A HISTÓRIA DA DITADURA EM PORTO FERREIRA - FINAL

Salvador Tomaiolo

Segundo passa do arquivo do Museu Histórico, Salvador Tomaiolo nasceu em Descalvado em 1912 e estudou no Grupo Escolar de Porto Ferreira. Aos 17 anos ingressou como voluntário no 2º R.D.C. (Regimento de Cavalaria Divisionária de Pirassununga). Participou da Revolução Constitucionalista de 1932, combatendo em Itatiaia (divisa com Minas Gerais. Em 1964, Salvador Tomaiolo era um dos 11 vereadores da Câmara.

Seu nome consta os arquivos do DOPS, porém, a pasta está vazia, em nenhuma informação.


A JOC (Juventude Operária Católica)

Em reportagem de 6 de dezembro de 1964 do jornal "O Ferreirense", encontra-se um artigo com o título "Censo de Desempregados, será realizado pela JUV. Operária Católica." O texto dizia que este movimento se propagou por 97 países, tendo como presidente paulista do Concílio Ecumênico o Sr. Bartolo Perez, convidado oficialmente pelo Papa Paulo VI. Depois do levantamento dos desempregados a JOC reivindicaria junto Às autoridades competentes, melhores condições de trabalho e mais industrias. A sede da JOC era a Loja Primavera e estava sob o comando do Padre Pavesi.


O Perigo que Passamos

Em 28 de junho de 1964, o jornal "O Ferreirense" publicou uma reportagem com o título "O Perigo que Passamos" retirada do editorial da Voz do Brasil.

A reportagem dizia "está sendo coletada, examinada e classificada, impressionantemente, a quantidade de material subversivo em todos os recantos do Brasil". E outro trecho, o artigo esclarece que a "Revolução democrática antecipou-se de pouco à eclosão do movimento destinado a implantar a anarquia, como etapa indispensável ao estabelecimento do comunismo".


Os jornais e a Ditadura

Segundo João Ortega, em artigo da agência USP de notícias, com o título "Grande imprensa apoiou o Golpe Militar e a Ditadura até 1968", publicado em 14 de setembro de 2012, o autor cita o trabalho de Eduardo Zayat Chammas, no qual, após estudar o "Jornal do Brasil" e o "Correio da Manhã", é defendida a ideia de que os jornais se mostraram favoráveis a queda do Presidente João Goulart e que os dois jornais tinham alvos bem claros: os trabalhistas. "Eram contra o projeto desenvolvimentista que possibilitava mudanças sociais, as estruturas de poder".

Como foi demonstrado, o jornal "O Ferreirense" também era favorável à Vitória da Democracia contra o "comunismo".


Conclusão

Após esta série de 5 artigos, foi possível identificar como a Ditadura Militar atuou em Porto Ferreira. Os perseguidos ditos "comunistas e subversivos" foram aqueles que lutavam pelos direitos sociais e dos trabalhadores. Alguns foram severamente punidos por defenderem suas opiniões e atitudes que consideravam legítimas.

Com a promulgação do Ato Institucional nº5, as coisas mudaram. Muitos que era favoráveis à Ditadura perceberam que se tratava de um Golpe Militar e Elitista.

Decidi interromper por aqui esta série, pois muitas informações descobertas são perigosas e envolveriam processos judiciais. Espero que tenham gostado.