Construção da Matriz de São Sebastião - 2ª parte

Em 2 de setembro de 1951, foi divulgado na primeira página de "O FERREIRENSE", os nomes da Comissão Central de Obras da construção da nova Igreja Matriz. Dentre os célebres nomes se encontram como presidente da Comissão Dr. Décio Vieira Palma; vice-presidente Sebastião Virgílio; tesoureiro Benedito Attab Miziara; secretário Manoel da Silva Oliveira; 2º secretário Horácio Morais Dias; diretor e consultor técnico Engenheiro Dr. Nicolau de Vergueiro Forjaz e administrador geral das obras, o Reverendíssimo padre Nestor Cavalcanti Maranhão.

Com a Lei municipal de nº 121 outorgada em 27 de 12 de 1951, a atual praça da Matriz, ao lado do jardim público municipal, passa a ser denominada Olimpya de Meireles Carvalho, uma justa homenagem do povo ferreirense para com a benfeitora da construção da Nova Igreja Matriz de São Sebastião.

O projeto de construção

Em 28 de outubro de 1951 foi publicado, no jornal "O Ferreirense", o custo aproximado da construção, orçado em 3 milhões de cruzeiros, dos quais 900 mil eram constituídos do espólio de Dona Olimpya de Meireles Carvalho. Com isso, houve um grande apelo à ajuda da população ferreirense: "Tudo faz crer que dentro de 5 anos tudo estará pronto e isso depende do esforço de cada ferreirense." Também trazia a notícia da aprovação da planta da Nova Igreja Matriz de São Sebastião.

"Com capacidade para receber cerca de 600 pessoas",) a nova Igreja foi projetada pelo prestigiado arquiteto Benedito Calixto de Jesus, neto do pintor Benedito Calixto. Formado pelo Centro Universitário Belas Artes de São Paulo, foi responsável pelo projeto do Teatro da Universidade Católica de São Paulo (TUCA). Calixto já era especializado em construções religiosas, dentre elas a Igreja Sant"Ana em Sumaré (SP); a Igreja Santo Antônio de Pádua em Adamantina (SP); o Santuário Santa Isabel Rainha, na Vila Santa Isabel em São Paulo (SP); o Santuário Sagrado Coração de Jesus em Vera Cruz (SP); a Catedral Imaculada Conceição em Jacarezinho (PR); a Catedral Nossa Senhora dos Prazeres em Itapetininga (SP), que serviu de réplica em tamanho reduzido e protótipo para a Basílica de Aparecida do Norte (SP), também de sua autoria.

"Em setembro de 1947, o Dr. Benedito Calixto de Jesus Neto viajou para os Estados Unidos, Canadá, México e Peru, a fim de estudar obras de arquitetura religiosa moderna e coletar dados para a planta da futura basílica (...) Em julho do mesmo ano, o Dr. Calixto esteve em Roma (Itália), onde apresentou seu projeto às autoridades em arte sacra, que lhe sugeriram algumas modificações (...) O projeto original de construção do santuário americano data de 1914-1915 e foi inspirado no gótico francês do século XIV (...) Sua arquitetura não é expressão da identidade religiosa do catolicismo brasileiro.

Lançamento da Pedra Fundamental

No entanto, foram necessários quatro meses para que mais um passo significativo na construção da Nova Igreja Matriz de São Sebastião em Porto Ferreira fosse dado. No dia do padroeiro augusto da nossa terra, 20 de janeiro de 1952, foi lançada a pedra fundamental. Com lamento, Geraldo Caprioglio, no jornal o "O Ferreirense", diz ser esse marco na construção motivo do desaparecimento de "um dos poucos remanescentes dos nossos valores históricos" (a antiga capela), por outro lado também o "marco decisivo da outra história que se inicia" (a nova igreja).

Na grande solenidade de lançamento estavam presentes o Bispo Dom Paulo de Tarso; o Vice-Governador do Estado de São Paulo Dr. Erlindo Salzano, Dr. Décio Vieira Palma (presidente da Comissão de Obras); autoridades locais, a Corporação Musical Santa Cecília e o administrador das obras Padre Nestor.

Na ocasião, o discurso pronunciado pelo Sr. Mario Borelli Thomaz abriu a solenidade. Dentre as suas colocações se situa uma valorização do ato de generosidade efetuado pela D. Olimpya de Meireles Carvalho, mediante valiosa doação para a construção da igreja consignada em seu testamento, considerando justa a homenagem de colocar o nome dela na praça da matriz.

"Velha e querida de São Sebastião, levas para a eternidade nossa saudade, nosso sentimento mais nobre, o nosso palpitar do nosso coração, a emoção desse momento solene, pois foste o baluarte da fé, o farol a iluminar a estrada de nossa vida, guardiã intimorata dos mistérios da santa religião, durante os muitos lustros de tua existência. Tão singela, tão modesta, tão pequena, mas sentiste o rodar do tempo, e com ele a sucessão das gerações que em ti buscaram o refrigério e a paz tão necessários a alma." Assim discursou Mário Borelli.

Após a leitura da ata feita pelo presidente das obras, "sob os acordes da Corporação Musical Santa Cecília, repiques de sinos e ribombar de rojões, o bispo procedeu a benção da pedra e depositou-a no chão, sob grandes aplausos, encerrando-se assim, as solenidades do lançamento da pedra fundamental da Nova Igreja Matriz de Porto Ferreira.

A demolição da Igreja

"A nossa igreja está derrubada. As nossas missas e outros ofícios religiosos estão sendo realizadas na capela Dona Balbina. A atual diretoria pró-construção da nova igreja já está tomando providencias no sentido de que todos os atos religiosos sejam realizados na nossa igrejinha "santa cruzinha" São Benedito e consta que a mesma será reformada para isso. A justificativa dada foi a falta de espaço na capela do hospital considerado um lugar abafado além de incomodar os doentes." (O Ferreirense, 24/02/1952, p.1 Nossas Missas)

Foi desta forma que o fim da demolição da antiga Capela de São Sebastião foi anunciado, sem pompa nem cerimônia, no jornal da cidade. Foram ao todo três semanas para a demolição completa da igreja, iniciada em 10 de fevereiro de 1952.

Conforme publicado em 27 de janeiro de 1952 no "O Ferreirense", pouco menos de um mês antes do início da demolição da antiga Capela de São Sebastião, o ilustre professor Antonio Paim Vieira veio a Porto Ferreira, a pedido do Dr. Erlindo Salzano, para desenhar aquela que fora o baluarte da fé dos ferreirenses. De importância histórica para a cidade, o desenho da antiga Capela se encontrava outrora exposto na Prefeitura Municipal. Atualmente, o quadro hoje se encontra no museu.

"Já foi iniciada a demolição de nossa velha igreja(...) Dr. Décio Vieira Palma tem tomado todas as providencias para que o novo templo esteja pronto daqui no máximo a cinco anos. Durante todo o tempo da construção as cerimônias religiosas serão realizadas na capela do hospital Dona Balbina ou no altar da casa paroquial." ("O FERREIRENSE" 10/02/1952 nº 906 "Nova Matriz"" pág. 2)

O jornal "O Ferreirense de 17 de fevereiro esclareceu que "os trabalhos de demolição da velha igreja, estão quase terminados e no seu lugar deverá ser erguida a nova matris de São Sebastião de Porto Ferreira".

Por Lucas Martins de Oliveira e Renan Arnoni (historiador).